domingo, 28 de fevereiro de 2016

CASOS SALTARAM DE 1 OU 2 PARA MAIS DE 15 POR MÊS

A microcefalia já existia  em Sergipe antes da zika. Médicos e enfermeiros estavam acostumados a ver um ou dois casos por mês nos Hospitais do Estado, mas a notificação não era compulsória. Até que em agosto de 2015, apareceram cinco casos, seguidos de outros 15 em setembro e mais 35 em outubro.

"Aí, pronto, alguma coisa  estava errada", diz o obstetra Luíz Eduardo Prado Correia, superintendente da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, Instituição de referência para gestações de alto risco da Secretaria de Estado de Saúde, em Aracaju. "Houve um aumento repentino do número de casos, sem dúvida, de maneira assustadora".

A infectologista e superintendente do Hospital Universitário de Sergipe, Angela Maria da Silva; em novembro, o número saltou para 64. Depois, caiu para 37 em dezembro e 21 em janeiro de 2016. Neste mês, foram 17. "Estatística vem diminuindo, mas ainda está muito acima do esperado", avalia Mércia Feitosa de Souza uma das coordenadoras do Plano Estadual de Combate à Microcefalia.

Sequelas: a gravidade dos casos é variada, mas todos os bebês precisam de acompanhamento. Um relato frequente das mães é que eles choram muito e têm dificuldade para mamar. Outras complicações incluem dificuldade respiratória problemas de visão e audição, espasmos e rigidez muscular.

Há crianças que nascem com deformações nos braços e nas pernas.

Segundo os médicos, podem também estar relacionadas ao zika. "Temos de encarar esse vírus com muito respeito. Nunca vimos um inimigo tão oculto, e devastador", alerta o pediatra e virologista Saulo Passos, da Faculdade de Medicina de Jundiaí, que participou do trabalho de campo em Sergipe. "Eu vim aqui para olhar na boca do leão; e o que a gente viu até agora assusta "/H.E

Postagem / Jornal o Estado de S. Paulo - Pag. 17 Internacional 28/02/2016 
Iracema Alves
jornalista cadeirante    
  
  

sábado, 27 de fevereiro de 2016

TEM COISAS QUE A GENTE FALA SÓ PARA PESSOAS QUE ENTENDE (...)

Quando você conseguir superar graves problemas de relacionamentos, não se detenha na lembrança dos momentos difíceis, mas na alegria de haver atravessado mais essa prova em sua vida. Quando sair de um longo tratamento de saúde, não pense no sofrimento que foi necessário enfrentar, mas na bênção de Deus que permitiu a cura. Leve na sua memória, para o resto da vida, as coisas boas que surgiram nas dificuldades. Elas serão uma prova de sua capacidade, e lhe darão  confiança diante de qualquer obstáculo. Uns queriam uma vida mais amena; outros, apenas viver. Uns queriam pais mais esclarecidos; outros, queriam ter voz bonita; outros falar. Uns queriam silêncio; outros ouvir. Uns queriam sapato novo; outros, ter pés. Uns queriam um carro; outros, andar. Uns queriam o supérfluo ; outros, apenas o necessário. Há dois tipos de sabedoria: a inferior e a superior. A sabedoria inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe e a superior é dada pelo quanto ela tem consciência de que não sabe. Tenha a sabedoria superior. Seja eterno aprendiz na escola da vida. A sabedoria superior tolera; a inferior, julga; a superior alivia; a inferior, culpa; a superior, perdoa; a inferior condena. "Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar!!!"
Chico Xavier. 

HOJE, QUEM MANDA NA FAMÍLIA CHAMA-SE MARISA LETÍCIA

Quando surgiu o escândalo do mensalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a achar que iria sofrer impeachment. Mas os tucanos, do alto de sua prepotência, pensaram (?!) que seria melhor deixá-lo sangrar. O resultado todos sabem, Lula escapou praticamente incólume, ganhou outro mandato e ainda elegeu um poste de sua sucessão. Agora, no escândalo do Petrolão, a impunidade de Lula poderia até se repetir. Ele seria chamado a depor como "informante" (ironia do destino, segundo o delegado Romeu Tuma Jr) ou "testemunha", porém como "investigado". Mas na política as coisas mudam como nuvens, já dizia Magalhães Pinto. 

Lula vem sendo investigado em vários inquéritos, devido à sucessão de erros cometidos, especialmente no caso do Guarujá e do sítio de Atibaia. e estes dois fatos altamente desabonadores só existem... por causa de dona Marisa Letícia.

Escândalo Rosemary: dona Marisa mudou muito, depois que surgiu o escândalo do romance de Lula com Rosemary  Noronha, iniciado na década de 90 no Sindicato dos bancários de São Paulo, então presidido por João Vaccari Neto, que aparentou ao fundador do PT aquela jovem e atraente secretária. Dona Marisa mudou não somente em aparência, em função das operações plásticas e dos procedimentos estéticos a que se submeteu, mas também quanto a seu relacionamento com o marido, que nunca mais foi o mesmo.

A divulgação do prolongado romance com Rosemary foi devastadora, é claro. Dona Marisa enfim ficou sabendo por que o marido pedia que ela não o acompanhasse em viagens internacionais, e Lula não tinha como negar nada. As relações do casal nunca mais se normalizaram, é claro. E nem houve a festa das bodas dos 40 anos de casamento, em 2014. Lula se viu acuado, dona Marisa cresceu e apareceu, passou a fazer exigências, não era mais a mulher dócil com quem ele se casara. A estratégia que Lula encontrou foi satisfazer todas as vontades de dona Marisa.

Assim, para agradá-la, o modesto apartamento 141 no Guarujá, com apenas 82,5 mº um simples sonho de classe média, acabou se transformando no tríplex 164A, que nem existia no empreendimento da Bancoop que a prefeitura aprovou. O contrato assinado por dona Marisa em 2006, em sua clausura 2º, comprova que no prédio havia apenas dois tipos de apartamentos - o simples, 82,5 mº e o duplex de cobertura, com 126,35 mº simplesmente não existia. Foi criado exclusivamente pela OAS para alojar a família Lula da Silva e amaciar dona Marisa.

E para não dar na vista, a construtora transformou em tríplex um apartamento ao lado, que veio a ser comprado por outra personagem envolvida no escândalo do Lava Jato e que operava na lavagem de dinheiro, a publicitária Neuci Warken. O tríplex 163-B registrado em nome da offshore Murray Holdings, acabou  ficando com Nelci, como chegou a ser presa na Operação Triplo X e está colaborando com as autoridades. Como se dizia antigamente, a emenda saiu pior do que o soneto, a corrupção foi ficando cada vez mais explicita.

