terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Vinícius de Moraes fez 100 anos em 19 de outubro de 2013

Nossa homenagem a um dos compositores da música popular brasileira, antes que 2013 vire a página (grifos meus).




Vinícius (Marcus Vinícius da Cruz de Melo Morais) é considerado o intelectual brasileiro mais influente e participativo da moderna música popular brasileira. Cariosa, nascido em 19 de outubro de 1913, formou-se em Direito já praticando sua vocação poética. Em 1938 obteve bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas em Oxford, Inglaterra. Retornou ao Brasil em 1941, trabalhou em jornais e revistas tendo sido aprovado em 1946 para o Itamarati e assumiu o primeiro posto diplomático em Los Angeles como vice-cônsul. Atuou diplomaticamente em Paris e Roma onde frequentou a casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda (pai do Chico) então trabalhando na Itália.
Em 1953 Araci de Almeida gravou "Quando tu passas por mim", primeiro samba de Vinicius (Antônio Maria), dedicado à esposa Tati de Moraes. Em 1954 sua peça "Orfeu da Conceição" foi premiada no concurso do IV Centenário de São Paulo; em 1956 conheceu Tom Jobim formando-se então a dupla de compositores mais erudita e mais importante da música popular brasileira da segunda metade do século XX. Compuseram juntos a trilha musical da "Orfeu da Conceição"; "Se todos fossem iguais a você", "Um nome de mulher", Mulher sempre mulher" e Eu e você". " Eu sei que vou te amar" de Vinícius e Tom Jobim é considerado um dos mais bonitos e importantes sambas-canções com inúmeras gravações e muito sucesso até os dias de hoje, registrando com muita felicidade o estado de espírito de quem ama de verdade. Não há quem tenha vivido um grande amor e que não adore esta música.
Vinícius foi um dos intelectuais que mais participou na interligação entre os sambistas populares de morro e os sambistas da cidade, mais eruditos e mais intelectualizados porém, não mais sensíveis. Dessa ligação nasceram inúmeras parcerias e músicas históricas. Vinícius e Tom participaram ativamente do movimento Bossa Nova, um dos mais importantes da música popular brasileira. É da dupla a famosíssima "Chega de saudades" gravado por Elizeth Cardoso no LP  "Canção do amor demais", onde João Gilberto tocando violão com sua batida diferente e característica, constituiu-se no marco inicial da Bossa. Compuseram juntos além de "Eu sei que vou te amar" e Chega de saudades", dezenas de sucessos: "Se todos fossem iguais a você", "Garota de Ipanema"(segunda música mais gravada em todos os tempos no mundo); "Eu não existo sem você", "Água de beber", "Lamento no morro", "Brigas nunca mais", "Canção do amor demais", "É preciso dizer adeus", "Chora coração " e muitos outros sucessos.
Vinícius teve ainda inúmeros outros parceiros, com os quais deixou extensa e magnifica obra musical: Antônio Maria, Carlos Lyra, Baden Powell, Chico Buarque, Toquinho, Edu Lobo, Francis Hime, Marilia Medalha, Claudio Santoro, Pixinguinha, Haroldo e Paulo Tapajós. Vinícius é considerado o maior letrista da MPB, pelo musicólogo Ricardo Cravo Albin, quase uma síntese sofisticada de Orestes Barbosa e Noel Rosa. Vinicius fez sozinho também músicas lindas, como "Serenata do adeus" e "Medo de amar" comprovando seu grande talento musical. Foi homem de extrema sensibilidade, amantíssimo, amou e casou-se com várias mulheres, continuando amigo de todas, amigo leal de seus amigos, faleceu no Rio de Janeiro em 9 de Julho de 1980.
Abaixo links de algumas músicas citadas no texto.
Texto e links de Dárcio Fragoso
Agradecimentos  E.S.Pereira
Papai Noel vai presentear você e sua família com saúde. paz, amor e felicidades.
Feliz Natal
Feliz 2014.
Iracema Alves/ jornalista cadeirante digitou e os felicitou, em 24 de dezembro de 2013
Participação de Wiglinews
   


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Yvy Katu para SEMPRE!



Desembargador Newton de Lucca concede liminar em decisão primorosa

O tribunal Regional Federal da 3ª Região, através de seu presidente, desembarcador Newton de Lucca, suspendeu liminar da juíza da 1ª vara de Naviraí, que determinava a "reintegração de posse" da área de Yvy Katu  ocupada pela chamada Fazenda Chaparrau. A decisão da juíza estabelecia inclusive o uso da força, se necessário, para expulsar os Guarani Kaiuwá, e a Polícia Federal já estava com instruções nesse sentido.

A informação é de Tania Pacheco e publicada por Combate Racismo Ambiental em 17 de dezembro de 2013

No seu despacho, cuja íntegra podemos ler abaixo, Newton de Lucca analisa as ponderações da defesa, à luz de decisões do STF - Supremo Tribunal Federal, de relatório Nacional de Justiça e do laudo pericial elaborado pela antropóloga Valéria Esteves Nascimento sobre Yvy Katu, confirmando toda a área como território indígena. E afirma, no penúltimo paragrafo de sua decisão:
"Não há como olvidar, outrossim, que a solução ideal para a questão indígena de Mato Grosso do Sul, nos casos em que o próprio estado participou dos atos de expulsão e confinamento de indígenas, além de ter titulado terra irregular, constituiria na justa indenização dos adquirentes das terras indígenas pelo poder público, de forma espontânea e pela via administrativa. Ao final, suspendendo oficialmente a liminar, o desembargador presidente determina a baixa do processo e que sua decisão seja comunicada com urgência a quem de interesse" (a 'reintegração' estava marcada para amanhã, dia 18 de dezembro de 2013) e informada no Ministério Público Federal)

Yvy Katu: mantida suspensão de reintegração de posse da área ocupada por indígenas

Indígenas da comunidade guarani-kaiowá de Yvy Katu poderão permanecer em área ocupada na Fazenda Remanso Guaçu até a demarcação final de seu território.

