sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Brasil não assina acordo mundial para reduzir desmatamento!

Num mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff exaltou as medidas tomadas por seu governo na área ambiental, o Brasil se recusou a assinar um documento propondo reduzir pela metade a derrubada das florestas do mundo até 2020 e zerar por completo o desmatamento até 2030.

O compromisso foi anunciado nesta terça-feira - dia 23/09/2014 - com a 'Declaração de Nova York sobre Floresta' durante a Cúpula do Clima das Nações Unidas, na sede da Organização em Nova York. Participaram da iniciativa mais de 30 países, entre eles, Estados Unidos, Canadá e União Europeia , além de dezenas de empresas, organizações ambientalistas e grupos indíginas. O Evento antecedeu à abertura da Assembleia Geral da ONU, prevista para acontecer nesta  quarta-feira, dia 24/09/2014; publicada por BBC Brasil.

Segundo a ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, o Brasil ficou de fora porque "não foi consultado" sobre a nova resolução" Ministra quem deveria consultar a nova resolução? seu ministério é ou não do Meio Ambiente? (grifos meus). "Infelizmente não fomos consultados {sobre a declaração} E sua equipe faz o quê, (grifos meus). Acredito que seja impossível pensar uma iniciativa em prol das florestas a nível mundial sem incluir o Brasil. Não faz sentido", disse Teixeira  à Agência de Notícias Associated Press (AP) na segunda-feira, dia 22/09/2014. Na prática porém, o compromisso vai de encontro às regras do governo brasileiro sobre o manejo sustentável das florestas e a derrubada de áreas para agricultura, o chamado 'desmatamento legal'.

Como não havia distinção no texto entre o que poderia ou não ser desmatado, o país resolveu não assinar o documento. "Que Ministério intrigante! (grifos meus). "Desmatamento legal é diferente de desmatamento ilegal. Nossa politica nacional é interromper o ilegal", afirmou a ministra*.

Caso as propostas no documento sejam alcançadas, a redução de dióxido de carbono lançado na atmosfera seria equivalente ao volume atualmente expelido por todos os carros do mundo até 20130. Na Noruega, por sua vez, prometeu gastar US$$ 350 milhões (R$ 840 milhões) para proteger as florestas do Peru US$ 100 milhões (R$8240 milhões na Libéria.

Em entrevista (AP) Charles McNeill, assessor de política ambiental para o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, afirmou que não houve "intenção de excluir o Brasil". Eles são o mais importante país naquela área. Um esforço que envolva o Brasil é muito mais poderoso e impactante". Segundo McNeill, houve tentativas de falar com integrantes do governo brasileiro, mas não obtivemos respostas "Como profissional sinto-me constrangida só em digitar" ( grifos meus)

Segundo dados oficiais, o desmatamento caiu 79% no Brasil desde 2004. No ano passado, contudo o desmatamento na Amazônia Legal subiu 28% após quatro anos de queda. Apesar do aumento, o índice foi o segundo menor desde que o país começou a acompanhar a derrubada de árvores na região, em 1988.

Em discurso na Plenária da ONU, Dilma exaltou a agenda sustentável do seu governo e descreveu os indicadores de desmatamento brasileiro como "excepcionais". Ela afirma ainda que sua adversária (?) na corrida presidencial pelo (PSB), Marina Silva, mente ao afirmar que a atual politica ambiental brasileira representa um retrocesso.

A presidente lembrou que o Brasil tomou a decisão voluntária, durante a Cúpula de Copenhague, em 2009, de cortar entre 36% e 39% as emissões de dióxido de carbono até 2020. Segundo ela, o país também deixou de emitir cerca de 650 milhões de toneladas de gazes desde 2010. Quero saber onde está o retrocesso. Por quem definiu 36% e 39% voluntariamente, quem reduziu 650 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. foi o meu governo e o governo do ex-presidente Lula. E não foi na época dela (?) que fizemos isso!, afirmou Dilma.

 Em compromisso de campanha em Florianópolis, Marina Silva voltou a criticar Dilma. A candidata do (PSB)  à presidência lamentou que o Brasil não assinou a carta de proteção às florestas. Marina afirmou ainda que a petista não assumiu um compromisso para o futuro.