Um dos maiores problemas de Lula é que somente depois de sair do governo é que ele se tornou milionário e acumulou bens. Em 2010 ele estava deixando o governo e sua declaração de renda não justificava a compra simultânea do tríplex em Atibaia. Ele ainda não começara a fazer as palestras para os amigos empreiteiros, o Instituto Lula estava iniciando suas atividades. Por isso, teve de usar os laranjas Fernando Bittar e Jonas Suassuna para comprar o sítio em Atibaia, pagando R$ 1,5 milhão (valor declarado na escritura, que geralmente é subfaturado, para reduzir o Imposto de Transmissão).

Um dos motivos da compra do sítio foi a mudança de Brasília. O apartamento de São Bernardo e o Instituto Lula (que era chamado de Instituto Cidadania) não tinham a menor condição de receber os onze caminhões da mudança, um deles climatizado, para transportar as garrafas de bebidas finas que ele ganhara nos oito anos de mandato. Livros, documentos, alguns presentes que surrupiou da Presidência e algumas caixas de bebidas ficaram no Instituto Lula. Outra parte da mudança, também incluindo caixas de bebidas, foi direcionada para o apartamento de São Bernardo.

Mas foi o sítio em Atibaia que recebeu a maior parte da mudança, e as OAS já havia construído o galpão/adega climatizado, para receber o restante do acervo etílico do ex-presidente, conforme a imprensa noticiou à época e a Tribuna da Internet até liderou uma campanha para que Lula devolvesse os presentes. O sítio sempre foi de dona Marisa, que cuidava dele enquanto Lula trabalhava para os empreiteiros em suas viagens e palestras comerciais. A situação familiar era bastante confortável até o final de 2011, quando surgiu o escândalo de Rosemary Noronha, que mudaria totalmente a vida do casal Lula da Silva.

A briga foi muito feia, Lula não podia se separar, e desde então dona Marisa assumiu o pode familiar "au grand complet", como dizem os franceses. No caso do sítio, sempre foi ela quem cuidou de tudo e comandou as obras de ampliação e reforma final, feitas pela Odebrecht. Tudo lá é do jeito dela. O serviço estava a cargo de um amigo íntimo do casal Lula Silva, o empresário José Carlos Bumlai, que trouxe do Mato Grosso do Sul o arquiteto Ignes dos Santos L. Neto, para tocar a obra e atender às ordens de dona Marisa.

Depois da grande reforma, em que  a Odebrecht gastou R$ 500 mil só em material de construção, dona Marisa mandou fazer a horta e plantar árvores frutíferas, além de dirigir pessoalmente a redecoração, que inclui os dois bonecos de crianças em tamanho natural fabricados em porcelana, que ela colocou sentados no banco em frente à piscina, para divertir  os netos. Todas as informações são rigorosamente verdadeiras e demonstram por que Lula ainda não conseguiu nem conseguirá explicar a situação do tríplex e do sítio? Para fazê-lo, o ex-presidente teria de começar falando sobre o longo e tórrido romance com Rosemary Noronha, que conduziu a vida dele para a encruzilhada em que hoje se encontra.
            Postado em 27/02/2016 às 14h19
                 Iracema Alves
                 Jornalista cadeirante

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

PF APONTA PAGAMENTO 'POR FORA' DE R$ 4 MILHÕES DA ODEBRECHT A MARQUETEIRO DE DILMA NAS ELEIÇÕES DE 2014

Por Matheus Coutinho, Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba e Fausto Macedo - Jornal o Estado de São Paulo".

Nova planilha encontrada no computador de funcionária da empreiteira mostra sete repasses durante o segundo turno do pleito que levou à reeleição da petista, entre 24 de outubro e sete de novembro. A policia Federal pediu nesta 6ª feira, dia 26/02/2016, a prorrogação da prisão temporária do ex-marqueteiro do PT e sua mulher e sócia, João Santana e Mônica Moura com base em novas provas incluindo uma nova planilha de pagamentos apreendida com a funcionária da Odebrecht  Maria Lucia Tavares. Segundo os investigadores, a planilha aponta  o repasse de R$ 4 milhões no Brasil para o "programa da feira", sigla, que a PF suspeita ser uma referência ao marqueteiro.

Entre outubro e novembro de 2014, durante o segundo turno das eleições presidenciais quando João Santana atuou na campanha à reeleição de Dilma Rousseff. Cabe ao juiz Sérgio Moro decidir se acata ou não o pedido de prorrogação das prisões. A planilha descoberta no computador da funcionária detalha um total de sete pagamentos entre 24 de outubro e sete de novembro daquele ano - 2014. Somando R$ 4 milhões, e ainda um valor negociado total de R$ 24 milhões, "claramente à margem da contabilidade oficial da Odebrecht", apontam os delegados Márcio Adriano Anselmo e Renata da Silva Rodrigues no pedido de prorrogação da prisão do casal.

Também chama a atenção dos investigadores uma coluna de planilha intitulada "Cid" associada aos programas  e na qual aparecem as siglas "SÃO", " o que leva a crer tratar-se de São Paulo e um 'status' de "totalmente atendida", seguem os delegados no documento. Além destes elementos, a Polícia Federal aponta os investigadores ainda reforçam que a planilha de pagamento "italiano", compartilhada em trocas de mensagens dos executivos da empreiteira indica que o casal teria recebido recursos ilícitos no Brasil em anos eleitorais. No documento os delegados anexam trecho da planilha em que aparece referências de pagamentos de R$ 5,3 milhões em 2008, ano em que o casal trabalhou nas campanhas municipais de Marta Suplicy, então do PT, Gleise Hoffmann.

O casal de marqueteiro, em depoimento, afirmou que os valores recebidos em conta secreta na Suíça são relativos a campanhas eleitorais realizadas na Venezuela e em Angola. O criminalista Fábio Tofic, com base nos depoimentos, pediu a liberdade do casal e afastou o elo dos recebimentos irregulares com campanhas no Brasil. A respeito da decisão do juiz Federal Sérgio Moro em prorrogar hoje 26/02/2016) a prisão temporária do jornalista e publicitário João Santana e sua mulher Monica Moura, a defesa no processo tem a seguinte posição a dar: "se o próprio Juiz concorda, em sua decisão, que é prematura qualquer conclusão sobre os fatos, deveria ter prevalecido a liberdade, como corolário milenar princípio do "In dubio pro reo", ou seja, "na dúvida, a favor do réu".

Postado em 26/02/2016 às 22h56 por
Iracema Alves
Jornalista cadeirante. 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

PRECE PARA O OBSEDIADO ORAR....

Meu Deus permita aos bons Espíritos me libertarem o espírito maléfico que se ligou em mim. Se é uma vingança que ele exerce pelos males que tenho feito no passado, vós o permita meu Deus, para minha punição e eu suportarei a consequência da minha falta.

Possa meu arrependimento merecer vosso perdão e minha libertação! Mas, qualquer que seja o seu motivo, imploro para ele a vossa misericórdia;

Dignai-vos facilitar-lhe o caminho do progresso que o desviará do pensamento de fazer o mal. Possa eu, de minha parte, retribuir-lhe; o mal com o bem e conduzi-lo a melhores sentimentos, mas também sei, meu Deus, que são as minhas imperfeições que me tornam acessível às influências dos Espíritos imperfeitos.