O Ministério Público Federal, através da Procuradoria Regional da República da 3ª Região (PRR-3), obteve manutenção da sentença que suspendeu a ordem de reintegração de posse da área ocupada por índios guarani-kaiowá de Yvy Katu na Fazenda Remanso Guaçu em Japorã (MS). A decisão de reintegração de posse havia sido determinada pela Justiça Federal de Naviraí mas foi suspensa pelo TRF-3. O proprietário recorreu, mas o TRF-3 manteve a suspensão.
A área ocupada atualmente pelos indígenas foi demarcada judicialmente em 2004 e corresponde a 10% do total da fazenda. Os índios estão no local há 8 anos e já foi demonstrado, pelo MPF e FUNAI, a necessidade da manutenção da comunidade na área até o final do processo de demarcação de suas terras ou, no mínimo, até o julgamento final da ação judicial.
Apesar disso, a defesa pediu a reconsideração da sentença que suspendeu a reintegração de posse, alegando que não haveria qualquer situação de risco à vida, ordem ou segurança na desocupação dos índios. Também foi alegado que o procedimento de demarcação administrativa das terras indígenas não estaria em fase adiantada de tramitação.
Para o MPF, o risco à vida, ordem ou segurança são inegáveis, pois o comando de desocupação poderá criar situação de instabilidade social na região, gerando um ambiente de hostilidade e conflito entre indígenas e proprietários rurais.
De acordo com a Procuradoria, não há dúvida de que a demarcação administrativa da Terra Indígena Yvy Katu está em estágio avançado. “Apesar de ainda não ter sido finalizado, o processo administrativo de demarcação encontra-se perto do seu fim. A demarcação física da área já foi realizada, estando o processo prestes a ser enviado ao presidente da República para a homologação”.
Seguindo o entendimento da PRR-3, a 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) decidiu manter a suspensão da reintegração de posse da área ocupada por indígenas da comunidade guarani-kaiowá de Yvy Katu, na fazenda Remanso Guaçu em Japorã.

Carta aberta à Presidência da República e Ministério da Justiça


Recebemos a notícia da suspensão da reintegração de posse de uma das 14 fazendas em Yvy Katu. Não ficamos nem felizes nem tristes com isso. Isso não muda nada para nós Guarani.

Para nós essas 14 fazendas não existem. Toda essa terra faz parte de um mesmo tekoha, um mesmo território, chamado tekoha Yvy Katu.

Nós não ficamos aliviados com essa decisão da Justiça, porque ela não muda nada. Nós continuamos mobilizados, resistindo contra ações dos latifundiários, e exigindo a demarcação de nosso território.

Nós estamos há mais de 78 dias e 78 noites acampados em nossa própria terra e vamos ficar por mais dois mil anos e depois para sempre. Nós não vamos sair.

Terra indígena nunca foi de fazendeiro. Terra indígena sempre foi terra indígena.

Se os fazendeiros querem comprar terra, vão comprar em outro lugar. Se querem cobrar pela terra, paguem antes pela floresta que estava aqui e que foi acabada.

Nós temos nossa reza e os nossos guerreiros. Estamos esperando os guerreiros dos brancos.
Estamos prontos para morrer. Demarcação agora é guerra.

Nossa reza é quente como se fosse o sol. Nossa reza vem da natureza, do antepassado e do sonho. Nos sonhos, já vimos a terra lutar contra o branco, a árvore lutar contra branco.

Nós, comunidade Yvy Katu e Conselho Aty Guasu, exigimos que a Justiça suspenda todas as reintegrações de posse e o governo federal finalize a demarcação de toda a nossa terra tradicional. Enquanto isso, vamos continuar lutando, e banhando a terra de sangue, se for necessário.

Não existe acordo. Não adianta pressionar. Não vamos ficar apenas com 10% de Yvy Katu. Agora é 100%. Parece que ninguém está acreditando em nossa luta. Será que estamos falando à toa? Já carregamos muito indígena Guarani e Kaiowá ensanguentado no braço. Vocês estão esperando mais uma morte para se importarem com Yvy Katu?

Tekoha Yvy Katu, 18 de dezembro de 2013

Lideranças do tekoha Yvy Katu e Conselho do Aty Guasu

"Estivemos todo esse tempo monitorando os acontecimentos com as terras indígenas. Louvamos o ato corajoso ato do Desembarcador Newton de Lucca,  suspendendo a liminar. Permaneceremos atentos pois no Brasil tudo pode acontecer no calar da noite." (grifos meus).



Iracema Alves / jornalista cadeirante por mim digitada em 19/12/2013
Participação de Wiglinews.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Morte na Arena Amazônia. Mais uma vítima da Terceirização.

Antes de iniciar o texto propriamente dito, durante a reunião do último trimestre do ano encontramos casualmente João Paulo, pai do zelador do condomínio onde resido, caminhando com um par de muletas. Foi um acidente de trabalho, disse-me ao ser indagado. Sua maior preocupação é que não terá 13º salário, férias, somente a licença-doença. João Paulo é mais um empregado terceirizado (IA)
"A aprovação do Projeto de Lei 4.330 (PL) é prenúncio de mais mortes do trabalho". O comentário é de Cesar Sanson, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte -  UFRN em artigo para o IHU, 15 de dezembro de 2013, sobre o acidente de trabalho que vitimou um operário das obras da Copa do Mundo. Morreu no sábado pp. o operário Marcleudo de Melo Ferreira que trabalhava nas obras da Arena Amazônia. É a segunda vítima na mesma obra. Em março pp. morreu Raimundo Nonato Lima Costa. Até agora cinco operários já morreram em obras de estádios da Copa do Mundo de 2014. Além das duas vítimas de Manaus, outros dois morreram em um acidente no estádio do Corinthians, em Itaquera, São Paulo, Capital, em novembro pp. Outro operário morreu na construção do Estádio Nacional Mané Garrincha, de Brasília, em 2012.
Sobre a morte de sábado dia 14/12/2013, a Construtora Andrade Gutierrez, responsável pela Arena Amazônia, informou que o operário era de uma empresa subcontratada que presta serviços na montagem da cobertura do estádio, ou seja, o trabalhador era terceirizado. A Construtora praticamente se eximiu da responsabilidade, algo como, 'o operário não era nosso'. Os terceirizados são as principais vítimas dos acidentes e mortes no trabalho. As razões são simples. O trabalhador terceirizado é submetido a cargas maiores de jornada de trabalho, tem menos acesso aos Equipamentos de Proteção Individual - (EPI) - menos treinamento, ganha menos e assume as tarefas precárias, insalubres e perigosas. Segundo o Dieese, a cada dez acidentes de trabalho, oito ocorrem entre terceirizados. (Depois da morte de operário, construtora da Arena da Amazônia promete rever procedimentos de segurança na obra)

