domingo, 10 de setembro de 2017

 
              0 MESMO ERRO DUAS VEZES
 
 
    Longe de ser uma retificação, a declaração do Procurador- geral da República, Rodrigo Janot, segunda feira incorreu no mesmo erro cometido em maio de 2017, quando o País  soube do acordo de colaboração premiada com Joesley Batista. Na ocasião foi divulgado que havia, na gravação da conversa entre Joesley e o presidente Michel Temer, prova inequívoca da ausência do presidente  à suposta compra do silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro. Um dia depois, quando se tornou pública a íntegra do áudio gravado no Palácio do Jaburu, constatou-se a inexistência da alegada anuência presidencial. Era simplesmente a velha calunia, o ato de imputar falsamente fato definido como crime a uma pessoa.
 
Exatamente como ocorreu com o chefe do Poder Executivo em maio, agora foi a vez de o Supremo Tribunal Federal (STF) ser injustamente envolvido em supostos crimes. Na tarde de segunda feira passada, o senhor Rodrigo Janot convocou a imprensa para dizer que a Procuradoria-Geral da Republica (PGR) recebido dia 31 de agosto uma gravação com conteúdo  gravíssimo, que poderia levar  à recesão do acordo de delação  premiada com os executivos do JRS. "Áudios com conteúdo grave, eu diria, gravíssimo, foram obtidos pelo Ministério Público Federal (MPF) na semana passada, precisamente quinta feira, às 19 horas. A analise de tal gravação revelou dialogo entre dois colaboradores com referências indevidas à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal", disse  Rodrigo Janot. Diante dessa declaração, logicamente o País ficou atônito, tentando saber, com a urgência possível, quais seriam os ministros da Suprema Corte, envolvidos nas tramoias  de Joesley Batista e quais crimes eles teriam cometidos
 
Já não era apenas um procurador da República supostamente metido numa atividade  criminosa. As palavras de Janot colocavam em dúvida a lisura e a integridade dos ministros do STF.  Qual não foi a surpresa do País ao saber que tal gravação de mais quatro horas não trazia qualquer indício  de crime envolvendo ministro da Suprema Corte. Havia mera menção a alguns nomes, mas sem relação eventual criminosa. Mais uma vez o País fora ludibriado pelo procurador-geral da Republica. Tem -se aqui - este sim - um fato gravíssimo. Em vez de pedir desculpas à Nação e demitir-se do cargo em razão da desastrada condução do caso devolvendo a delação da (JBS), o procurador -geral da República envolveu indevidamente o STF numa versão que só traz demérito à própria Procuradoria-Geral  da República. Uma vez conhecido o conteúdo  da conversa entre Joesley  Batista e Ricardo Saud, não vislumbra qualquer motivo para vincular a Suprema Corte ao tal "conteúdo gravíssimo", mencionado por Rodrigo Janot.
 
O conteúdo gravíssimo do áudio revelado refere-se tão somente à atuação do procurador Marcelo Miller e do próprio Janot. Ali há motivo mais  que suficiente  para uma investigação diligente, até mesmo porque, no momento, tudo indica que a ação controlada de Joesley Batista, não foi de fato autorizada pelo STF. O papel do Ministério Público de ser exatamente o oposto ao que por Rodrigo Janot. Em vez de distinguir o joio do trigo com isenção. Rodrigo Janot conhecia a gravação e mesmo assim optou por tratar a Suprema Corte da forma  como tratou. Mero descuido não foi.
 
Redação
 
Iracema Alves
jornalista gestora cadeirante

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