Dai-me a Luz necessária para reconhecê-las; combatei, em mim, o orgulho que me cega em relação aos meus defeitos;

Como ainda sou imperfeito, uma vez que um ser maléfico pôde me escravizar!

Fazei, meu Deus, com que este golpe desferido em minha vaidade me sirva de lição para o futuro; que me fortaleça na resolução que tomo; de me purificar pela prática do bem, da caridade e da humildade, a fim de opor, de agora em diante, uma barreira às más influências.

Senhor, dai-me forças para suportar com paciência e resignação, sem lamentações, esta prova que, como todas as outras, deve servir, para o meu adiantamento, uma vez que me dá a ocasião de mostrar minha submissão e de exercer minha caridade para com um irmão (a) infeliz. Perdoai-me o mal que eu tenha feito.

                   Livre para Voar 

OPOSITORES PEDEM AUDIÊNCIA COM PRESIDENTE DO STF PARA COBRAR AGILIDADE NO IMPEACHMENT

ERICH DECAT  E  JULIA LINNER AMBOS JORNALISTAS
DO JORNAL O ESTADO DE PAULO EM 23/02/2016

Lideranças dos principais partidos de oposição da Câmara decidiram, em reunião realizada nesta terça-feira, 23/02/2016/ pedir uma audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandonski, para cobrar celeridade na análise dos recursos apresentados no processo que trata sobre o rito do impeachment.. "Decidimos fazermos uma visita da oposição ao presidente do Supremo para pedir agilidade na votação dos embargos para que a gente possa voltar a funcionar. Não podemos mais aceitar que o Brasil fique completamente paralisado, a atividade industrial completamente parada, o Congresso e o governo paralisados", afirmou após o encontro com o presidente do Solidariedade, deputado Paulo Ferreira da Silva, o Paulinho da Força. 

Estamos decidindo ir ao Supremo Tribunal Federal para que o Supremo delibere sobre os embargos apresentados pela Câmara no sentido de tomar uma posição. Até porque continuamos a dizer que foi uma decisão equivocada do STF, acrescentou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR). No início deste mês, a Mesa Diretora da Câmara apresentou recursos ao STF que questionam trechos da decisão da Corte, proferida em dezembro do ano passado, sobre o rito a ser obedecido no processo de impeachment. No encontro desta terça-feira, que também contou com a participação de lideranças do DEM, PSB, deputados do PMDB e representantes do Movimento Brasil Livre (MBL), ficou decidido ainda que os opositores vão apoiar as manifestações pré-impeachment, previstas para o próximo dia 13 de março.  

Lideranças dos partidos de oposição consideram que mobilização do próximo mês ganhará mais força após o pedido de prisão do publicitário João Santana, responsável pelas últimas três campanhas presidenciais do PT, decretado ontem, na 23ª fase da Operação Lava Jato. Santana e sua mulher, Mônica Moura, que também teve pedido de prisão decretado, desembarcaram na manhã de hoje no Brasil e se entregaram à Policia Federal. "Os últimos acontecimentos (prisão de João Santana) geraram novamente uma comoção no País. Até porque o Santana, mais do que um marqueteiro, é o principal conselheiro da presidente Dilma.

Ela ouve mais o João Santana do que o próprio ex-presidente Lula. É uma pessoa que frequenta não apenas o Palácio do Planalto, mas a intimidade do Palácio da Alvorada e que tomou conta. Primeiro foi o tesoureiro nacional que foi preso e condenado, agora é o marqueteiro", ressaltou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy. Na reunião também ficou decidido ainda sem previsão de iniciar as atividades, mas que deverá atuar na organização de ações em todo o País a favor do afastamento da presidente Dilma.

Fonte: O Estado de São Paulo, atualizado dia 24/02/2016 às 13h00

           Iracema Alves 
           Jornalista cadeirante  

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

DILMA CAVA UM BURACO MAIOR

O pífio corte gasto anunciado pelo governo, de apenas R$23,41 bilhões, reforçou as previsões de mais um ano muito ruim para o Tesouro, com a nova e perigosa expansão do endividamento. Além disso, a ojeriza da presidente Dilma Rousseff à seriedade financeira foi confirmada, mais uma vez, pelo afrouxamento proposto da meta fiscal, com espaço para um déficit  primário de até 0,97% do Produto Interno Bruto (PIB). O gasto com juros fica fora do resultado primário. Com os juros, o déficit  geral do setor público foi superior a 9% do PIB no ano passado, muito maior que o observado nas economias avançadas e na maior parte das emergentes.


Já sem credibilidade, a presidente e sua equipe dificilmente poderiam ter apresentado uma proposta mais inoportuna. A insistência na ideia, apresentada alguns dias antes em balões de ensaio, é mais um erro de uma ampla coleção. A nova programação orçamentária foi apresentada ontem pelos ministros da fazenda, Nelson Barbosa, e do Planejamento, Valdir Simão. Na quarta-feira, a Standard & Poor's (S&P), uma das três maiores agências de avaliação de risco, havia rebaixado mais uma vez a nota de crédito do Brasil. A justificativa incluiu, como antes, as incertezas quanto à política fiscal e a perspectiva de mais um ano de recessão, seguido de uma retomada muito lenta.

Pelas projeções da S&), as contas brasileiras terão déficit primário de 13% do PIB neste ano e de 0,7% em 2017. No ano passado, o buraco chegou a 1,8%. estimativas do mercado, coletadas e divulgadas pelo Ministério da Fazenda, também apontam buraco nas contas primárias em 2016 e no próximo ano. O governo, portanto, segundo espera a maior parte dos especialistas, continuará gastando mas do que arrecada ainda por um bom tempo, sem contar a despesa com juros. Os cortes ficam muito longe de qualquer coisa parecida com austeridade.

O plano inclui redução de apenas R$ 4,2 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e mesmo essa economia pode ser mero corte de vento. A execução do PAC sempre ficou bem abaixo dos valores orçados. Não se pretende mexer no programa Minha Casa, Minha Vida. A ideia é preservar os chamados programas sociais. Além disso, salários e benefícios do funcionalismo devem ficar intactos, naturalmente, enquanto trabalhadores do setor dos padrões internacionais. mesmo pela projeção do governo os preços ao consumidor ainda subirão muito este ano: 7,10%.

Mas isso dependerá principalmente dos efeitos da recessão. A nova estimativa oficial é de uma contração econômica de 2,9%, mais suave que a prevista pelo mercado na semana anterior, de 3,3%. Para reforçar a receita, o governo deverá usar dinheiro de precatórios - dívidas do setor público - depositado em bancos. Além de discutível, a solução é um expediente de efeito limitado e nem de longe se caracteriza como parte de um ajuste efetivo. Mas a arrumação dos números - porque será esse o principal efeito do plano apresentado - vai depender mais do corte da meta do que da redução de gastos.

