sexta-feira, 20 de junho de 2014

Vamos ganhar a Copa...?

 
 
Por Dr. Isaac Roitman *
 
 
Se o leitor espera um texto sobre a Copa do Mundo, vai ficar decepcionado. O tema é o desafio mais importante para o país: a Copa da Educação. Se ainda tivermos alguma esperança de termos uma sociedade justa, na qual todos possam realizar seus anseios e alcançarem a felicidade, temos que ganhar esta Copa, para proporcionar uma educação de qualidade para todos, independente da classe social. Pensadores como Confúcio (551 a.C - 479 a.C) e Sócrates (569 a.C - 399 a.C) já demonstravam preocupação com o tema. Confúcio: "Diga-me e eu esquecerei, mostre-me e eu lembrarei, envolva-me e eu compreenderei". Sócrates: "A mente não é um poço que se deve encher, mas uma fogueira que se deve ascender". Esses pensamentos foram revisitados posteriormente por John Dewey (1859-1952). Albert Einstein (1797-1855), Anísio Teixeira (1900-1971), Paulo Freire (1921-1997), Darcy Ribeiro (1922-1997), entre outros.  A atual educação brasileira pode ser considerada verdadeira tragédia. Muitos descrevem a situação dizendo que nossas escolas são dos século 19, os professores do século 20 e os estudantes do século 21.
 
O descompasso é evidente. Na educação básica, o aluno espera ansiosamente o sinal para sair da escola. Aparentemente, essa síndrome não é nova. Einstein costumava dizer: "Desperdiçamos  a vida, recursos e cérebros com essa escola maçante e alienada" . Completava com outra outras duas máximas: 1 " A educação é aquilo que permanece quando alguém esquece tudo o que aprendeu o colégio", 2 A imaginação é mais importante que o conhecimento". O pai da física moderna propôs seus paradigmas para uma educação de qualidade: cultura, espírito crítico, busca dos fundamentos, ética e consciência social, criatividade, imaginação e intuição. Paulo Freire pregava que o educando assimilaria o objeto de estudo exercendo uma prática dialética ligada à realidade, em contraposição a uma educação bancária, tecnicista e alienante. O educando  criaria a própria educação e não seguiria um caminho previamente construído. O estudante seria importante protagonista na sua educação, expressada na célebre frase: " Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção". 
 
Por sua vez, Anísio acreditava que só existiria democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara ad democracias, a boa escola pública, Ao mesmo tempo, dizia que era contra a educação como processo exclusivo de formação de uma elite mantendo a grande maioria da população em estado de analfabetismo e ignorância. A prioridade na revolução educacional brasileira será conquista universal da qualidade no ensino básico. Atualmente, a responsabilidade do ensino fundamental é municipal e o ensino médio estadual. É evidente que os municípios e estados brasileiros apresentem grande assimetria econômica e cultural. Como costuma dizer o professor e senador Cristovam Buarque, a criança, ao nascer, já tem na testa um selo do tipo de educação que vai receber, pelo CPF (segmento social) e pelo CEP (município em que reside) Colocarmos em prática a proposta desse notável educador de federalizar o ensino básico será passo importante que permitirá a criação de uma carreira nacional dos mesmos, que merecem receber o mais alto salário da carreira pública, pela responsabilidade que têm de prepararem as futuras gerações.
 
A federalização deve ser acompanhada de uma pedagogia contemporânea , priorizando conteúdos com ênfase na aquisição de valores civilizatórios em ambiente lúdico e prazeroso. A presença da família no processo educativo é absolutamente fundamental, como a ampliação de espaços culturais e esportivos acessíveis para todos.
 As proposta de Priscila Cruz (Todos pela Educação) devem ser disseminadas. Ela enfatiza que o salto na educação é imperativo. "A tecnologia avança aceleradamente, os interesses dos alunos são outros, a sociedade é mais complexa, e a economia, mais interdependente. Nos últimos anos, a humanidade produziu muitos conhecimentos que têm pouco espaço no currículo atual. E, por fim, o mercado de trabalho exige novas competências". O sucesso da Copa da Educação depende de todos nós. Ele será o melhor investimento para o futuro das próximas gerações.
 
* Dr. Isaac Roitman Professor Emérito da Universidade de Brasília 
e membro Titular da Academia Brasileira de Ciências.
Fonte: Correio Brasiliense
            Editoria: Opinião
 
Postado por Livre para Voar.
Diagramação: WNews
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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