"A morte do operário poderia ter sido evitada se a Justiça tivesse atendido os nossos pedidos". A afirmação é do procurador regional do Trabalho Jorsinei Dourado do Nascimento, um dos integrantes do Ministério Público do Trabalho que pediu a interdição da obra da Arena Amazônia, em Manaus, no último sábado (14). Apenas oito dias antes do acidente que matou o operário Marcleudo de Melo Ferreira, 22, a juíza substituta da 12ª Vara do Trabalho Margareth Dantas Pereira Duque, rejeitou os pedidos do MPT para que a empresa Andrade Gutierrez cumprisse normas de segurança junto aos trabalhadores.(Juíza liberou obra da Arena Amazônia oito dias antes de acidente fatal)
É por isso e nesse contexto que o Projeto de Lei 4.330 precisa ser rejeitado. O projeto pretende regulamentar a prática da terceirização no país, ou seja, institucionalizá-la. Trata-se de uma proposta perversa que atenta contra a vida dos trabalhadores. "Aliás, os deputados federais e estaduais, senadores e vereadores deveriam ser terceirizados"  (grifos meus) . A terceirização serve ainda de mecanismo de desrespeito aos direitos dos trabalhadores. As empresas que contratam trabalho terceirizado procuram fugir do ônus da responsabilização do descumprimento dos direitos trabalhistas. É isso que sugere a nota da Construtora Andrade Gutierrez ao afirmar que o operário era de uma terceirizada. A empresa certamente irá tirar o corpo fora se for apurado negligência na morte de Marcleudo de Melo Ferreira, de apenas 22 anos de idade. A aprovação do PL 4.330 é prenúncio de mais mortes no mundo do trabalho. Os pais de Marcleudo de Melo Ferreira não terão sequer o 13º salário do filho (grifos meus)
Iracema Alves/ jornalista cadeirante digitou em 16/12/2013
Participação Wiglinews


A Arena da Amazônia é uma das obras mais polêmicas do Mundial, já que especula-se que o estádio tem grandes chances de se transformar num 'elefante branco' depois da competição por falta de times locais na elite do futebol brasileiro.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Febrasgo e CFM recomendam ácido fólico para as gestantes

Saúde da mulher e da criança: CFM recomenda o uso de ácido fólico para gestantes


A ingestão de 400 microgramas ao dia pode reduzir em até 75% riscos de complicações para o feto. No entanto, há indícios de que a substância – de baixo custo – não é encontrada na formulação ideal nos postos de saúde e farmácias populares e nem tem sido acrescida em produtos industrializados, como prevê recomendação da Anvisa
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O Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou recomendação orientando as mulheres a usarem o ácido fólico antes da concepção e nos três primeiros meses da gravidez. A medida atende solicitação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). A ingestão dessa vitamina pode reduzir em até 75% o risco de má formação no tubo neural do feto, o que previne casos de anencefalia, paralisia de membros inferiores, incontinência urinária e intestinal nos bebês, além de diferentes graus de retardo mental e de dificuldades de aprendizagem escolar.