Levando em conta o risco de frustração de receitas e podando aqui e ali, o ministro da Fazenda propôs uma redução de R$ 84,2 bilhões da meta fiscal. Segundo o ministro, o resultado final poderá ficar entre um superávit primário de R$ 24 bilhões ( quem acredita nisso?) e um déficit de R$ 60,2 bilhões. Em outra situação, seria muito mais fácil levar a sério uma proposta de meta flexível, numa programação orçamentaria plurianual. O grande objetivo do governo, hoje, é obviamente abrir caminho para mais um ou dois anos de politica frouxa, com alguma encenação de austeridade e um mínimo de custo político.

Mas com essa manobra a recuperação da economia será muito mais difícil e demorada, e o custo politico será inevitável. Mais uma vez, o caminho mais confortável para o governo será o mais acidentado e mais perigoso para o País. Incapaz de renegar o populismo e de reconhecer o fracasso de seu estilo de governo, a presidente Dilma Rousseff tende a fazer do segundo mandato um fracasso muito maior do que foi o primeiro. 

Fonte: Opinião - Jornal O Estado de São Paulo em 22/02/2016  às 21h44

           Iracema Alves
           Jornalista cadeirante

Redatora: Atenção Câmara e Senado, quando Vªs Exªs foram eleitos suponho que estavam preparados e capacitados para "dirigir" os trabalhos que lhes pertencem, ou seja: equipes formadas e cada qual assume uma linha de conduta votando ou não nas pautas que já estão empoeiradas. O Palácio do Planalto não anda nem pra frente que dirá para atrás. Os salários são exorbitantes: vales saúde, vales refeição, vales passagens de avião, combustível para seus carros pessoais e da família transportar filhos para os Colégios, pagos com nossos impostos. Férias duas vezes ao ano os cafezinhos são um prato cheio para trocar figurinhas.
E o Brasil como fica?  Toda logística da Câmara e Senado tem que estudar a  "A Constituição Federativa do Brasil". 

Iracema Alves
jornalista cadeirante

HADDAD DESVIA VERBA DE MULTA PARA CICLOVIA, DIZ MP

O Ministério Público Estadual (MPE) acusa a gestão do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), de usar o dinheiro da arrecadação de multas de trânsito para construção de ciclovias na cidade. Ao menos R$ 25 milhões teriam sido destinado a vias segregadas para bicicletas, o que configuraria desvio de finalidade do uso dos recursos. A Prefeitura acredita que a aplicação é permitida. Além da destinação para ciclovias, o MPE viu irregularidades no uso de R$ 15 milhões para despesas operacionais da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), usados também para pagamento de salários.

Na terça-feira o autor da ação, Marcelo Milani, da Promotoria de Patrimônio Público expôs os principais desvios constatados pelo MPE. O promotor afirmou que há indícios de irregularidades na aplicação das verbas de multa desde 2010 e disse que vai apurar o comportamento em outras gestões. O ex-prefeito Gilberto Kassab (atual ministro das Cidades) foi procurado para comentar o uso das verbas na sua gestão, mas, até às 21 horas de terça-feira, dia 1/2/2016 não havia respondido aos questionamentos. Na ação civil pública por ressarcimento de danos e atos de improbidade administrativa, Milani alega que houve prejuízo de R$ 617 milhões nos cofres públicos e pede a devolução dessa quantia.

A ação foi movida contra Fernando Haddad; secretário municipal de Transportes Jilmar Tato; o ex-secretário municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico, Marcos de barros Cruz, e o atual secretário de Finanças Rogério Ceron de Oliveira. Dos R$ 892 milhões arrecadados com multas em 2014, o maior gasto teria sido com despesas operacionais da companhia de Engenharia de Tráfego (CET), incluindo pagamento de salários, encargos e tributos. "A  prefeitura está pagando salários dos funcionários da CET, que é uma empresa pública, com dinheiro proveniente das multas. É um descalabro que se faça isso.

É mais um indicativo de que estão usando multa como se fosse uma arrecadação paralela", disse Milani. Ainda segundo o MPE, a Guarda Civil metropolitana também recebe repasses de valores arrecadados com multas. O promotor disse que a Prefeitura tem feito "pedaladas" com o dinheiro das multas no trânsito. isso porque, segundo Milani, a gestão Haddad usa seis contas bancárias, incluindo as do Tesouro Municipal, para fazer a movimentação dos recursos de multas ao Fundo Municipal de desenvolvimento de Trânsito (FMDT), quando deveria ser uma conta única.

De acordo com o promotor, o dinheiro "circula tanto que não é possível identificar o caminho com transparência". "O Tribunal de Contas do Município no seu relatório foi categórico em dizer que é impossível localizar para onde está indo o dinheiro pela existência dessa multiplicidade de contas", disse. "nessas contas é que se faz uma verdadeira chicana com o dinheiro das multas". A Prefeitura de São Paulo lamentou que o promotor "não tenha buscado esclarecimentos formais ou feito pesquisas técnicas antes de apresentar uma ação civil pública baseada em equívocos e desinformação." 

Segundo a Prefeitura, um exemplo de "desinformação" do promotor é a "alegação de que existiria uma 'indústria da multa' com fins 'arrecadatórios' na cidade, um bordão criado por setores descontentes com o êxito da politica de mobilidade, que melhorou o trânsito e reduziu acidentes". A gestão do prefeito Fernando Haddad destacou ainda que prestará todos os esclarecimentos necessários ao Ministério Público e à Justiça. A Prefeitura também criticou a acusação de que os recursos provenientes das multas serviram para "fechar contas" porque o município "gasta mais do que arrecada".

Redatora: Senhor Prefeito Fernando Haddad, por favor não minta; as autoridades jurídicas estão capacitadas para conferir os gastos dos nossos impostos com a saúde, educação, creches, medicação além do IPTU. Ciclovia ? Uma vergonha e ausência total de sensibilidade. Quantas caçadas sua gestão rebaixou para dar acessibilidades aos cadeirantes? As ruas dos bairros carentes desbarrancando o senhor examinou se os moradores têm perigos?  Estamos em quatro jornalistas acompanhando as atividades do Ministério Publico e a Justiça.

Iracema Alves
jornalista cadeirante que fez juramento de ética.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

É MUITO MAIOR DO QUE PARECE

É perturbador observar como brotam em profusão os casos de corrupção no governo petista, tornando legítima a convicção de que, para encontrar algum crime contra a administração e os cofres públicos, basta procurar. Confirma-se agora, graças ao trabalho da Receita Federal, a suspeita, há muito no ar, segundo a qual os escândalos  não se limitam ao petrolão - já em si de inaudita dimensão - , assim como não se limitavam ao mensalão. Entraram na mira das autoridades os contratos de obras e serviços em outras áreas, como energia, transporte e saneamento básico. Se os indícios até aqui reunidos se comprovarem, o País terá finalmente a certeza de que a corrupção, desde que o PT chegou à presidência,  deixou de ser apenas acidental ou eventual para se tornar um método em que o sistemático assalto aos cofres do Estado serve para financiar a manutenção dessa turma no poder.