"Acabo de receber a notícia de que, infelizmente, a presidente Dilma, que está participando em Nova York da Cúpula do Clima, a convite do Secretariado Geral das Nações Unidas, fala tão somente das conquistas já alcançadas no passado, mas  não sinaliza nenhum compromisso para o futuro", disse a ex-senadora   

* "Interromper é mais fácil do que prosseguir" - anônimo - procuro autor (a) 
Livre para Voar postou em 26/09/2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Próximo da eleição, massacre contra sem-teto em SP pode mobilizar eleitor conservador

Para cientista política da Universidade de São Carlos - Estado de São Paulo - repercussão da violência contra movimento de moradia na mídia tradicional e nas redes sociais deve 'chacoalhar' eleitor indeciso.

A reportagem é da Rede Brasil Atual - RBA - 16/09/2014.
A ação violenta da Polícia Militar de São Paulo contra a ocupação de um hotel abandonado na Avenida São João, região central da capital paulista, na manhã de hoje, dia 16/9/2014, não é novidade a orientação do governo de Geraldo Alckmin, consonância com seus antecessores José Serra e Mario Covas (todos do PSDB). É pelo cumprimento "legalista e firme" de ordens judiciais, independentemente do impacto humano ou interesses econômicos envolvidos.  Foi no segundo ano da gestão de Geraldo Alckmin,  em 2012, que ocorreu um dos casos mais simbólicos da relação violenta entre forças de segurança pública e movimentos de moradia, em São José dos Campos, interior paulista. O desmonte da comunidade do Pinheirinho, onde viviam até 9 mil famílias, rendeu 600 processos de abusos conta a PM (Polícia Militar), entre confisco de confisco ilegal de pertences de ativistas, espancamentos e até estrupo. Na capital, houve desocupações pacificas, como a do Portal do Povo, no Morumbi, em março deste ano, mas mesmo nesses casos, a intimidação ainda é tática central contra militares.
O momento atual porém, tem algo a ver de diferente: a 19 dias do primeiro turno das eleições estaduais, o episódio no centro da capital, que remonta aos piores momentos da repressão policial contra protestos de rua desde junho de 2013, pode ser decisivo para confirmar ou não, a reeleição do governador Alckmin. "Tudo depende de como será a repercussão, nas redes sociais e na mídia tradicional, do conflito no centro", aponta a cientista política Maria do Socorro Souza Braga, da Universidade Federal de São Carlos". As redes sociais tendem a politizar e aprofundar mais o debate sobre esse tipo de ação da polícia. Mas o alcance é menor. Teremos de ver como a mídia tradicional, que ainda atinge um público maior, tratará o assunto, ponderou. Alckmin foi convidado hoje do SPTV - dia 16/09/2014 - jornal da hora do almoço da Rede Globo, como candidato à reeleição, mas não foi questionado sobre o assunto. O Jornal Hoje, que começou na sequência, destacou "cenário de guerra e terror "no centro de São Paulo; classificou como " baderneiros e vândalos" os sem-teto que protestaram contra a polícia. " o eleitorado paulistano mais conservador tem, de forma geral,  gosta desse tipo de política pública para segurança, porque é uma agressiva de proteção da propriedade", aponta Maria do Socorro.
Então se a imagem se a imagem que aparece na TV é apenas de gente tentando abrir lojas, depredando prédios, as pessoas tendem a apoia a polícia, reflete. O perfil conservador do eleitorado paulista se reflete nas candidaturas a governador: Alckmin e o PSDB lançaram site especifico apenas para falar de segurança pública, onde destacam a campanha do governador pelo "endurecimento das leis" e a favor da redução da maioridade penal. Na TV, o tucano já apresentou projeto para cobrir todo o estado com um sistema público-privado de câmaras de segurança, e apresentou os "batalhões antiterrorismo" criados para atender a 101 municípios como a "Rota do interior", em menção à Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, criadas pelo ex-governador Paulo Maluf (PP) e notórias pela abordagem sempre violenta e pelas denúncias de extermínio contra a juventude negra e pobre na periferia paulistana.

