sexta-feira, 24 de abril de 2015

Um retrato do Juiz Sergio Moro

Dono de estilo reservado, caráter ilibado, honestidade implacável e hábitos simples, o Juiz da Vara federal de Curitiba-PR entrou para a história de nosso país ao levar executivos poderosos ligados ao PT de empreiteiras famosas para a cadeia; e se mostrar implacável no combate à corrupção da Petrobrás e da politica brasileira. Sempre que alguém o compara com Joaquim Barbosa, ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal, Sério Moro desconversa. Ou melhor, silencia. O Juiz  da 13ª Vara Federal criminal de Curitiba, que ganhou notoriedade à frente das investigações da Operação Lava-Jato, não gosta desse tipo de comparação nem de especulações sobre seu futuro. Há alguns anos, rejeitou sondagens para se tornar desembargador, o que para muitos é degrau natural para galgar a última instância do Judiciário.

Moro afastou-se da oferta por desconfiar de tentativa de cooptação por parte de um figurão da politica nacional que temia virar réu num inquérito que chegou à sua mesa. Não fosse isso, ele daria outro jeito de recusar a oferta por acreditar que ainda há muito o que se fazer na primeira instância. Eleito pela Revista "ISTO É o Brasileiro do Ano", Sergio Moro não mostra sedução pelo poder da toga. De hábitos simples, ele faz parte de uma rara safra de juízes que encaram a magistratura como profissão de Fé. Não dá entrevista, nem posa para fotos. Dispensa privilégios. Vai para o trabalho dos os dias a bordo de um velho Fiat Idea 2005, prata, bastante sujo e repleto de livros jurídicos empilhados no banco de trás.

Antes, chegou a ir de bicicleta. "Quando eu chego aos lugares, ninguém imagina que é o Sérgio Moro", conta, sorrindo. Apesar de ter se tornado o inimigo número um dos poderosos, prefere andar sem guarda-costas. Quem sempre reclama é sua esposa, a advogada Rosângela Wolff de Quadros Moro, procuradora jurídica da Federação Nacional das Apaes, Instituição dedicada à inclusão social de pessoas com deficiência. A "Sra. Moro" teme  pela segurança do marido, e dela mesmo, afinal o magistrado se mostrou implacável com a corrupção ao encurralar integrantes do governo do PT e levar, numa ação inédita, executivos das maiores empreiteiras do País à cadeia.

Nascido em Ponta Grossa - PR - há 42 anos, Moro é filho de Odete Starke Moro com Dalton Áureo Moro, professor de geografia da Universidade de Estado de Maringá - morto em 2005. Antes de ingressar na Magistratura, seguiu os passos do pai. Integrou o mesmo departamento de geografia da UEM -Universidade Estadual de Maringá e também deu aula nos colégios Papa João XIII e Dr. Gastão Vidigal.. Obteve os títulos de Mestre e Doutor em Direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná. Seu orientador foi Marçal Justen Filho, um dos mais conceituados especialistas em licitações e contratos.

Cursou o Programa of Instruction for Lawyers na prestigiada Harvard Law School e participou de programa de estudos sobre lavagem de dinheiro no International Visitors Program, promovido pelo Departamento de Estado Americano. Sérgio Moro criou Varas especializadas em crimes financeiros na Justiça Federal e trás no currículo outras operações de peso. Presidiu o inquérito da operação Farol da Colina, que desmontou uma rede de 60 doleiros, entre eles Alberto Youssef. A investigação fora um desdobramento do caso Banestado, que apurou a evasão de US$ 30 bilhões de políticos por meio das chamadas contas CC5. Ciente de que os mecanismos de lavagem de dinheiro evoluem e se tornam cada vez mais complexos, Moro não para de estudar.

É um aficionado pela histórica "Operação Mãos Limpas"* Quando a compara com a Lava Jato, não tem dúvidas." É apenas o começo"... O caso que marcou para sempre a politica italiana foi deflagrado por um acordo de delação, mecanismo inaugurado anos antes nos processos contra a máfia. Após dois anos de investigações, a Justiça italiana havia expedido 2.993 mandados de prisão contra empresários e centenas de parlamentares, dentre os quais quatro ex-premiês. Num artigo sobre o caso italiano em 2004, Moro exalta os chamados "pretori d'assalto", ou "juízes de ataque", geração de magistrados dos anos 1970 na Itália que ganharam espécie e legitimidade ao usar a lei para "reduzir a injustiça social", tomar "posturas antigovernamentais" e muitas vezes agir em substituição a um poder politico importante".

O juiz Sérgio Moro se identifica com essa geração e vê no Brasil de hoje um cenário semelhante e propicio ao combate à Corrupção. Joaquim Barbosa seja nosso Presidente da República. Acorda o Brasil por favor!(grifos meus)

* Ilustríssimo juiz Sérgio Moro, permita-me lhe enviar o texto "As mãos Sujas" 

Postado e digitado por
Iracema Alves - jornalista cadeirante em 24/04/2015

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