Reportagem do jornal  Valor (19/2/2016) mostra que os auditores da Receita já identificaram pagamentos feitos por operadores e empresas de fachada, para desviar recursos de contratos públicos, usando um esquema idêntico ao que despencou a Petrobrás e beneficiou políticos, partidos governistas e diretores de estatal. Esses casos, detectados recentemente pela Receita, começaram em 2011. A força-tarefa da Operação Lava Jato já foi devidamente informada sobre essa investigação, pois parece claro que se trata do mesmo plano de atuação.

O Fiasco calcula que ainda fará 100 fiscalizações relativas à Lava Jato, com o objetivo de investigar pessoas e empresas que ainda não foram objeto de averiguação. Isso significa que o escopo do escândalo, tanto em relação aos setores administrativos atingidos quanto às  pessoas e empresas envolvidas, tende a ser muito maior do que o apurado até agora. "Com o aprendizado da Lava Jato, enxergamos o conjunto das "operações", disse ao Valor o subsecretário de Fiscalização da Receita, Iágaro Jung Martins. "Algumas pessoas fazem um esforço para esconder. Mas, com esse volume extraordinário de informações geradas, em algum momento os vínculos ficam evidentes.

A gente não olha apenas um CPF, mas a árvore de relacionamentos", explicou Martins. Para dar conta de tamanha rede de corrupção, a Receita destacou 77 auditores, dedicados ao trabalho de entender as relações entre as empreiteiras, as empresas que prestam serviços de fachada para justificar movimentações financeiras, as empresas que servem apenas para imitir notas fiscais, os políticos e os operadores do esquema - doleiros e funcionários de estatais.

Não é de hoje que se supõe que o petrolão seja apenas parte da roubalheira. Em março de 2015, o juiz Sergio Moro, que atua na Operação Lava Jato, informou que fora encontrada em poder do doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs do escândalo na Petrobrás, uma planilha que relacionava cerca de 750 obras públicas eu estariam contaminadas pela ladroagem. Na época, Moro qualificou o documento como "perturbador" e disse que, como o aprofundamento das investigações, seria possível comprovar se "o esquema criminoso de fraude à licitação, sobre preço e propina vai muito além da Petrobrás".

O esforço conjunto da Receita Federal e da Operação Lava Jato provavelmente trará respostas para essa tenebrosa indagação de Moro, mas já é possível antecipar, dado o que se sabe até aqui, que a decomposição de decoro administrativo causada por esse monumental esquema criminoso é generalizada. A boa notícia em meio a esse quadro desolador é que as autoridades responsáveis pela fiscalização e pela aplicação da Justiça não se têm eixado intimidar pela pressão dos petistas contra seu trabalho - é preciso recordar que o chefão do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, já declarou, inclusive em juízo, que as investigações da Lava Jato que atingem o governo e os petistas fazem parte de um "processo de criminalização" de seu partido. Prestes a constatar que a corrupção do governo petista é de fato endêmica, os investigadores têm o dever de ignorar as bravatas lulopetista e ir até o fim....

"As injurias são os argumentos daqueles que não têm razão"  François Fênelon

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo em 22/02/2016 às 22h58.

            Iracema Alves
            Jornalista cadeirante

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

FHC ADMITE TER FIRMADO CONTRATO COM A BRASIF

Por Pedro Venceslau - Jornalista do Jornal O Estado de S. Paulo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou nesta quinta-feira, 18 de fevereiro, existir um contrato feito "há mais de 13 anos" com a Brasif S.A. Exportação e Importação, empresa que, segundo a jornalista Miriam Dutra - com que o tucano teve um relacionamento extraconjugal nos anos 1999 - foi usada para repassar uma mesada de US$ 3.000 mensais a ela entre dezembro de 2012 e dezembro de 2006.

O tucano, no entanto, disse não ter condições de se manifestar sobre os detalhes até que a empresa preste esclarecimentos sobre o assunto. Miriam afirmou ao Jornal Folha de S. Paulo que em contato fictício de trabalho com a Brasif era usada para repassar a mesada. A empresa foi concessionária das lojas dutyfree nos aeroportos brasileiros no anos 1990 e, atualmente, atua em diversos segmentos.

"Desconheço detalhes da vida profissional de Mirian Dutra. Com referência a empresa citada no noticiário de hoje (quinta-feira),trata-se de um contrato feito há mais de 13 anos, sobre o qual não tenho condições de me manifestar enquanto a referida empresa não fizer os esclarecimentos que considerar necessários", disse o ex-presidente.

Fernando Henrique afirmou que os recursos destinados à jornalista "provieram de rendas legítimas" do meu trabalho". "Depositadas em contas legais e declaradas no IR, mantidas no Banco do Brasil e, NY/Miami ou no Novo Banco, Madri, quando não em bancos no Brasil". Segundo Mirian, que na ocasião era funcionária da TV Globo, o contrato previa que ela fizesse análise de mercado em lojas convencionais e de dutyfree.

Mirian admitiu no Jornal, porém, que nunca esteve em uma loja para trabalhar. De acordo com ela, o contrato era um meio para receber dinheiro de FHC e ajudar a sustentar o filho dela Tomás Dutra. DNA: em sua nota o ex-presidente também diz que sempre ajudou Tomás, apesar dos testes de DNA não terem reconhecido sua paternidade. "Sempre me dispus a fazer qualquer outro teste que os interessados julgassem conveniente
A despeito disso, procurei manter as mesmas relações afetivas e materiais com Tomás." O ex-presidente também relata que continuou a pagar a matrícula e sustento de Tomás em uma "prestigiada universidade americana". "Da mesma forma, doei mais um apartamento a ele em Barcelona, bem como como alguns recursos para fazer os estudos de mestrado e, quando possível, atendo-o nas necessidades afetivas".

Ao Jornal, o ex-presidente havia negado ter enviado dinheiro para Mirian Dutra por meio da empresa. Procurado pelo Estadão, a empresa Brasif não se manifestou. Por meio de nota a TV Globo informou que "jamais foi avisada" pela jornalista de supostos contatos fictícios que a profissional teria firmado com a Brasif.

Contrato: Mirian afirmou ainda na entrevista que começou a receber a ajuda financeira em 2002, quando seu contrato da "remuneradora" em 2004, não em 2002, "tudo segundo a lei vigente no País em que trabalhava (Espanha)". A jornalista havia tratado da relação com FHC também em entrevista à edição deste mês da revista BrasilcomZ, publicada na Espanha

Fonte: O Estado de São Paulo em 19/02/2015 postada às 22h47 

Iracema Alves
Jornalista cadeirante.