Para estimular a ingestão da substância, o CFM – em parceria com a Febrasgo – enviará o alerta sobre a importância de consumir ácido fólico para todos os 400 mil médicos brasileiros. Espera-se também que a própria divulgação da recomendação pela imprensa estimule as pacientes a solicitarem a prescrição dessa vitamina.
Além de se destinar às mulheres, para que usem o ácido fólico na indicação recomendada, a recomendação do CFM também se destina aos médicos, para que falem com suas pacientes sobre a necessidade do suplemento. O Conselho também solicitará aos órgãos públicos desenvolvam programas mais abrangentes de fortificações de alimentos e maior vigilância no seguimento desses programas”, ressaltou o conselheiro José Hiran Gallo, diretor do CFM e relator da recomendação.
Outra providência será pedir aos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) que disponibilizem a fórmula nos postos de saúde e nas farmácias populares. Desde 2006, a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) recomenda a dose de 0,4 a 0,8 mg/ dia (400 a 800 microgramas) e para fornecer esta dose ele prepara uma formulação com 0,2 md/ml (200 microgramas/ml).No entanto, de acordo com especialistas da Febrasgo, na maioria dos postos de saúde e de farmácias populares essa medicação orientada pela Rename não está disponível para as pacientes. Elas encontram outra composição com uma dose de 5 mg (5000 microgramas), 10 vezes superior àquela recomendada.
O presidente da Comissão de Perinatologia da Febrasgo, Eduardo Fonseca, explica que a superdosagem pode levar a efeitos adversos. Há estudos que levantam a suspeita de o uso prolongado de ácido fólico em dosagens superiores às recomendadas pode estar associado ao câncer de mama. Outro problema é que esse consumo em excesso também pode comprometer o crescimento do feto, com o nascimento de bebês com peso abaixo do normal. Os consensos científicos consagrados até o momento determinam que há na segurança da dose de 400 microgramas ao dia.
Febrasgo recomenda que as mulheres consumam uma suplementação de 400 microgramas de ácido fólico por dia um mês antes da gravidez e durante os três primeiros meses de gestação. O problema é que poucas mulheres usam o suplemento.  Além da falta do suplemento na rede pública, a desinformação também tem levado as mulheres a não fazerem uso do ácido fólico.
Levantamento feito por Eduardo Fonseca, que também é professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com 494 mulheres (entre usuárias de planos de saúde e do SUS) mostrou que 58% (286) delas engravidaram sem planejar e só 13,8% (68) receberam orientação e usaram ácido fólico no período. Outra constatação preocupante: somente 3,8% tomaram o suplemento na dose recomendada: 400 microgramas por dia. (Folic acid for the prevention of neural tube defects)
Os dados demonstram que as mulheres não conhecem os efeitos do ácido fólico. Quase 90% delas engravidaram sem utilizar a suplementação necessária. E não dá para dependermos apenas da alimentação”, diz o professor da UFPB. Mas não são apenas estes os problemas que médicos e pacientes enfrentam para que a prevenção pelo consumo do ácido fólico se materialize.
Em 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a adição de 4,2 mg de ferro e de 150 mg de ácido fólico para cada 100 g de farinha de trigo e de milho. No entanto, estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - CONSUMO DAS FARINHAS DE TRIGO E MILHO FORTIFICADAS COM ÁCIDO FÓLICO SOBRE O STATUS ORGÂNICO DO FOLATO DE MULHERES EM IDADE REPRODUTIVA - comprovou que esse acréscimo não tem sido suficiente para evitar a má formação do tubo neural dos fetos. “Isso ocorre, na minha avaliação, porque a indústria não está fazendo a adição do suplemento na dosagem correta e o governo não está fiscalizando”, avalia Eduardo Fonseca.
O ácido fólico é uma vitamina do complexo B que atua no processo de multiplicação das células e na formação de proteínas estruturais da hemoglobina. Sua forma natural, o folato, pode ser encontrada em vegetais de folhas verde escuras, como couve, brócolis e espinafre, mas ele é mal absorvido pelo organismo. Por isso, a forma sintética (ácido fólico) é a alternativa mais eficaz e prática para a mulher.
O tubo neural é a estrutura que dará origem ao sistema nervoso central do bebê, incluindo cérebro e coluna. Sua formação ocorre entre o 17.º e o 30.º dia após a concepção. Atualmente, uma em 1.000 crianças nasce, no Brasil, com algum problema no tubo neural. Os mais comuns são espinha bífida (exposição dos nervos da medula espinhal) e anencefalia. O uso do ácido fólico ao menos 30 dias antes do início da gestação, continuando até o terceiro mês, reduz em cerca de 75% a ocorrência dos defeitos de fechamento do tubo neural (a região do embrião que vai dar origem ao sistema nervoso central).

Editoria de arte/folhapress - Folha de São Paulo / 30/08/2012

sábado, 7 de dezembro de 2013

O período na prisão foi importante para ele perder a raiva


"O tempo em que ele passou na prisão foi crucial. O sofrimento torna as pessoas amargas, mas enobrece outras. A prisão virou uma prova de fogo que queimou tudo que era ruim. As pessoas nunca podiam dizer a Mandela: "você fala em perdão da boca para fora. Você não sofreu. O que sabe sobre prisão?" Vinte e sete anos lhe conferiram essa autoridade", testemunha Desmond Tutu, arcebispo emérito e Nobel da Paz pela luta contra o apartheid, em artigo publicado pelo The Guardian e reproduzido  pelo jornal Folha de São Paulo, em 07 de dezembro de 2013. Durante 27 anos conheci Nelson Mandela só por sua fama. Eu o tinha visto uma vez no início dos anos 1950. Depois disso, só fui encontra-lo em 1990.Quando Mandela saiu da prisão, muitas pessoas temiam que ele revelasse ter os pés de barro. A ideia de que pudesse confirmar sua reputação parecia boa demais para ser verdade.
Espalhou-se um cochicho dentro do CNA (Congresso Nacional Africano), partido de Mandela de que ele tinha sido muito mais útil na prisão do que fora dela. Quando ele saiu, aconteceu a coisa mais extraordinária. Embora muitos da comunidade branca ainda o tachassem de terrorista. Mandela tentou compreendê-los. Seus gestos comunicavam sua posição com mais eloquência que palavras. Por exemplo: chamou seu carcereiro branco para ser convidado VIP em sua posse na Presidência. Também convidou à residência oficial as viúvas de lideres brancos. Betsie Verwoerd, cujo marido HF Verwoerd, foi assassinado em 1966, não pôde ir porque estava doente. Ela vivia em Oranje, onde os africânderes (descontentes dos colonizadores holandeses) se congregavam para viver com exclusividade. E, como ela não pôde ir, Mandela deixou tudo de lado e foi tomar chá com ela, naquele lugar.
Ele dizia a respeito dos africânderes: " Dá para entender muito bem o que devem estar sentindo." Mandela fez um gesto de conciliação com eles usando o " springhok" (uma espécie de gazela sul-africana), símbolo da equipe nacional de rúgbi, rejeitada por muitos negros por ser um esporte ligado aos brancos. O golpe de mestre de Mandela foi na final da Copa do Mundo de Rúgbi de 1995, quando ele entrou no campo usando o agasalho da seleção. Quase qualquer outro líder político teria parecido desastrado fazendo isso, mas Mandela o fez com elegância. O público inteiro, provavelmente 99% de brancos, explodiu em gritos de "Nelson! Nelson!". Foi extraordinário. E quem teria acreditado que o povo dos "townships" (subúrbios negros) comemoraria uma vitória sul-africana no rúgbi? É claro que já o vi com raiva. Após o massacre de Boipatong, em 1992, em que morreram 42 pessoas, o CNA abandonou as negociações, e Mandela ficou lívido. Ele afirmou que o serviços de inteligência tinham avisado (o presidente) FW de Klerk que algo fora do comum ia acontecer. Não sei se De Klerk ignorou o aviso. Mandela disse que estava claro que vidas negras não significavam nada para eles.
Em outra ocasião, Mandela me disse que, ele e De Klerk estavam na cerimônia do Nobel da Paz, em Oslo, algo o deixou profundamente aborrecido. Havia um grupo cantando "Nkosi Sikelel' iAfrica" visto como hino da luta pela libertação, e De Klerk e a mulher dele continuaram a conversar durante o hino - não demonstraram respeito. Mas sua raiva nunca superava sua paciência ou sua capacidade de perdão. As pessoas diziam "vejam o que ele conquistou em seus anos de governo - que desperdício foram aqueles 27 anos passados na prisão". Mantenho que seu período na prisão foi necessário porque, quando foi preso, estava cheio de raiva. Mandela era relativamente jovem e tinha sido vítima de um erro da Justiça; ele não era estadista, disposto a perdoar - era o comandante em chefe da ala armada do partido, que estava inteiramente disposta a recorrer à violência.
O tempo que ele passou na prisão foi crucial. O sofrimento torna alguma pessoas amargas, mas enobrece outras. A prisão virou uma prova de fogo que queimou tudo o que era ruim. As pessoas nunca podiam dizer a Mandela: "Você fala de perdão da boca para fora. Você não sofreu. O que sabe sobre o perdão?". Vinte e sete anos lhe conferiram essa autoridade. Um dos maiores traumas de sua vida foi o que aconteceu entre ele e Winnie (ex-mulher). Mandela realmente a amava. A mágoa de terem se separado depois dele sair da prisão foi profunda. Foi maravilhoso ele ter conhecido Graça, mas a gente se entristece um pouco, porque Winnie passou por tanta coisa, e teria sido afinal perfeito se os dois tivessem vivido felizes para sempre.
A melhor maneira de recordar Mandela é pegar aquilo que ele ajudou a criar e converter em sucesso. Mandela tinha clareza quanto ao fato de que ninguém é indispensável. Ele fazia questão de destacar que ninguém era maior que o movimento. Mas sabemos que não era assim. Qualquer pessoa que se torna líder, em qualquer lugar do  mundo, sabe que ele é uma referência. E preciso  perguntar a si mesmo: o que posso aprender com ele?
" Quando alguém tem forças para vencer a si mesmo, nasceu para grandes empreendimentos"
                                                                                                                                 Lacordaire
Iracema Alves / jornalista cadeirante - por mim digitado em 07/12/2013
Participação: Wiglinews

