Quando o tema sobre Inclusão de Pessoas com Deficiência no mercado de trabalho vem à tona, algumas questões são comumente levantadas, por exemplo: a dificuldade que as empresas têm em encontrar um profissional qualificado e a alta rotatividade.
Segundo o IBGE, o Censo de 2010 demonstrou que o Brasil tem uma população de 190 milhões de habitantes, destes, 23,9% (45 milhões) com alguma deficiência e 60% em idade economicamente ativa. Excluindo destes números aqueles já contratados chegamos à cifra de 8 milhões de pessoas com deficiência que buscam uma recolocação profissional, um número elevado de pessoas á disposição.
Então, por que é tão difícil encontrá-las? A questão não é onde encontrá-las, mas, quem as empresas buscam, pois, em boa parte das organizações a prioridade é contratar pessoas com deficiência ditas “leves” restringindo o recrutamento a um pequeno grupo.
Uma pesquisa do Instituto Ethos, nas 500 maiores empresas do país*, revela que uma das maiores queixas é a baixa qualificação. Considerando que o tema inclusão vem sendo debatido mais fortemente nos últimos 20 anos e as dificuldades impostas pelo deslocamento, superproteção familiar, entre outras, é natural que haja uma defasagem de qualificação, porém, isto não pode ser usado como justificativa. A solução é as empresas assumirem esta qualificação, assim como fariam para um profissional sem deficiência cientificamente definida.
Por último, tem a questão da alta rotatividade. Segundo relatos, a Pessoa com Deficiência muda de empresa se o salário for pouco maior. Posso afirmar que este não é o ponto central.
Como a inclusão ainda não é cultural, muitas empresas atuam simplesmente para cumprir a Lei e evitar a multa e invertem o processo de inclusão. Contratam e a preparação do ambiente, posto de trabalho, gestores e colegas de trabalho, quando acontece, é realizada após a contratação. O que implicará diretamente na rotatividade destes colaboradores.
Para diminuir a rotatividade é necessário a implantação de ações de retenção de talentos ou como prefiro chamar “conquista de talentos”. Criar um Programa de Inclusão e implementar antecipadamente a acessibilidade em todos os seus níveis: arquitetura, posto de trabalho, recursos de comunicação, relacionamento , métodos e instrumentais. Informar, sensibilizar e preparar os gestores e colegas para receber as pessoas com deficiência, de forma a enxergarem a pessoa e não a deficiência, além de acompanhar o andamento do programa.
Quando ações de retenção não são tomadas, R$100,00 não fará diferença, pois, a dignidade e o respeito são fatores muito mais relevantes do que o financeiro.
Tais ações são perfeitamente possíveis de serem aplicadas. A prova são algumas empresas que já perceberão o valor agregado de implementar programas de inclusão reais e consistentes.
É o caso da Drogaria São Paulo cujo Case de Inclusão será apresentado no dia 15 de março pela Fabiana Bertuzzi, responsável pela área de inclusão, apresentará no GPD – Grupo de Gestão de Pessoas com Deficiência da AAPSA, e é este convite (vide abaixo) que faço a você leitor. Para participar deste excelente evento e trocar experiências que serão riquíssimas para seu dia a dia e para a inclusão como um todo.
AMATO, Luciano. Uma reflexão sobre a Inclusão de Pessoas com Deficiência: realidade ou utopia? . Folha de São Paulo, São Paulo, 11 mar 2012. Caderno de Empregos, p. 22
Luciano Amato
Vice-Presidente do Grupo Seleção e Treinamento e do Grupo Gestão de Pessoas com Deficiência
lamato@trainingpeople.com.br
Vice-Presidente do Grupo Seleção e Treinamento e do Grupo Gestão de Pessoas com Deficiência
lamato@trainingpeople.com.br
Pós graduando em Tecnologia Assistiva para autonomia da Pessoa com Deficiência pela Fundação Santo André, Pós-graduado em Psicologia Organizacional pela UMESP e Graduado em Psicologia pela UNIMARCO. É Diretor Executivo da TRAINING PEOPLE onde coordena uma equipe de consultores especialistas e responsáveis pelos temas Gerenciais, Comportamentais, de Segurança do Trabalho, Educação Financeira, Vendas e Inclusão de Pessoas com Deficiência e Projeto de Diagnóstico de Atendimento ao Cliente.
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