Nota Pessoal: Votaria hoje no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

RESOLUÇÃO POLÊMICA DO TSE PODERIA INVIABILIZAR ELEIÇÕES EM 1/4 DOS MUNICÍPIOS

Por Ana Fernandes -  Jornal o Estado de São Paulo

A resolução 23-465, publicada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 17 de dezembro, causou polêmica e insegurança jurídica entre partidos políticos e especialistas em direito eleitoral e, segundo estudo obtido com exclusividade pelo Broadcast Político, serviço de notícias  em tempo real da Agência Estado, poderia inviabilizar a disputa à prefeitura de praticamente um quarto dos municípios brasileiros. De acordo com o levantamento feito pelo cientista brasileiro Humberto Dantas, professor do Insper e da Fundação Escola de Sociologia e política de São Paulo (FESP/SP), 24% das cidades teriam um ou nenhum candidato no próximo pleito caso a nova regra seja posta em prática.

O artigo 39 da resolução do TSE exige que as comissões provisórias criadas pelos partidos em Estados e municípios convoquem convenções para eleição de dirigentes locais o que, na avaliação de especialistas, acaba exigindo que os partidos criem diretórios nas localidades. Enquanto as comissões provisórias são estruturas mais simples, apontadas pela direção nacional da cada sigla, os diretórios têm maior organização, com líderes eleitos pela base. "As anotações relativas aos órgãos provisórios têm validade de 120 dias. Em situações excepcionais e devidamente justificadas, o partido politico pode requerer ao presidente do Tribunal Eleitoral competente a prorrogação do prazo de validade previsto neste artigo, pelo período necessário à realização da convenção para escolha dos novos dirigentes", diz o trecho do artigo que causou a confusão.

O texto da resolução suscitou o debate do uso excessivo pelas legendas de comissões provisórias em substituição a diretórios municipais e estaduais. Mas o movimento da Corte foi visto pelos representantes das siglas como tentativa de intervenção na organização interna dos partidos e, no limite, um risco para as eleições deste ano. A polêmica foi tamanha que mais de 20 partidos se reuniram e discutiram entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) pela impugnação do artigo 39. Legendas de orientações das mais variadas, do PSDB ao PT, do PMDB ao Psol, DEM e PC do B, se reuniram no pleito.

Na última terça-feira, dia 16, advogados chegaram a se reunir com o presidente do TSE, José Antônio Toffoli, que disse que a Corte revisitaria a resolução. Na quarta-feira, o ministro Henrique Neves da Silva, relator do caso, pediu à Procuradoria-Geral Eleitoral um parecer sobre a reclamação das legendas. No limite, os partidos temem que a redução abra margem para que sejam impedidos de lançar candidatura própria em municípios onde não têm diretório municipal. "A redação está ruim. O TSE não poderia deixar uma redação que pode prejudicar tantos municípios", disse ao Broadcast Político o advogado Alberto Luíz Rollo, especialista em direito eleitoral.

Se esse receio dos partidos fosse levado a cabo, candidaturas de expressão que vêm sendo trabalhadas poderiam ser inviabilizadas. São casos com este o de Celso Russomano (PRB) em São Paulo, de Pedro Paulo (PMDB), provável candidato à sucessão de Eduardo Paes (PMDM) no Rio, e das candidaturas de reeleição de Geraldo Julio (PSB) no Recife e de ACM Neto (DEM), em Salvador. Realidade brasileira: levantamento do cientista politico Humberto Dantas antecipado pelo Broadcast  Politico mostra que 24% dos municípios brasileiros não têm diretório de nenhuma ou de apenas uma legenda.

Em teoria, pode haver disputa com apenas um nome, e isso acontece algumas cidades mas mostra que, se o receio dos partidos estiver correto, a resolução do TSE impediria um quarto dos municípios de ter eleição", diz Dantas. Em alguns Estados, o impacto seria ainda mais impressionante. Em nove deles, mais de 30% dos municípios ficaria sem disputa. São eles: Roraima, onde 60% das cidades contam com apenas um ou nenhum diretório; Pernambuco 44,3%; Alagoas 44,1%; Goiás 41,4%; Bahia 39,8%: Paraíba 36,8%;Pará 34%; Paraná 30,3%; Tocantins 30%.

"Curiosamente, na outra ponta, há Estados do Norte e do Nordeste com alta densidade de diretórios que talvez poucos esperariam", comenta Dantas. Em Sergipe, Amapá, Acre e Amazonas, todas as cidades têm pelo menos dois diretórios estabelecidos. Em São Paulo, só 17 das 645 cidades não teriam mais que um candidato. "O TSE tocou num ponto importante da política partidária brasileira, mas quis reparar um problema de cinquenta anos em uma canetada," avalia Dantas sobre a resolução. "Esse tipo de atitude tem que ser de longo prazo, para que os partidos consigam se organizar".

O advogado Alberto Luíz Rollo diz que tem mérito a intenção do TSE de tentar pôr no limite ao uso de comissões provisórias pelos partidos, mas avalia que a Corte se movimenta de forma inadequada. "O uso exagerado das comissões  provisórias se da de forma vergonhosa no Brasil. Há de fato diversos casos em que a direção nacional aponta dirigentes como moeda de troca", afirma. "Acontece no País inteiro e o TSE está certo de tentar moralizar a questão, mas isso teria que ser feito de maneira correta, em discussão mais ampla com os partidos e com um período de transição.

Não aplicação: entre advogados e ministros, que debateram o tema em diversos eventos neste início de 2016, o comentário é de que tal aplicação da lei não seria permitida porque prejudicaria a disputa democracia para a eleição de prefeitos em muitas cidades. Ainda assim, os advogados de partidos se mobilizaram por uma "questão de princípio". "Ainda que digam que as comissões provisórias, poderão lançar candidato, que não dependeria de diretório, o interesse dos partidos em recorrer do artigo 39 permanece. O TSE foi muito exagerado na redação dessa resolução", diz Flavio Costa Pereira, advogado do PSDB à reportagem.

A avaliação das legendas e que seria um perigo abrir um precedente dessa importância com relação à interferência da Justiça sobre a autonomia partidária garantida em Constituição, especialmente quanto ao poder que o artigo 39 dá a presidentes de tribunais regionais eleitorais para decidir obre a prorrogação das comissões provisórias. "Seria uma premissa importante de o Judiciário intervir na maneira de organização, isso não é do interesse de nenhum partido", complementou Rafael Carneiro, representante do PSB.

Fonte: O Estado de São Paulo, atualizada  em 19/02/2016 às 19h22
                  
                Iracema Alves - Jornalista cadeirante.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

LENIÊNCIA COM A CORRUPÇÃO

A medida provisória (MP) 703 foi um duro golpe contra todos os brasileiros que anseiam pela diminuição da impunidade. Com o ato presidencial, abre-se uma ampla porta para deixar impune a corrução de empresas. E com a revelação da versão inicial do texto da MP - muito diferente do texto mandado publicar pela presidente Dilma Rousseff -, evidencia-se mais uma vez a precisa intenção do governo de não punir as empreiteiras. Conforme reportagem do Jornal o Globo, a versão inicial da MP 703 propunha que a reparação integral do dano fosse condição necessária para a celebração do acordo de leniência.