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

3 de Dezembro: Dia Internacional da Pessoa com Deficiência



WORLD REPORT ON DISABILITY





Segundo o relatório Mundial sobre a Deficiência, World Report on Disability muitas das barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência são evitáveis e as desvantagens associadas à deficiência podem ser superadas. No relatório existe nove ações que são recomendadas e englobam múltiplos aspectos. Antes de prosseguir destacamos a ausência de acompanhamento logístico e ou prático às ações recomendadas (grifos meus)



 Recomendação 1; Permitir o acesso a todas as políticas, sistemas e serviços. Pessoas com deficiência têm necessidades normais - saúde e bem-estar, econômicas, de previdência social, de aprender a desenvolver reconhecimentos e de viver em comunidade. Tais necessidades podem e devem ser atendidas nos programas de integração e de serviços. A integração não apenas propicia os direitos humanos das pessoas com deficiência é um elemento mais eficaz.
Recomendação 2; Investir em programas e serviços. Além dos serviços visando a integração, algumas pessoas com deficiência podem necessitar de acessos a medidas especificas, reabilitação, serviços de suporte e treinamentos.
Recomendação 3; Adotar estratégias e planos de ação para deficientes em âmbito nacional. A pessoa deficiente deve fazer parte de todas as estratégias de desenvolvimentos e planos de ação. Além disso, recomenda-se  adoção de estratégias e planos de ação específicos com relação à deficiência em âmbito nacional.
Recomendação 4; Envolver pessoas com deficiência normalmente têm uma visão singular de sua deficiência e situação. Na formulação e implementação de politicas, Leis e serviços, as pessoas com deficiência devem ser consultadas e ativamente envolvidas (grifos meus)
Recomendação 5; Melhorar a capacidade dos Recursos Humanos. As atitudes e o conhecimento de pessoas que trabalham, por exemplo com educação, saúde, reabilitação, proteção social, são praticamente importantes para garantir uma situação de não descriminação e participação.
Recomendação 6; Oferecer financiamento adequado e melhorar a acessibilidade econômica. Os serviços públicos existentes para com as deficiências são geralmente financiados de maneira inadequada, o que afeta sua disponibilidade e qualidade. O financiamento adequado e sustentável dos serviços públicos é necessário para garantir que sejam de boa qualidade e atinjam o público alvo.
Recomendação 7; Aumentar a conscientização pública e o entendimento das deficiências. O respeito e compreensão mútuos contribuem para uma sociedade inclusiva. Portanto, é fundamental melhorar o atendimento público (grifos meus). Sobre a deficiência confrontar as percepções negativas e representá-la de forma conveniente.
Recomendação 8; Aumentar a base de dados sobre a deficiência. Internacionalmente, as metodologias para coleta de dados de pessoas com deficiência precisam ser desenvolvidas, testadas nas diversas culturas, e aplicadas de forma constituinte. Os dados devem ser padronizados e passíveis de comparação internacional, para possibilitar referência e monitorar os progressos quanto às políticas sobre deficiência e para complementação da CDPD em âmbito nacional e internacionalmente.
Recomendação 9; Fortalecer e apoiar a pesquisa sobre deficiência, informando sobre politicas e programas a respeito da deficiência e alocando recursos de forma eficiente.Para transformar as recomendações é necessário um forte comprometimento (grifos meus) e ações de um largo aspecto de agentes envolvidos no processo. A função dos governos nacionais é a mais importante no processo, porém, há outros envolvidos que devem ter papel de destaque, só com a participação de TODOS é que vamos efetivamente transformar em ações.
Para ler o relatório da íntegra em português clique aqui e para ler a versão original em inglês clique aqui

"Quando perdemos o direito de sermos iguais, perdemos o privilégio de sermos livres"
                                                                                                               Charles Evan Hughes  
                                                                                                                        1862 - 1948

Texto originalmente publicado neste blog em 19 de março de 2012

Leia também: Para quebrar barreiras e abrir portas
Iracema Alves /jornalista cadeirante
Participação  Wiglinews 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Gleisi Hoffmann é alvo de protesto indígena

Um grupo de índios aproveitou a visita das ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente) a Marechal Cândido Rondon neste sábado (30), para fazer um protesto. O grupo de índios, reforçado por alguns estudantes locais, concentrou-se nas proximidades do Clube Concórdia, onde aconteceu o evento envolvendo as ministras.

