As responsabilidades diferenciadas dos países na crise climática continuam sendo o ponto-chave da conferência de Lima, a COP-20, que se aproxima do fim. A questão, que se refere à divisão dos cortes nas emissões de gases-estufa e aos desembolsos dos recursos financeiros, irá se estender para a próxima conferência, em Paris, onde se espera que seja assinado o acordo global climático a vigorar a partir de 2020
A reportagem é de Daniela Chiaretti, publicada pelo jornal Valor, 12/12/2014
A proposta brasileira, chamada de "círculos concêntricos", com três faixas onde se poderiam se abrigar os países ricos, as grandes economias em desenvolvimento e os países mais vulneráveis (cada um com suas metas e obrigações),foi muito discutida para o texto dos elementos do acordo - uma espécie de protótipo do que se deve ser assinado na conferência francesa, em 2015. "A nossa proposta é uma tentativa de superar a dificuldade", disse o negociador-chefe do Brasil, embaixador José Antonio Marcondes de Carvalho. Ele rebateu a intenção dos EUA e do bloco europeu de "autodiferenciação" - ou seja, se colocarem com as mesmas obrigações das economias emergentes, por exemplo - e disse que o que está sendo negociado em Lima está dentro do que diz a convenção do clima. "A convenção é lei em todos os países. O que eles propõem é uma ilegalidade que não podemos permitir". O discurso do Estado americano, John Kerry, no início da tarde de ontem (11/12/2014), foi em outra direção. "Todos os países têm que fazer a sua parte. E se você é uma grande nação em desenvolvimento e não está liderando, então, você é parte do problema", resumiu. "Mas é bem simples, não podemos ficar discutindo as fatias de cada um."
Mais da metade das emissões vem do mundo em desenvolvimento, frisou Kerry. "Ninguém aqui acredita que o acordo climático será a bala de prata que irá resolver esse problema", disse, lembrando que a janela de oportunidade esta fechando rapidamente e que a solução passa pelas políticas energéticas. " Temos que tomar ações concretas e medidas ambiciosas. O acordo em Paris não é uma opção. É uma necessidade imperativa." Gao Feng, um dos chefes da delegação chinesa, disse que a "convenção é um guia de princípios . Para os países em desenvolvimento, o mais caro é o que diz que todos os países têm responsabilidades na crise global climática, mas alguns tem que fazer mais que os outros, os desenvolvidos - argumento conhecido pela sigla *CBDR.
Eliana Bardram, chefe da delegação europeia, disse que o mundo não é o mesmo de 1992, quando a convenção do clima foi criada. "Todos respeitamos o princípio do CBDR, mas temos que aplica-lo de um jeito mais contemporâneo. Hoje há muito mais diversidade de competitividade nas diferentes economias, os PIBs mudaram, assim como a capacidade de enfrentar a mudança do clima".
* CBDR : sigla em inglês para responsabilidades comuns mas diferenciadas. principio que norteia as negociações de desenvolvimento sustentável. O principio oficializa que se espera dos países ricos maior empenho financeiro para implementação de ações, pelo fato de virem degradando o ambiente há mais tempo e de forma mais intensa.
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - nossos agradecimento
Digitado por Livre para Voar em 15/12/2014
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