Essa parte simplesmente desapareceu do texto assinado por Dilma. .Também sumiu a possibilidade de afastamento por até cinco anos dos administradores das empresas. Parece que a presidente entendeu que tudo isso era exigir  demais das empreiteiras amigas, que nutrem tanta afeição pelo PT e pelo ex-presidente Lula. Diante da disparidade entre a versão inicial e o texto final, fica claro que o autor da proposta original não havia entendido a intenção presidencial. E foi preciso mudar o conteúdo. Dilma Rousseff não assinaria nada que pudesse constranger as empresas que há tantos anos caminham de braços dados com o Pt e seu projeto de poder.

A presidente queria uma medida provisória que não deixasse margem para qualquer dúvida - os acordos de leniência deveriam ser um caminho seguro e nada custoso para as empresas se livrarem de complicações jurídicas decorrentes de denúncias de corrupção. Era preciso um texto no qual a impunidade ficasse firmemente assegurada, sem possibilidade de interpretações "equivocadas" por parte do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União (TCU) ou do Poder Judiciário. E assim foi feito. excluiu-se o que poderia constranger as empresas amigas e a presidente Dilma Rousseff pôde assina uma medida provisória na exata medida de suas intenções - um texto manso, intencionalmente genérico na hora de impor obrigações a que celebra o acordo de leniência.

Com a MP 703 é possível uma empresa celebrar acordos de leniência - e assim livrar-se das penalidades pelos eventuais ilícitos praticados - sem revelar às autoridade qualquer fato novo. Basta uma promessa genérica de não  delinquir no futuro pata obter o bloqueio das investigações e processos em curso. Assim, desvirtuou-se a finalidade do acordo de leniência, que deixou de ser instrumento para elucidar os malfeitos - ser uma recompensa à colaboração na investigação - para transformar num mero meio de livrar as empresas das sanções pelos atos de corrupção. O ato presidencial pôs por terra um dos avanços mais notáveis da Lei Anticorrupção.

De certa forma, a MP 703/2015 não chegou a ser uma surpresa. A presidente Dilma Rousseff sempre teve uma relação atribulada com a Lei anticorrupção. Submetido seu projeto ao Congresso pelo então presidente Lula em cumprimento a acordo internacional, foi por Dilma Rousseff sancionado. Mais várias vezes ela criticou publicamente a responsabilização objetiva das pessoas jurídicas. Não se sente confortável com o caminho que a experiência de outros países mostrou ser mais eficaz no combate à corrupção - punir exemplarmente quem geralmente é o principal beneficiário dos atos ilícitos e detém de fato o poder para impedir a ocorrência dos delitos. A presidente Dilma Rousseff prefere o velho sistema de perseguir apenas a pessoa física.

O pior é que, depois de tantos anos de comprovada ineficácia,  é difícil de sustentar que a inclinação por esse modelo seja apenas a ingenuidade. Não se descobriu até agora nenhum ato corrupto pessoal da presidente Dilma Rousseff. Diante de casos tão variados dentro de seu partido, ela trata tal fato como um grande mérito pessoal, e não como se fosse a mais básica  e comezinha condição para o exercício do cargo. De fato, não há denúncias envolvendo pessoalmente a presidente em atos de corrupção. Mas por que essa persistente licenciosidade com os malfeitos das empresas?

FONTE: Opinião - Jornal O Globo publicado em 16/02/2016 - postado por Iracema Alves - Jornalista cadeirante

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

OPOSIÇÃO APOSTA EM DESGASTE DE LULA PARA TENTAR REACENDER IMPEACHMENT

Por Carla Araújo e Ricardo Britto - Jornalistas
Ambos do Jornal O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Com o inicio efetivo dos trabalhos do Congresso esta semana, a oposição pretende explorar o avanço das investigações que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar desgastá-lo, enfraquecer o nome do petista como candidato do Palácio do Planalto em 2018 e ainda reacender o debate sobre o afastamento da presidente Dilma Rousseff, seja pela via do impeachment ou por uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassação da chapa composta com o vice-presidente Michel Temer (PMDB).

A primeira iniciativa concreta da estratégia será propor a convocação de Lula para depor na CPI que investigará denúncia de fraudes contra a receita Federal por bancos e grandes empresas, mediante supostos pagamentos de propina para manipular os julgamentos  do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em casos de sonegação fiscal. A criação da CPI foi autorizada no início do mês pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) adversário do governo Dilma. O líder da oposição, Miguel Haddad (PSDB-SP), diz que a convocação "é o único e mais eficiente instrumento" à disposição dos parlamentares para investigar o petista.

"É uma oportunidade de Lula se explicar. É uma obrigação de quem tem cargo público ou já ocupou, ainda mais quando é um ex-presidente". O novo líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), diz que a convocação do ex-presidente é fundamental para mostrar que Lula ''não está acima do bem e do mal". " O ex-presidente é um cidadão como outro qualquer, tem que dar explicações à sociedade", afirma. O líder do PPS na Casa, Rubens Bueno (PR), diz que, há muito tempo, Lula já deveria ter dado "respostas" à sociedade. "O esforço dele deveria ser para que tudo seja esclarecido. Se não quiser, vamos chamá-lo".

Lula é alvo de uma série de apurações formais. A Operação Zelotes investiga, além das irregularidades no (Carf) é a primeira ofensiva clara de Cunha contra o governo neste ano. A aposta do Planalto e de aliados é, além de sair em defesa de Lula e Dilma no Congresso, avançar com a agenda econômica para sair da crise (leia texto abaixo)

"O presidente da Câmara, desafeto do Planalto, nega afronta ao governo e afirma ter criado a comissão porque ela era a primeira da fila e tem fato determinado. Ele disse que o autor do requerimento de criação da CPI, João Carlos Bacelar (PR-BA), ficará com a relatoria da comissão. A presidência, disse, será escolhida após a eleição do líder do (PMDB), marcada para  quarta-feira - o cargo ficará com o bloco comandado pelos peemedebistas".

Limites: Cunha disse ao Estado que, do ponto de vista regimental, há impedimento para se convocar Lula porque a apuração que o envolve não consta do requerimento de criação da CPI. Ele avaliou, porém, que essa será uma decisão "política" da comissão de inquérito, caso o pedido vá à votação. "mas acho que a base deverá impedir (a convocação)", ponderou, sem dar opinião se concorda ou não com a convocação. "Não posso ter  opinião sobre isso. Não será a minha decisão". Bacelar afirmou que a apuração envolvendo o ex-presidente não fez parte do pedido de criação da CPI. "Meu requerimento não foi especifico do Lula nem do processo da compra de MPs", limitou-se a declarar.