A reportagem é do sítio Aquiagora.net, (01 de dezembro de 2013)

Portando faixas e cartazes, os manifestantes reivindicaram atenção do Governo Federal para a demarcação de terras indígenas. 

Equipes do BPFron acompanharam o manifesto, garantindo que ele transcorresse de forma ordeira. Assim que chegaram ao Clube Concórdia, as ministras receberam representantes dos indígenas. 

Após uma conversa, eles entregaram um documento formalizando a reivindicação à ministra Gleisi Hoffmann.


http://www.car.gov.br/




quinta-feira, 28 de novembro de 2013

"NO FRACKING".

Técnicos pedem a retirada da exploração de gás não convencional da licitação 

Organizações técnicas e profissionais ligadas às áreas de meio ambiente e de serviços de água e saneamento protocolaram dia 25/11/2013, na Presidência da República, uma carta aberta à presidenta Dilma Rousseff solicitando a retirada da exploração de gás não convencional (shale gás) do edital da 12ª Rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP). De acordo com as Entidades, a extração do gás poderia acarretar riscos de contaminação dos aquíferos e prejudicar o uso nas bacias sedimentares onde ficam os blocos exploratórios ofertados.
A reportagem é de Danilo Macedo e Sabrina Craide, publicada pela Agência Brasil.
Segundo o representante da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Marcos Montenegro, a exploração do gás não convencional não foi regulamentada no Brasil e existe o risco de contaminação dos aquíferos, o que preocupa os responsáveis por distribuir água às residências em todo o país. O gás  não convencional é retirado diretamente da rocha geradora, o que prevê o faturamento das rochas. O risco ambiental é pela possibilidade de rompimento da rocha, com vazamento de gás para aquíferos próximos. A 12º Rodada de Licitações da ANP, previstas para as próximas quinta e sexta-feira, no Rio, ofertará 240 blocos exploratórios terrestres com potencial para gás natural em sete bacias sedimentares, localizados nos estados do Amazonas, Acre, Tocantins, de Alagoas, Sergipe, do Piauí, Mato Grosso, da Bahia, do Maranhão, Paraná e de São Paulo, totalizando 168.348,42 quilômetros quadrados.
Conhecido nos Estados Unidos  como gás de xisto - por ser retirado dessa rocha - no Brasil, gás será extraído de outra rocha, o folhelho betuminoso. A exploração não começou a ser feita o Brasil, mas pode contribuir para reduzir o preço do gás nos próximos anos. de acordo com o governo, o Brasil não terá excedente de oferta de gás natural até 2022 e, se quiser baixar o preço, deverá haver maior oferta. As empresas que vencerem a 12 rodada de exploração de petróleo  deverão cumprir exigências de pesquisa do gás não convencional, com o objetivo de disponibilizar as informações para que o governo possa mapear o potencial do reservatório. A ANP estima que o país tenha 14,6 trilhões de metros cúbicos de reserva do gás.


Assinaram a carta as Associações de Engenharia Sanitária e Ambiental, dos serviços Municipais de saneamento, das Empresas estaduais de saneamento; Associações das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e esgoto, dos servidores da Agência Nacional de Águas, dos Engenheiros da Petrobras: e ainda do Clube de Engenharia, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, da federação Nacional dos Urbanitários; assinaram também a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros, a Federação Única dos Petroleiros, o Fórum Nacional de Comitês de bacias Hidrográficas, Movimento dos Atingidos por Barragens e Sindicato Unificado dos Petroleiros do estado de São Paulo.
Veja animação em 3D sobre o polêmico uso da fratura hidráulica, chamada de "frankin". 


O método já foi condenado até mesmo pelo papa Francisco. A Igreja Anglicana em favor do "fracking"; Extração de gás de xisto vira pivô de batalha em vilarejo da Inglaterra; proibido em países da Europa, Brasil que quer usar faturamento hidráulico para explorar gás de xisto; Xisto: implicações econômicas e ambientais. 

Entrevista especial com Luiz Fernando Scheibe; papa posa com camiseta "anti-fracking". Em 13/06/2013 - Gás convencional. Uma aposta energética. Entrevista especial com Colombo Celso Gaeta Tassinari
Iracema Alves/ jornalista cadeirante digitou em 28/11/2013
Participação Wiglinews

