segunda-feira, 8 de junho de 2015

O BB NÃO É A PETROBRÁS

Por Eliane Cantanhêde
Henrique Pizzolato vem aí, trazendo com ele doloridas lembranças do mensalão e reavivando a certeza de que, na era PT, a politica desenfreada de ocupação de estatais e bancos públicos não se resumia à Petrobrás. O Banco do Brasil foi uma das vítimas mas se defendeu. Petrobrás e BB viraram paraíso  de petistas e sindicalistas, mas  como uma diferença: os funcionários da petroleira não viram, não ouviram e não falaram nada nesses anos todos, enquanto os do banco souberam botar a boca no trombone na hora certa, já em 2003, meses depois da posse de Lula. Foi assim que o BB resvalou  nos escândalos, mas - pelo que se sabe até agora - não afundou neles, como a Petrobras.
Fora da presidência, os petistas jogaram-se com unhas e dentes  nas demais instâncias do BB. Cinco dos sete vice-presidentes eram vinculados ao PT e só escaparam dois, o de Agronegócios e o de Negócios Internacionais. À época, o então presidente da Associação Nacional dos Funcionários do BB (ANABB), Vladimir Camilo, me deu sua versão, um tanto preconceituosa, para essas duas exceções: os sindicalistas do PT não entendiam de agronegócios, só de MST, e não podiam assumir a vice internacional porque não falavam uma palavra em inglês.
Além dos vices, os "companheiros" abocanharam oito das 15 diretorias, sete das dez gerências gerais e as três joias da coroa: Previ ( fundo de pensão), Cassi (plano de saúde) e Fundação BB (programas sociais e culturais). Além do presidente, cinco dos seis diretores do Conselho Diretor da Previ, maior fundo de pensão da América Latina, com um patrimônio de R$ 38 bilhões em 20023, passaram à mãos de petistas a partir da posse de Lula! Voltemos pois a Pizzolato, funcionário de  carreira do Banco do Brasil, militante do PT, sindicalista atuante e ex-presidente da CUT no Paraná.
Em 2002, ele trabalhou diretamente com o tesoureiro da candidatura de Lula, o agora famoso Delúbio Soares, e apresentava-se por aí com sua curiosa gravatinha borboleta e um cartão de visitas poderoso: "Henrique Pizzolato - do Comitê Financeiro". Eleito Lula, Pizzolato voltou por cima ao BB, como diretor de Marketing (um dos oito diretores petistas), e não demorou muito para aprontar das suas. Já em 2004, foi pego com a boca na botija quando o BB comprou R$ 73,5 milhões em ingressos de um show  de Zezé de Camargo e Luciano para arrecadar fundos para...a nova sede do PT.
Depois, Pizzolato foi flagrado levando para casa a bagatela de R$ 356 mil em dinheiro vivo, numa dessas confusões nunca bem explicadas, e foi condenado a 12 anos e sete meses de cadeia no escândalo do mensalão. Diferentemente dos demais réus, fugiu. Usando o nome de um irmão morto, foi curtir sua dupla cidadania na Itália, até acabar preso. Os excessos de Pizzolato, aliados à coragem de funcionários de carreira, alertaram a imprensa desde o início para o aparelhamento e o tsunami que estava armando. Foi assim que o Banco do Brasil, aparentemente, escapou da tragédia que assolou a nossa Petrobrás e, quem sabe, outros bancos e empresas do País. 
E é por isso que uma lei de Responsabilidade das Estatais, desde que bem discutida e com objetivos claros, é muito bem-vinda. Quando se enrolou com o show pró PT, Pizzolato me deu uma entrevista em que foi irônico, às vezes sarcástico, apostando que nada iria lhe acontecer: "Já comemos {ELE E O PT} torresmo com muito cabelo" Agora é saber se tem torresmo na Penitenciária da Papuda, com ou sem cabelo. FHC após um mês entre Europa e Bahia esta com erisipela. Literalmente, de pernas para o ar.
Fonte: Eliane Cantanhêde é colunista do Jornal Estadão
            Postada em  09/06/2015 às 19:25 hs
Iracema Alves
Jornalista Cadeirante

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