Paulo Skaf (PMDB), segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, não fica por menos: tem como coordenadores de seu programa para a área da segurança pública o ex-governador Luiz Antônio Fleury, que autorizou o massacre de 111 detentos no presidio do Carandiru, no inicio da década  de 1990, e Antônio Ferreira Pinto, que foi secretário de Administração Penitenciária  e de Segurança Pública no próprio governo Alckmin. Pinto é conhecido pela resistência que encontra junto aos trabalhadores da Policia Civil, já que, como secretário, sempre privilegiou a Policia Militar e o policiamento repressivo como política de segurança pública. 
Mesmo Alexandre Padilha (PT), distante ideologicamente de Skaf e Alckmin, assumiu argumentos mais conservadores para dialogar com o público paulista, e prometeu ações de impacto para "acabar com o PCC", embora tenha denunciado em debates diretos contra os adversários, o "genocídio" cometido por policiais nas periferias.
Reportagem: Rede Brasil Atual - RBA em 16/09/2014
Iracema Alves - jornalista cadeirante digitou em 19/09/2014 às 22h43  


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

CUIDADOS MÉDICOS DEPOIS DOS 60 ANOS

Sempre que dou aula de Clínica Médica a estudantes do quarto ano de medicina, lanço a pergunta:

 "Quais as causas que mais fazem pessoas com mais de 60 anos terem confusão Mental? 

Alguns arriscam: 

Tumor na cabeça - eu digo não; outros apostam Mal de Alzheimer, respondo novamente não. A cada negativa a turma espanta-se. E ficam ainda mais boquiabertos quando enumero os três responsáveis mais comuns: diabetes descontrolado; infecção urinária; a família passou um dia inteiro no shopping, enquanto os familiares mais velhos ficaram em casa.  


Parece brincadeira mas não é. Frequentemente, por não sentirmos sede deixamos de tomar líquidos. Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez. A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo. Pode causar confusão mental abrupta , queda de pressão arterial, aumento de batimentos cardíacos ("batedeira"), angina (dor no peito), como e até morte.

Insisto: não é brincadeira. A partir dos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água no corpo. Isso faz parte do processo natural de envelhecimento. Portanto, menor reserva hídrica. Mas há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água, pois seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.

Conclusão: pessoas com mais de 60 anos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo. Mesmo que a pessoa seja saudável, fica prejudicado o desempenho das reações químicas e funções de todo o seu organismo.
Por isso, aqui vão dois alertas
1. O primeiro é para os maiores de 60 anos. 


Tornem voluntário o hábito de beber líquidos. 

Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite. Sopa, gelatina e frutas ricas em água como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina, também funcionam. 

O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para dentro. 

Lembrem-se disso! 


2. Meu segundo alerta é para os familiares. 

Ofereçam constantemente líquidos aos familiares com mais de 60 anos. 

Ao mesmo tempo fiquem atentos. 

Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção.

É quase certo que sejam sintomas decorrentes de desidratação. 

"Líquido neles e rápido para um serviço médico". 


Arnaldo Lichtenstein (46 anos), médico clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor colaborador do departamento de Clínica Médica da Faculdade de medicina da Universidade de São Paulo (USP)

Leia também - Vovó e Vovô sem sede? Eles precisam de água! e Brasileiros bebem pouca água
Você achou importante? Então divulgue.
Agradecimentos: Professor Tomaz Toledo
Iracema Alves - jornalista cadeirante - postado em 12/09/2014 às 18h55

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Lentidão da Justiça diminui impacto da Ficha Limpa