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

De Concessão em Concessão

"Daqui por diante, a atitude do governo Dilma Rousseff, quando se trate de confiabilidade e do seu oposto em concorrências de concessão e de privatização, deveria ser apenas e sempre a do silêncio cabisbaixo", escreve Jânio de Freitas, jornalista, em artigo publicado no Jornal Folha de S. Paulo, 24 de novembro de 2013, comentando os leilões do Galeão e de Confins. A atitude do governo Dilma sobre concorrências de concessão deveria ser a do silêncio cabisbaixo. Em 13 de outubro de 2013, "O fato é que os leilões para concessão do Galeão (...), a julgar pela preocupação do próprio grupo central do governo, estão em risco iminente de juntar-se à história moral das privatizações das teles e da Vale no governo Fernando Henrique." Aquela indicação do risco não foi a primeira no mesmo sentido, sobre o mesmo tema. Já o artigo que iniciou uma série de quatro, sobre a trama que antecedia os leilões do Galeão e de Confins ( em Minas), terminaram assim:"(...) a Odebrecht, uma espécie de detentora de exclusividade sobre o Galeão, cujos dois terminais, as pistas, acessos e tudo mais lhe foram entregues (no passado), como sempre, em concorrências(" " " " " " " ") ponha aspas à vontade)".
Para bom entendedor um nome basta. Lá estava o de Moreira Franco, secretário de Aviação Civil do governo Dilma, lembrado no artigo por sua presença com a Odebrecht em numerosas concorrências anuladas por fraudes, comprovadas em antecipações aqui dos seus resultados. Os artigos descreveram as artimanhas do Edital para restringir o número de disputantes nos leilões e a luta para eliminá-las. De um lado, nesse confronto, a secretaria de Aviação Civil, de Moreira Franco, incumbida dos leilões; de outro , a ministra da Casa Civil, Gleisí Hoffmann, com os ministros Aloizio Mercadante e Fernando Pimentel e apoiada pela manifestação preliminar do Tribunal de Contas da União, contrária a impedimentos de interessados.
A dada altura, tudo que seria comprometedor ou suspeito pareceu eliminado, á custa de embates duros na Casa Civil. de repente, o Tribunal de Contas da União aderiu a uma das exigências propostas por Moreira Franco, segundo o qual empresa participante de sociedade em outro aeroporto só poderia ter 15% em consórcio pretendente ao Galeão. E a ministra Gleisí Hoffmann entregou os pontos ou não recebeu o apoio de Dilma Rousseff contra o Edital restritivo .A Odebrecht levou o Galeão com oferta financeiramente muito mais alta que as demais. A participação limitada a 15% restringia a igualdade de competição para os já participantes de consórcios dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Natal . Com participação assim reduzida, de concessão em concessão seria muito demorado o retorno do capital investido no leilão e nas grandes obras pelo Galeão. O que forçava ofertas menos competitivas no leilão. Daqui por diante, a atitude do governo Dilma Rousseff, quando se trate de confiabilidade e do seu oposto em concorrências de concessão e de privatização, conviria ser apenas e sempre a do silêncio cabisbaixo.
Iracema Alves - jornalista cadeirante digitou em 25/11/2013

domingo, 24 de novembro de 2013

Abaixo-Assinado contra a cobrança de taxas extras para alunos com deficiência

Estamos colhendo assinaturas para aprovar Projeto de Lei Municipal que apresentaremos à Câmara Municipal de Ribeirão Preto, assim como na Câmara Federal e Congresso, solicitando a proibição de cobranças taxas extras para estudantes com deficiências, necessitados de mediador escolar, em conformidade com os objetivos da Política Nacional de Educação Especial e da Educação Inclusiva. As assinaturas colhidas podem ser entregues na Ordem dos Advogados do Brasil - Rua Cavalheiro Torquato Rizzi, 215 - Ribeirão Preto/SP, GAIADI, COMPPID - Rua Dom João VI, 115 - Ribeirão Preto/SP ou diretamente a mim - Samira Andraos Marquezin Fonseca.
Uma pesquisa organizada pelo Encontro em Medição e Inclusão (EMI), na última quinta-feira, no Rio de janeiro, discutiu o papel do mediador escolar, que atua na promoção da inclusão de alunos com deficiência nas escolas comuns. Com a garantia Constitucional de que os alunos com deficiência devem frequentar o ensino regular, as escolas particulares muitas vezes entendem que as demandas desses alunos vão para além das possibilidades dela, e por isso levam aos pais a necessidade de um profissional que acompanhe a criança/adolescente na escola. A família, na maioria das vezes, fica responsável pela contratação e pagamento desse profissional, embora esta prática seja questionada. Em Brasília, por exemplo, a partir da denúncia de mães e pais ao Ministério Público, foi sancionada uma Lei que proíbe as escolas a cobrarem taxas extras para estudantes com deficiência. 
Profissão ainda pouco conhecida, o mediador acompanha crianças com deficiência no cotidiano escolar. "O primeiro e mais fundamental objetivo do mediador é ajudar o aluno a criar suas próprias ferramentas para usufruir do espaço escolar independente, tornando sua vida escolar mais potente e autônoma. Uma vez que esse objetivo seja atingido, acreditamos que o mediador deixe de se fazer necessário e o aluno pode continuar se aprendizado junto com professores e amigos", diz a psicopedagoga Sheina Tabak. Sheina é uma das coordenadoras do EMI, uma associação de medidores que surgiu em 2011, no Rio de janeiro e que se reúne para refletir sobre os possíveis caminhos para se trabalhar a inclusão no cotidiano escolar, com uma prática que investe na construção de autonomia e nas potencialidades dos alunos em situação de inclusão. A maior parte das mediadoras do EMI é formada em psicologia pedagogia. 
Geralmente cabe ao mediador, junto com o professor, a adaptação do material, de tarefas feitas em sala de aula e de provas e estar sempre conversando com coordenadores e professores sobre os melhores caminhos para o aluno, de forma a consolidar uma parceria mediador-escola, entre outras atribuições. Além disso é também papel da medição propor o encontro entre a família, escola, terapeutas, enfim, todos envolvidos no desenvolvimento, progressão acadêmica e bem-estar da criança. "O mediador atua como uma ponte entre o aluno e as suas elações-professores, colegas, coordenação e o próprio aprender, visando a autonomia. Buscamos encurtar esta ponte cada vez mais, devolvendo à escola e ao professor o papel garantir a escolarização de qualidade a esse aluno", explica Nira Kaufman, psicóloga e também coordenadora do EMI.
Uma das estratégias usadas para que o suporte vá diminuindo aos poucos e se alcance a autonomia, é o atendimento apenas 4 vezes por semana. No quinto dia, a escola e todos os seus atores se tornam responsáveis pela promoção da inclusão do aluno com deficiência, inclusive o próprio estudante. nesse sentido, a mediação seria vista como uma preparação do ambiente escolar para que a escola se adeque e assuma de fato a responsabilidade para acolher a todas as crianças. A tendência é que as próprias escolas particulares contratem funcionários com essa função para servir a toda a escola. Algumas já estão investindo nisso.
Mais informações: - EMI   http://eminclusao.wordpress.com 
Iracema Alves
Colaboração Wiglinews

