sábado, 26 de julho de 2014

O Relógio do Coração


Por Mario Quintana *
Há tempos em nossas vidas que contam de forma diferente. Há semanas que duram um ano, como há anos que não contaram um dia. Há paixões que foram eternas, como há amigos que passaram céleres, apesar do Calendário mostrar que ficaram por anos em nossas agendas. Há amores não realizados que deixaram olhares de meses, beijos e abraços não dados que até hoje esperam o desfecho. Há trabalhos que tomaram décadas de nosso tempo na Terra, mas que nossa memória insiste em contá-los como semanas. E há casamentos que, ao olharmos para atrás, mal preencheram os feriados da folhinha. Há tristezas que nos paralisaram por meses, mas que hoje, passados dias difíceis, mal guardamos na lembrança de horas. Há Eventos que marcaram, e que duraram para sempre: o nascimento do filho, a morte do pai, a viagem inesquecível, o êxtase do sonho realizado. Estes têm a duração que nos ensinam o significado da palavra "eternidade".
Já viajei para a mesma cidade uma centena de vezes, e na maioria das viagens o tempo do percurso foi (quase) o mesmo. mas conforme meu espirito, houve viagem que não teve fim até hoje, como também o percurso que nem me lembro de ter feito, tão feliz estava naquela ocasião. O relógio do coração, hoje descubro, bate em frequência diversa que carrego no pulso. Marca um tempo diferente, e das emoções que perduram e que mostram o verdadeiro tempo da existência da gente. Por este relógio, velhice é coisa de quem não conseguiu esticar o tempo que temos no mundo. É olhar as rugas...e não perceber a maturidade e a experiência adquiridas. É pensar antes naquilo que não foi feito, ao invés de se alegrar e sorrir com as lembranças do que viveu. Pense nisso. Se ainda não sabe aprenda a viver. Consulte sempre o relógio do coração! É ele que lhe mostrará o verdadeiro tempo da vida!
"A vida é o dever que trouxemos para fazer em casa". Quando se vê são seis horas! Quando se vê é sexta-feira! Quando se vê, já é Natal! Quando se vê , já terminou o ano! Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram quarenta anos! Agora é tarde demais para ser reprovado. se me fosse dado outras oportunidades, eu nem olharia o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas. Seguraria o amor que está à minha frente e diria: "não me deixe de fazer algo de que gosta devido a falta de tempo". Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que sentirás será a desse tempo que infelizmente jamais voltará.
* Fonte: obra O Tempo
 Iracema Alves - jornalista cadeirante - postado em 26/07/207 às 22:11 horas
 Diagramação: WNews 

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