Por meio de recursos, candidatos conseguem adiar decisão judicial e se manter na disputa. Apesar disso, especialistas avaliam que Lei é eficaz para afastar corruptos. A reportagem é de Marina Estarque e publicada por Deustche Welle, em 4/09/2014
A um mês das eleições, candidatos enquadrados na Lei da Ficha Limpa ainda recorrem em Tribunais para se manter na disputa eleitoral. Enquanto houver recursos o político pode concorrer e até ser empossado. "A morosidade do Judiciário torna mais difícil impedir que candidatos com ficha suja concorram. Isso precisa ser enfrentado", defendem o Excelentíssimo Juiz Eleitoral Marlon Reis - Maranhão e Iracema Alves - jornalista cadeirante de São Paulo - Capital, idealizadores da Ficha Limpa. O sistema de recursos não está previsto na Lei da Ficha Limpa, mas está na Constituição Federativa do Brasil e em outras Leis eleitorais. "Isso dá ao candidato a oportunidade de contestar as decisões judiciais e adiá-las bastante," Reis. Apesar dos recursos  serem um direito, a lentidão da Justiça em julgá-los acaba gerando casos em que, anos após a realização do pleito, votos são anulados, governantes são cassados e novas eleições são convocadas.
No Estado de São Paulo, sete prefeitos foram cassados com base na Ficha Limpa, depois de eleitos em 2012, de acordo com o TRE-SP (Tribunal regional Eleitoral de São Paulo). O prefeito de Pinheirinhos, Anderson Luís Pereira (PV), é um deles, mas entrou com recurso no tribunal Superior Eleitoral (TSE) e segue no cargo. Até quando vamos aturar o desrespeito à Constituição Federativa do Brasil (grifos meus). Nas últimas semanas, casos como o de Paulo Maluf (PP), candidato a deputado federal por São Paulo, e José Roberto Arruda, candidato ao governo do Distrito Federal pelo PR,  tiveram destaque  nos noticiários. Ambos tiveram seus registros negados pela Justiça Eleitoral com base na Ficha Limpa e recorreram da decisão. Pela Lei da Ficha Limpa, aprovada em 2010, fica inelegível por oito anos - além da perda dos direitos políticos - quem for condenado, em decisão colegiada, por ato doloso de improbidade administrativa com lesão ao patrimônio  e enriquecimento ilícito. Prejuízos para o eleitor:  o ideal seria que todos os recursos fossem julgados antes das eleições. " Essa lentidão prejudica o eleitor, que fica sem saber em quem votar. Às vezes ele pensa que o candidato é Ficha Suja, mas depois o político ganha o processo lá na frente. Ai como é que faz?", argumenta o advogado e professor de direito eleitoral Alberto Rollo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Por outro lado se o candidato perder todos os recursos, seus votos serão anulados. É justo o eleitor perder o voto? Não está certo, tinha que julgar mais rápido", diz Rollo.  
Os especialistas ressaltam, entretanto, que os candidatos não podem ser punidos pela demora do Judiciário. "A resolução dá prazos para julgar todos os processos. Aqui em São Paulo, esse prazo já não foi cumprido pelo TRE. Com isso, demora mais tempo para os recursos chegarem ao TSE, em Brasília, aponta Rollo. Novidade no cenário político: como a lei é relativamente recente - foi usada em apenas duas eleições - há também muitas dúvidas sobre a sua aplicação. Em alguns casos específicos não há consenso nem mesmo entre os especialistas, o que seria outro motivo para a demora no julgamento dos processos. "A Ficha Limpa rompeu com todos os paradigmas anteriormente. Ela ainda é uma novidade no cenário jurídico", afirma Reis. Salvo as exceções a Ficha Limpa não pode ser novidade; a  não ser que as autoridades jurídicas deste País estejam sim desatualizadas (grifos meus). Com o tempo a jurisprudência será consolidada, facilitando as decisões  dos tribunais regionais. "Ainda serão necessárias  quatro ou cinco eleições para as questões serem resolvidas de forma mais automática. Se consomem muito tempo nos tribunais com debates novos."  *Quatro ou cinco eleições para resolver as questões da Ficha Limpa já transformadas em ações? Os 1º e 2º graus já aprenderam que o Brasil não apaziguará compra de votos e aproveitar-se da nossa justiça lenta. Alguém - nem se for nossos netos - terão de pagar a conta.(grifos meus).