   
  

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A Hora de criar trincheiras cidadãs

Passados alguns meses, o que está se passando na conjuntura? Por que as agendas cidadãs não avançam e tudo volta ao seu lugar, como se nada tivesse acontecido, como se a força das mensagens das mobilizações de junho tivessem evaporado"? As perguntas são de Cândido  Grzybowski, sociólogo, diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - Ibase, em artigo publicado por Canal Ibase em 19 de novembro de 2013.
Do ponto de vista da cidadania, as grandes mobilizações e passeatas de junho de 2013 que tomaram as ruas do Brasil, foram um despertar de esperanças. A letargia do país foi sacudida para valer e os poderes constituídos redescobriram que estavam distantes das aspirações mais legitimas por direitos e dignidade, de respeito à cidadania não só em seu poder constituinte como seu poder instituinte, que remete ao direito dos cidadãos de criar, modificar e revogar instituições. Basta é Basta! Foi o que revelaram as ruas. Não dá para atender exigências da Federação Internacional de Futebol - FIFA e as ganâncias de empresas construtoras, gastando bilhões, e não garantir o básico em transportes, educação e saúde, alegando falta de recursos. Também não dá mais para aceitar representantes mais preocupados com seu próprio bolso do que em fazer jus ao mandato que lhes foi dado pelo voto de todos e todas nós. A cidadania levantou a voz, aos gritos, e destampou as contradições que permeiam a nossa jovem democracia.
Mas, passados alguns meses, o que está se passando na conjuntura? Por que as agendas cidadãs não avançam e tudo volta ao seu lugar, como se nada tivesse acontecido, como se a força das mensagens das mobilizações de junho pp. tivessem evaporado? No momento, de certo mesmo só a sensação de muita coisa esta dando errado. Logo entre nós, o país festejado pelos seus avanços da primeira década do século XXI! Parece que a fumaça das explosões cidadãs de junho pp. ficaram no ar e todo mundo foi perdendo um pouco de perspectiva. As próprias mobilizações perderam muito de seu foco e de pontos aglutinadores. Muita gente continuou a se manifestar nas ruas, mas...para onde vai isto tudo? A presença dos "black blocs", no fim das passeatas, degenerou em violência e passou a afastar muita gente destas festas de cidadania e civismo.  A nossa truculenta policia, reprimindo e batendo, redescobriu métodos e leis do tempo da ditadura para investir contra os que ela caracterizou como baderneiros, vândalos, organizações criminosas. Mesmo nas festejadas Unidades de Policia Pacificadora - UPPs do Rio de Janeiro, a policia continua a mesma: força de repressão que é para proteger a gente do asfalto dos pobres favelados que teimam em se dizer parte da cidade e reivindicar o direito de ter direitos.
Aliás, a violência com assassinatos no Brasil voltou a crescer mais do que em países em guerra, mas para nós parece ainda uma expressão de normalidade. Um absurdo em si mesmo, antidemocrático e injustificável. Mas é na arena oficial da politica - as Instituições do Executivo, o Congresso e os partidos, o Judiciário, com uma forte dose de radicalização da mídia das classes dominantes, um monocórdio barulhento ele mesmo - que a fumaça ganhou consistência e a visibilidade da conjuntura ficou quase nula. A gente vê pouca coisa clara no momento. As agendas, que pareciam plantadas na politica, retrocederam a cada dia. Cadê a reforma política, o plebiscito, a mudança de práticas e costumes no processo eleitoral? Não se fala mais e ponto. Nada, absolutamente nada de substantivo para fazer valer o direito instituinte e constituinte da cidadania nas democracias. Tivemos o escândalo da espionagem americana sobre nossas vidas e a louvável indignação da Presidente Dilma. Mas o escândalo da corrupção endêmica nas altas esferas do poder - fora a punição exemplar ao PT e seus aliados - continua um assunto menor. Ou alguém acredita que vai da alguma coisa o tal fundo do metrô para os governadores do PSDB em São Paulo, bem maior do que o mensalão? E qual será o desfecho do fantástico esquema de desvio de recursos públicos na Prefeitura de São Paulo?  Ou o sumiço dos recursos da reconstrução na Serra, no nosso Rio de Janeiro? 
Seguindo nesta vala obscura das ligações clandestinas para desvio de recursos públicos, o que dizer dos super salários no setor público, praticados com o maior escarnio, à revelia da lei, como se direitos fossem? Dá para juntar muito mais explosões e fogos por aí que estão causando muita fumaça e ruído e deixando turvo o horizonte politico. lembro aqui o ameaçador Código de Mineração, a confusão dos leilões (pré-sal, aeroportos, rodovias...) e das parcerias publico-privadas, o voto secreto no Congresso, a demolição do Elevado da Perimetral (por que e para quem?), o embaralhamento do processo eleitoral do ano que vem. A lista é longa, infelizmente. Mas, como titulares de cidadania, devemos resistir e tentar entender. Criar "trincheiras" cidadãs para "guerras de posição", como lembra o genial Gramsci se referindo a Karl Max pelo seu amplo e sereno cérebro - é condição incontornável para amanhã poder se mover e avançar. No Ibase, estamos praticando os "conversatórios" que são nada mais e nada menos do que a prática do livre pensar da conjuntura politica. De tanto debater, uns e umas ajudando outros e outras, vamos acabar vendo melhor e saber onde incidir. temos o ano de 2014 no horizonte próximo, muito desafiante. nada como estar entrincheirados e preparados para o que der e vier. Afinal, optamos por radicalizar a democracia e "quem sabe faz a hora , não espera acontecer" 
   
Iracema Alves/ jornalista cadeirante digitou em 21/11/2013
Participação Wiglinews