domingo, 18 de outubro de 2015

A SEM-VERGONHICE SENTOU NA PRAÇA

  
 "De tudo ficam três coisas: a certeza que estou sempre começando, a certeza que é preciso continuar e a certeza que será interrompido antes de terminar. Fiz da interrupção um caminho, da queda um passo de dança, do  medo uma escada, do sonho uma ponte à procura do reencontro comigo mesmo"   Charlie Chaplin   
"O texto acima escolhi para homenagear o Dia dos Médicos do Mundo (18/10) pela opção da Medicina. Quantos milhares de vida salvas ou infelizmente outras não pois
 seus caminhos foram escolhidos por Deus e o Universo. A redação abaixo é dedicada aos médicos em geral  em nome dos quais "agradecemos nossas vidas"
Iracema Alves
O panorama de ampla, geral e irrestrita sem-vergonhice escancarado  pela divulgação diária de novas e escandalosas roubalheiras, conchavos e  chicanas coloca o País diante do risco da banalização de uma rotina que pode acabar transformando em conformismo a indignação que hoje assalta a consciência cívica nacional. Afinal se todo mundo é ladrão, se é impossível associar política a princípios morais, se a regra é o salve-se-quem puder, dane-se o resto, que eu vou cuidar da minha própria vida. Foi algo assim  no caso, o processo de conversão ao "pragmatismo" que abriu a Lula e a seu PT o caminho de acesso ao poder e à insensibilidade moral.
Passou a valer o debochado aforismo: "Instaure-se a moralidade, ou nos locupletemos todos", sendo apenas para constar a primeira alternativa do brocardo. É a lógica dos safados, a desculpa dos picaretas, o refúgio da bandidagem
engravatada. É a motivação oculta dos idealistas de fôlego curto  que acabaram descobrindo que é muito mais fácil e proveitoso desfrutar do poder do que usá-lo para promover o bem geral. Só que Lula e sua tigrada não consideraram que no clube do "locupletemo-nos todos" teriam que dividir espaço com gente de larga experiência na matéria, velhos e astutos coronéis e capas pretas da politica.  
Misturada a sem-vergonhice com a incompetência, o País mergulhou na atual crise, cuja marca mais perniciosa tem sido a falta de esperança numa solução de curto ou de médio prazo. Os brasileiros não podem no entanto, simplesmente dar as costas àquilo que repudiam e renunciar ao direito de lutar pela construção de seu próprio destino. O primeiro passo é identificar com clareza as figuras que, por nefastas, merecem ser punidas com a expulsão da vida política. É uma punição pela qual a democracia oferece a todos uma arma poderosa o voto. 
É mais que óbvio que, depois de 12 anos de governo, a irresponsabilidade do populismo lulopetista é a principal culpada pelas agruras que maltratam hoje os brasileiros, de modo especial os mais pobres, em nome dos quais o PT reclamou o poder. E quem personifica, desde sempre, a imagem do PT? Não é, certamente, a presidente Dilma Rousseff, que já está com prazo validado vencido. O PT é Lula. E a grandeza de Lula se mede por um de seus último atos na Presidência da República. Em dezembro de 2010, Lula ordenou a seu chanceler, Celso Amorim, que ignorasse o regulamento do Itamaraty e contemplasse com passaportes diplomáticos os petizes Da Silva.
Eles já estão destinados a iniciar prósperas carreiras como empresários. Que mal há nisso? O mal na questão dos passaportes, é que está errado, não pode, a Lei não permite, nem mesmo um presidente que deixa o cargo desfrutando de altíssima popularidade, está acima da Lei. Em resumo é imoral. Exatamente porque não hesitou em beneficiar a filharada com favores indignos, Lula demonstrou que não teria dúvidas em fazer o mesmo em outras circunstâncias, digamos, menos triviais. O noticiário recente exibe o elenco de possibilidades que se abriram à sortuda prole.
Tudo passa, para recorrer ainda à sabedoria popular de que Lula se vangloria de ser guardião. Dilma por exemplo passará. Mas Lula acha que ficará - e mexe os pauzinhos para chegar a 2018 como salvador da Pátria, a mesma que ajudou a enfiar neste buraco fundo em que estamos. Mais cedo ou mais tarde, Lula terá de se haver ou com a ação conjugada da PF com o MPF ou com as urnas. Da condenação destas últimas só escapará se os brasileiros perderem a FÉ em que podem ser sujeitos e não meros objetos da História.
FONTE: Jornal O Estado de S. Paulo via internet em 18/10/2015  às 15h 54
              Postado por
              Iracema Alves
              Jornalista cadeirante autônoma

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