Para o vice-presidente da comissão de direito eleitoral da OAB-SP,  Silvio Salata,  há algumas falhas na aplicação da lei. "Ela esta iniciando uma fase de adequação. Acho que ainda há interpretações erradas e algumas falhas, porque a lei acaba antecipando uma condenação que ainda não ocorreu", diz Silvio Salata. Não há, porém, necessidade de promover correções na própria lei. "O debate no Judiciário vai dar conta disso" Por favor ver * asterisco no terceiro paragrafo ( grifos meus). Uma consequência da Ficha Limpa é que muitos políticos desistem de candidatar-se ou indicam nomes de pessoas próximas - como esposa ou marido - para concorrer em seu lugar. "Esse impacto invisível é um dos mais importantes. O que a gente vê na Justiça são os casos dos candidatos que decidiram levar as candidaturas adiante", afirma Reis. Me recuso a acreditar no que acabo de digitar; pura safadeza daqueles que  não têm caráter e ética - salvo as exceções (grifos meus). Ele avalia que a lei está sendo eficaz em afastar políticos corruptos. Em 2012, nas eleições para prefeitos e vereadores, 1.200 pessoas foram barradas pela Ficha Limpa. É um número sem precedentes. Nessa eleições está acontecendo algo similar, só que em menor quantidade, porque o número de candidatos não é o mesmo", explica Reis.  Este ano, o Ministério Público Federal impugnou 497 candidaturas pela Ficha Limpa. Além disso, a lei está sendo aplicada com maior rigor. Para o cientista político Bruno Speck, da USP, a pressão da opinião pública (na qual me incluo) tem contribuído para essas decisões, segundo ele até mais rigorosas do que a lei sugere.
Ainda assim há certa descrença da sociedade em relação a eficácia da Ficha Limpa, já que muitos políticos vistos como corruptos conseguem se eleger - ele que se defenda e prove o contrário. "A Justiça decide diferente da opinião de um ou outro. Não é porque alguém acha que tal candidato não possa concorrer que o processo vai ser julgado da mesma forma", explica o diretor-executivo da Transparência Brasil, Claudio Abramo. Além disso há muitos requisitos para que um político seja enquadrado na lei.  "Muitos candidatos que, na visão da sociedade, são notoriamente corruptos, não se encaixam na Ficha Limpa. Seja porque não tiveram nenhuma condenação, seja porque ainda estão respondendo a processos", diz Reis. No Distrito Federal, o caso de Arruda, ganhou repercussão. O candidato a governador teve o registro negado com base na Lei da Ficha Limpa. Ele havia sido condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios por improbidade administrativa, dano ao patrimônio público e enriquecimento ilícito. A defesa alegou que Arruda não poderia ser enquadrado na Lei Ficha Limpa, pois sua condenação em segunda instância aconteceu cinco dias após o pedido de candidatura. Para o TSE, entretanto, o argumento  não é válido porque a legislação permite considerar as condenações mesmo depois do pedido de candidatura. Com o impasse, o caso vai para o STF, que poderá decidir somente após as votações de outubro de 2014, havendo risco de o Distrito Federal ter que realizar nova eleição. O MPF pediu o cancelamento da Campanha, mas enquanto isso não ocorre, Arruda segue nas ruas, na TV e no Rádio pedindo votos. "Eu me mantenho na luta", diz o candidato. É impressão minha? Ou alguém disse que este País não é sério? (grifos meus)  
Iracema Alves - jornalista cadeirante digitou em 9/9/2014 às 14h38.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

