sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A PETROBRÁS E OS ABUTRES

O Estado de São Paulo, 04/01/2015
Abutres começam a rondar a Petrobrás, ainda viva e em condições de recuperação, mas em estado bastante precário para atrair a atenção  de aves de rapina. Num esforço para organizar o ataque, o fundo americano Aurelius Capital Management convocou detentores de papéis da empresa para notifica-la por atraso na publicação do balanço do terceiro trimestre. Se a notificação for feita por 25% dos credores de bônus de uma determinada emissão, a estatal terá 60 dias para divulgar as demonstrações financeiras. Se estourar o prazo, poderá ser declarado um calote técnico. Nesse caso, terá de  antecipar o pagamento de bilhões de dólares. Em mais um esforço para neutralizar essa ameaça, a Petrobrás anunciou a intenção de publicar o balanço, mesmo sem o aval de um escritório de auditora, até 31 de janeiro. Poderá fazê-lo antes disso. A empresa já havia renegociado dívidas bancárias de US$ 7 bilhões, tentando ganhar algum tempo para a divulgação de suas contas. A Petrobrás já adiou duas vezes a publicação do balanço. Com a multiplicação de denúncias sobre a pilhagem da empresa, a PricewaterhouseCoopers (PwC), a firma de auditoria, recusou avalizar as contas.
Com isso, evitou o risco de um dano importante à sua imagem e o perigo de um processo legal nos Estados Unidos. Mas a cautela da (PwC) foi apenas um dos impedimentos. A própria estatal se exporia a problemas muito mais graves, se divulgasse os dados contábeis antes de uma boa avaliação dos estragos acumulados em vários anos de bandalheira. Em resumo a gestão petista conseguiu assustar os auditores e atrair os abutres. Enquanto as aves permanecem a distância, dirigentes da empresa tentam melhorar sua imagem e torná-la menos vulnerável  a novos ataques de corruptos e corruptores. Na segunda-feira passada, a diretoria anunciou a decisão de vetar firmas brasileiras de engenharia, suspeitas de participação em cartel para partilha de contratos bilionários com a Petrobrás. A relação foi elaborada, segundo o comunicado da estatal, com base nos depoimentos tomados durante a Operação Lava Jato. A empresa informou também a suspeita de envolvimento da Fundação Petrobrás de Seguridade Social (Petros) nos fatos apontados pelos investigadores oficiais. A suspeita é baseada numa apuração independente conduzida por dois escritórios de advocacia contratados pela estatal.
Mesmo sem a ação ostensiva de abutres, a Petrobrás já foi amplamente prejudicada no mercado de capitais com a desvalorização de seus papéis e o comprometimento de sua imagem. Durante o governo da presidente Dilma Rousseff a empresa perdeu mais da metade de seu valor de marcado - uma redução de cerca de R$ 200 bilhões . Sua ação, próxima de R$30 há quatro anos,foi negociada há poucos dias abaixo de R$10. Sua nota de crédito já foi rebaixada e há ameaça de novo rebaixamento. A empresa enfrenta processo nos Estados Unidos por haver publicado informações duvidosas, isto é, sem mostrar os danos causados pela corrupção instalada em sua administração. O mais recente, movido pela prefeitura da cidade de Providence, capital do Estado de Rhode Island, menciona a presidente Dilma Rousseff e outras 11 figuras - autoridades e empresários - como "pessoas de interesse da ação".A noticia desse processo bastou para causar mais uma queda de 6% no valor das ações da companhia,no dia 26 de dezembro de 2014
Ações e títulos de créditos apodrecem porque seus gestores cometem erros graves e se tornam indignos da confiança dos mercados. Os papéis e a imagem da Petrobrás podem  ser recuperados. Mas o primeiro a demonstrar respeito à empresa deve ser o Governo Dilma Rousseff (grifos meus) "Não basta defender" como diz a manchete do Jornal O Estado de S.Paulo em 2/01/2015. O Brasil não pode esperar mais; os abutres são uma consequência.
           Instituto Humanitas Unisinos nossos agradecimentos
Digitado e postado por
Iracema Alves - jornalista cadeirante

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