sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Fazendeiros do MS farão leilão para financiar "resistência" contra indígenas

Fazendeiros de Mato Grosso do Sul irão leiloar "de galinha a vaca - gado de Origem Pura (OP)" para financiar a luta contra indígenas.  Nesta quarta-feira, dia 13 de novembro de 2013, ruralistas se reunirão na Associação de Mato Grosso do Sul (ACRISSUL), em Campo Grande, para organizar o "Leilão da Resistência", evento cujo recursos serão destinados a ações de combate às ocupações de terras por indígenas no Estado. 
A reportagem é de Ruy Sposati e publicada pelo portal do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) em 13 de novembro de 2013.
Após as malsucedidas negociações com o governo federal e indígenas, produtores da região tem se pronunciado de maneira virulenta sobre a questão fundiária no Estado - e sobre quais serão os próximos passos dos ruralistas na " resistência" contra o avanço das ocupações indígenas. No último dia 7, em reunião realizada na ACRISSUL, o presidente da Entidade, Chico Maia disse: "a Constituição garante que é direito do cidadão defender seu patrimônio, sua vida. Guarda, segurança custa dinheiro. Para entrarmos numa batalha precisamos de recursos Imagina se precisarmos da força de 300 homens para a mobilização". Na reunião do dia 13, Chico afirmou que "novos confrontos estão por vir e algo precisa ser feito para evitar novas mortes". O vice-presidente da federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (FAMASUL), Nilton Piekler, também veio a público corroborar a leitura da ACRISSUL. "Estamos em uma terra sem lei, onde invadir propriedade não é mais crime, alguma rEação precisa ser feita", afirmou.
No início de novembro de 2013, um grupo de fazendeiros permaneceu acampado próximo à ponte que dá acesso à Terra indígena Vvy Katu, em processo de demarcação há 29 anos e retomada pelos Guarani Nandeva, em outubro. Durante o acampamento  ruralistas ameaçaram adotar "medidas próprias" caso o governo federal não apresentasse proposta concreta sobre o "litigio de terras" no Estado. No local circulavam panfletos e adesivos que conclamavam "republicanos, liberais, (...) empresários, militares (...), maçons" a dar um "basta ao marxismo cultural", sob o slogam de "Pelo direito á propriedade. O brasil que produz reage!". Em contexto de conflito envolvendo indígenas e fazendeiros, em novembro de 2011, a empresa de segurança privada Gaspem, que prestava serviços a proprietários de terras que incidem sobre território tradicional, foi acusada de envolvimento na morte do rezador Guarani Kaiowá Nísio Gomes, no tekoha Guaiviry, em Aral Moreira. Na denúncia o Ministério Público Federal do mato Grosso do Sul (MPF-MS) classificou a empresa como "milícia privada", exigindo a suspensão das atividades da companhia.
Além dos fazendeiros, indígenas têm enfrentado a postura truculenta de alguns policiais federais. Conforme relato pelo Conselho Aty Guasu, organização política Guarani e Kaiowá do MS, o delegado da Superintendência da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul, Aleídio de Souza Araújo, declarou que, se fosse preciso, chamaria a Força Nacional para retirar os indígenas e observou que "índios mortos não lutam mais, o sonho acabou"! Em entrevista à Rede Brasil Atual, o antropólogo Kaiowá Tonico Benites, do Conselho Aty Guasu, afirma que o delegado Araújo disse à comunidade que "se vocês estiverem em 4 mil aqui, eu posso juntar 10 mil policiais, Força Nacional para cumprir ordem judicial". "Vocês, índios, vivos podem até cobrar um milhão de reais pela morte de índio do governo, mas quem morreu já morreu", disse. Depois concluiu: " Não sei na crença de vocês, mas na minha crença só um homem ressuscitou que é Jesus Cristo".. 
Fontes: Jornalista Ruy Sposati - Instituto Humanistas Unisinos / Assessoria CIMI/MS

Iracema Alves - jornalista cadeirante
Colaboração:  Wiglinews

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