GOVERNO FEDERAL PATROCINA CONCENTRAÇÃO DA MÍDIA NO PAÍS

Uma discussão que ainda permanece oculta no debate eleitoral é a que trata da distribuição das verbas oficiais de publicidade do governo federal. Para termos uma ideia do montante dos recursos que isso envolve, apenas em 2012 foram repassados R$ 1,797 bilhão para as empresas de comunicação sob rubrica. Desta valor total. R$ 1,1 bilhão (63%) foi repassado apenas para as empresas de televisão.
A reportagem é de Theófilo Rodrigues, publicada pelo Correio do Brasil, 29/08/2014.
Sob a responsabilidade da Secretaria de Comunicação Social da presidência da República (Secom), esta distribuição vem sofrendo críticas de diversos setores. O movimento social, blogueiros e pequenos veículos de comunicação acusam a Secom de patrocinar a concentração dos recursos em pouquíssimos veículos; especialistas da área acusam o governo de se omitir na implantação de políticas públicas e fomento à diversidade informativa. Nem mesmo a substituição da Ministra da Secom Maria Helena Chagas, por Thomas Traumman, no início de 2014, parece ter sido suficiente para provocar mudanças significativas.  
Críticas ao critério da 'mídia técnica' : entre 2003 e 2010, a Secom aumentou em 1.522% o número de órgãos de imprensa que recebiam receita publicitária governamental - de 499, a quantidade de veículos contemplados subiu para cerca de 8 mil. O tamanho do bolo era o mesmo, mas o úmero de fatias cresceu. Ainda que de forma tímida, ensaiava-se um avanço, mas o que se viu de 2010 pra cá foi um quadro de retrocesso.
Uma das principais queixas por parte dos veículos alternativos diz respeito aos critérios da "mídia". A Secom tem afirmado repetidamente que, desde o governo Lula, iniciou uma distribuição de suas verbas a partir de critérios técnicos que priorizam a audiência dos veículos. A ex-ministra chefe da Secom, Helena Chagas, chegou a dizer, no início de 2014, que a mídia técnica "é melhor fórmula que se inventou até hoje para aplicação correta e eficiente dos recursos públicos destinados a investimentos na área". Para a cientista política  Larissa Ormay, especialista em temas relacionados à comunicação, a distribuição das verbas oficiais não deveria se resumir apenas a uma questão de audiência.
- Se é direito à liberdade de expressão está garantido na  Constituição Federal, cabe ao Estado brasileiro trabalhar para essa liberdade democrática fundamental se efetive plenamente, ao invés de se escorar em critérios que, aparentemente neutros, só beneficiam os poderosos - explica. De acordo com Ormay, o governo federal não pode atual como se fosse uma empresa, mas sim compreender seu papel de agente formulador de políticas públicas. 
- A distribuição de recursos públicos para a mídia vai muito além de levar a mensagem do governo ao maior número de pessoas possível. Ela deve ter em conta um compromisso de Estado  com a democracia, com a promoção   da ampla liberdade de expressão e, assim, seguir uma lógica distinta da lógica privada de remuneração da mídia por publicidade.
O jornalista Gilberto de Souza, editor-chefe do jornal Correio do Brasil, é veemente na crítica do modelo.
- Há que existir um critério para distribuição de publicidade estatal, sem dúvida. O atual, porém, não passa de uma desculpa esfarrapada para carrear os bilhões de reais destinados à promoção de governo para a Rede Globo e seus veículos-satélites, em primeiro lugar, depois para as TVs abertas - concessionárias desde o tempo da ditadura militar. Em seguida aos jornais e revistas do campo conservador e, o que restar, aos veículos regionais, que somam um número expressivo de pequenos periódicos, suficiente para manter a aparência de que o critério é democrático - analisa Souza. Para Miguel do Rosário, o autor do blog O Cafezinho, o critério usado pela Secom não acompanha a linha geral do próprio governo que é a da redistribuição da renda.
- A média técnica não considera o contexto histórico do país - avalia.
- "o critério técnico", de acordo com o editor-chefe do portal Conexão Jornalismo, o jornalista Fabio Lau, "é injusto porque privilegia as empresas consolidadas e não abre espaço para aqueles que estão entrando no mercado, formando públicos e voltados para absorver a mão de obra dispensada pelas grandes empresas.
A imoralidade dos Bônus por Volume: em meio ao grande debate sobre a distribuição das verbas oficiais de publicidade surgiu uma nova polêmica. o Bônus por Volume (BV) - que, segundo especialistas, só existe no Brasil. O mecanismo, criado na década de 50 e impulsionado a partir da ditadura militar, na década de 60, consiste na arrecadação financeira através de comissões dadas pelos veículos de comunicação às agências de publicidade de acordo com os negócios fechados entre elas. Por exemplo: uma agência que possui 10 clientes coloca todas as propagandas desses clientes em apenas um determinado veículo de televisão. Esse veículo, por sua vez, repassa uma comissão  para a agência pela exclusividade dada. A consequência direta é a criação de um ciclo que fomenta a concentração da publicidade. Larissa Ormay, condena a utilização de BVs, em contratos com órgãos públicos.
