Por Reinaldo Azevedo *
Eu sempre espero as piores coisas do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. E não foi diferente desta vez. O Itamaraty, sob o comando do ministro Luiz Alberto Figueiredo, emitiu uma das notas mais intelectualmente delinquentes da sua história - no caso, sobre o conflito entre Israel e Palestina. Eu a reproduzo em itálico negrito e comento em seguida:
"O Governo brasileiro considera inaceitável a escalada da violência entre Israel e Palestina. Condenamos energicamente o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças. O Governo brasileiro reitera seu chamado a um imediato cessar-fogo entre as partes. Diante da gravidade da situação, o Governo brasileiro votou favoravelmente a resolução do Conselho de Diretos Humanos das Nações Unidas (ONU) sobre o tema, adotada no dia de hoje - 25/07/2014".
Retomo: em linguagem diplomática, "chamar um embaixador para consultas" implica uma espécie de agravo ao país no qual está a representação brasileira. Com isso, o Brasil envia uma mensagem desnecessariamente hostil a Israel
Observem que o texto defende um cessar-fogo entre as partes, mas se refere apenas à reação israelense, considerada "desproporcional", sem nem mesmo uma menção aos foguetes disparados pelo Hamas. Há até uma questão de lógica: para um cessar-fogo, é preciso que haja...troca de fogo!. Tem-se a impressão de que Israel não é o estado originalmente agredido. A votação do Conselho de Direitos Humanos na ONU, que mais uma vez, joga a responsabilidade exclusivamente nas costas de Israel, é uma farsa. É um acinte que a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, fale em possíveis "crimes de guerra" de Israel sem mencionar o fato de o Hamas recorrer a escudos humanos. É um escárnio que o Governo brasileiro seja mais duro com Israel do que, por exemplo com o carniceiro Bashar Al Assad, da Síria. Só para arrematar: em 2006, na gestão Lula, com Celso Amorim à frente do Itamaraty, o Brasil se absteve de uma resolução condenando o governo do ditador Omar al-Bashir, Sudão, pelo massacre de pelo menos 500 mil cristãos em Darfur.
Para o governo petista, Assad e Bashir são caras batutas. Quem merece condenação é o Estado de Israel, que já recebeu uns 2 mil foguetes do Hamas em 15 dias. O histórico da hostilidade dos Governos Petistas com Israel está relacionado, num primeiro momento, ao antiamericanismo bronco dos companheiros. Se os EUS apoiam os israelenses, então os nossos brucutus verde-amarelos vão se opor. Caso no entanto, a omissão aos ataques do Hamas é tão acintosa, é o caso de indagar se não há em nota tão delinquente um componente antissemita.
Fonte: Blog Reinaldo Azevedo
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Postado por: Livre para Voar às 14:44 horas do dia 07/08/2014
Diagramação: WNews
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