- Como a finalidade do Estado, guiada pelo interesse público, é fundamentalmente distinta da finalidade das empresas de comunicação, que se ligam ao interesse privado pelo lucro em primeiro lugar, não faz sentido reproduzir o modelo em BV no sistema público de remuneração da mídia - afirma Ormay. Para Gilberto de Souza,"trata-se de uma autêntica 'jabuticaba', que floresceu durante a ditadura com o objetivo de estabelecer uma política de denominação do segmento publicitário para aqueles veículos apoiados pelo regime militar. Trata-se de uma excrescência que ainda vigora e permite ao cartel da mídia um controle absoluto sobre os investimentos no setor". 
- É uma espécie de propina oficializada que deveria ser proibida, pois é concentradora de renda - defende Miguel do Rosário. Fabio Lau, por sua vez, opina que o "Bônus por Volume é a cristalização da corrupção, ou do favorecimento, àqueles que detêm o poder econômico. Ele tira do mercado publicitário quem tenta crescer. É uma maneira perversa de manter os mesmos, beneficiá-los e protege-los". Curiosamente, em 2010 o presidente Luís Inácio Lula da Silva, sancionou lei de autoria do então deputado José Eduardo Cardoso (PT-SP), atual Ministro da Justiça, regulamentando os repasses do "Bônus por Volume" , em vez de proibi-lo.
O estranho caso dos investimentos no Google: em 2013, o estudo Brasil Conectado - Hábitos de Consumo de Mídia mostrou que, apesar de a rádio e a TV serem as mídias mais consumidas no país, a Internet é considerada, por 85% dos brasileiros, a plataforma mais importante na atualidade - há de se considerar o atraso das políticas de universalização do acesso à banda larga. A fatia de recursos destinados para a publicidade na Internet em 2012, porém, limitou-se a míseros 5,3% do bolo... Outro problema denunciado por ativistas da área é de grande parte dos recursos voltados para a publicidade na Internet tem sido repassado para o Google. O repasse da Secom vai para o site de buscas que retém uma parte e em seguida uma parte menor para os usuários de seu sistema de publicidade, o AdSense. Para os críticos desse modelo, não faz nenhum sentido triangular esse financiamento com uma empresa estrangeira, já que o repasse poderia ser feito diretamente para os postais brasileiros. Segundo Fabio Lau , trata-se de "transferência de renda para a iniciativa privada, para grandes grupos, só que estrangeiros". Já Miguel do Rosário acredita que o investimento feito elo Secom no Google poderia ser evitado sem nenhum prejuízo político.
-Esse investimento no Google é uma preguiça da Secom que vai custar muito caro para o Brasil, avalia o blogueiro. Larissa Ormay defende que o repasse seja feito diretamente, sem intermediários. 
- Essa publicidade parece desperdício de dinheiro público, um gasto desnecessário e ineficiente, pois o mesmo dinheiro poderia ser distribuído a uma grande variedade de veículos, amplificando vozes dos fluxos comunicacionais que compõem a esfera em prol da democracia brasileira - explica. Há também os que acreditam que a parceria da Secom com o Google é apenas uma forma de legitimação dos critérios de média técnica.
- Essa foi a fórmula que a Secom encontrou para esconder seu propósito de seguir em frente no tal 'critério técnico' adotado, com o objetivo de não mexer no repasse de recursos à mídia conservadora, e parecer que distribui, de forma equânime e democrática, os ossos que restam do pudim publicitário - denuncia o editor-chefe do jornal Correio do Brasil.
A luta por mudanças na legislação: No último período, as críticas surgidas no âmbito da sociedade civil começaram a ocupar algum espaço no Parlamento. O Centro de estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, junto com outras entidades, chegou a participar de uma reunião com Helena Chagas, então ministra da Secom, para discutir os graves problemas na distribuição da verba publicitária. Desde 2012, também funciona na Câmara dos Deputados uma subcomissão especial para o Financiamento da Mídia Alternativa, no âmbito da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática.
Essa subcomissão teve como relatora a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), cujo relatório final, que contou com a colaboração de entidades como o Barão de Itararé, propôs a criação de uma cota de 20% da publicidade oficial do governo para emissoras de radiodifusão comunitária, de radiodifusão educativa e de veículos de comunicação caracterizados como microempresas, empresa de pequeno porte ou empresa individual de responsabilidade limitada. Larissa Ormay defende a iniciativa da deputada Luciana Santos de criação de cotas nas verbas da Secom, empresa de pequeno porte ou empresa individual de responsabilidade limitada. De fato, a preocupação não está tão distante. No Rio de Janeiro a deputada estadual enfermeira Rejane (PCdoB-RJ) apresentou na ALERJ, em maio de 2013,o Projeto de Lei 2248, que institui uma cota de 20% da publicidade do governo estadual para a mídia alternativa.
Iracema Alves - jornalista cadeirante digitou em 03/09/2014