Aliado do Palácio do Planalto, o atual líder do PMDB e candidato à recondução, Leonardo Piccini (RJ), disse considerar "cedo" para falar em convocações na CPI.A estratégia de utilizar a CPI para tentar desgastar Lula e o governo não é nova. No ano passado, quatro pedidos para convocá-lo na CPI do BENDES e dois para ouvi-lo na da Petrobrás não tiveram êxito. Os oposicionistas também deverão usar as tribunas da Câmara e do Senado e cobrar explicações públicas do ex-presidente, que, antes do avanço das apurações, não era tão abertamente questionado. A intenção é respaldar as apurações em andamento. A decisão de apostar em um desgaste de Lula pode ajudar a oposição a tentar resgatar a força do pedido de impeachment de Dilma, em suspenso por decisão do Superior Tribunal Federal (STF). Para o líder do DEM, o governo "se engana" ao achar que o movimento pelo afastamento de Dilma arrefeceu. "Lula e Dilma estão umbilicalmente ligados, não tem como separar", avalia ele. " ano de 2015 não terminou", reforçou Rubens Bueno... 

Fonte: Estadão - Política

"O tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitá-lo " 
Leonardo da Vinci

Iracema Alves
jornalista cadeirante

UMA GRANDE PREVISÃO DE EINSTEIN PODE ESTAR A PONTO DE CONFIRMAR-SE

A ultima grande previsão de Einstein sobre o universo pode estar a ponto de confirmar-se. Pelo menos é a sensação em boa parte da comunidade cientifica especializada em ondas gravitacionais, curvas no espaço-tempo gerada pelos fenômenos mais violentos dos cosmos. Sua existência é uma consequência natural da teoria geral da relatividade,  e isso foi o que Einstein explicou em 1916. Um século depois, ninguém conseguiu demonstrar que ele tinha razão (nem o contrário.)


Representação da colisão de dois buracos negros 

       A reportagem é de Nuño Domíngues, publicada por El País em 12/02 2016

Em um tuite enviado na segunda-feira, o físico Lawrence Klauss, , da universidade Estatal do Arizona, anunciou que as ondas gravitacionais teriam sido capitadas pela primeira vez pelo experimento LIGO, nos EUA. "meu rumos sobre o LIGO foi confirmado por fontes independentes." Escreveu o cientista, que não faz parte da colaboração entre universitários e centros de pesquisa a cargo desse megaprojeto da física.

A previsão de Krauss não tem confirmação oficial. No entanto, a comunidade cientifica está esperando um anúncio como esse há meses. Isso se deve em grande parte a que o LIGO, aumentou recentemente sua sensibilidade. Em jogo está um dos achados mais importantes que podem ocorre na física. Os astrônomos, a humanidade, ganhariam um motivo para observar o cosmos graças a essas ondas. Até agora, agora nosso único guia no cosmos tem sido a Luz! As ondas de gravidade permitiriam escutar o universo pela primeira vez, e conseguiu isso bem vale um Prêmio Nobel.

As ondas gravitacionais são resultados dos maiores cataclismo, do universo, por exemplo, a colisão dos dois buracos negros.  até agora esses acontecimentos ocorreram tão longe que as ondas que produzem, muito atenuadas, são indetectáveis quando chegam  à Terra. Há algumas semanas, Kip Thone,  especialista em buraco negro e um dos pais do LIGO explicou à seção Matéria por que há tantas expectativas nesse experimento. "Esses detectores (...) são tão sensíveis que podem captar um choque de buracos negros a 1 bilhão de anos luz da Terra, ou seja, um décimo da distância até do universo observável". E acrescentou: "Se tivermos sorte, captaremos algo na primeira busca", Essa primeira rodada de observações termina precisamente nesta terça-feira. 
  
O LIGO é uma teia de aranha de tecnologia de ponta. Seus fios são de luz lazer e percorrem os mais de 3.000 quilômetros entre seus dois detectores, um do Estado de Washington e outro no da Louisiana. se as ondas gravitacionais atravessam a zona de observação, o feixe de luz modificaria ligeiramente sua posição, o que permitiria detecta-las Em setembro o experimento começou a coletar dados depois de um importante aperfeiçoamento para aumentar sua sensibilidade. A previsão era de parar em dezembro, mas algo fez com que seus responsáveis o tivessem mantido em operação.

E o fizeram justo até esta terça-feira, quando oficialmente termina a coleta de dados nesta primeira etapa, ou rodada de observações. O rumor de Krauss não poderia ser mais oportuno, mas, por ora, não é mais que isso. Gabriela González, pesquisadora da Universidade Estadual da Louisiana e porta-voz do LIGO, disse que a coleta de dados ainda está em andamento e que por ora não há nenhuma descoberta a anunciar. "Leva tempo para analisar, interpretar e revisar os resultados", disse em declarações a The Guardian. A Equipe esta analisando os dados desde setembro e ainda prossegue nessa tarefa. Se houver qualquer resultado positivo será enviado a uma Revista Cientifica para que seja avaliado por especialistas independentes. Depois disto será feito um anúncio Público.

A cautela segue preceitos porque as ondas gravitacionais já protagonizaram o maior fiasco cientifico dos últimos anos. Foi em março de 2014, quando uma colaboração cientifica liderada nos EUA anunciou sem dados suficientes a descoberta de ondas gravitacionais primordiais, neste caso causado pelo Big Bang que deu origem ao universo. O achado não resistiu à revisão cientifica e ficou em suspenso. O LIGO tem previsão de reformas para dar inicio a uma nova rodada de observações em junho, com uma sensibilidade ainda maior. E nessa etapa contará com o VIRGO, o observatório europeu que também foi aperfeiçoado para a ocasião.  Daí que muitos especialistas acreditam que este ano se escute pela primeira vez o som do Universo por Einstein há 100 anos!!!!

Fonte: Jornalista Nuño Dominguez publicado em El País 2, 12/02/2016
                 Copidesque e publicado
                               Livre para Voar 

sábado, 13 de fevereiro de 2016

INDECISÃO E INCOMPETÊNCIA

O governo jogou no ralo mais um pouco de sua já escassa credibilidade, ao adiar para o fim de março o corte de gastos federais. Com isso se perde mais um mês, enquanto o País continua afundando na recessão, com inflação em alta e dívida pública em rápido crescimento. Decidido pela presidente Dilma Rousseff, o adiamento é mais um marco de uma longa história de incompetência e de irresponsabilidade. Depois de arrasar as contas fiscais com uma enorme sucessão de erros e de imprudências, a presidente e sua equipe vacilam diante da tarefa de limpar a bagunça e de arrumar as finanças oficiais. Essa faxina é parte indispensável  de qualquer politica  de reativação de negócios.

Não haverá confiança para novos investimentos e para consumo para recomposição de estoques sem  a indicação de um rumo para o País. Para isso é necessário algo mais que um governo catatônico e sem energia para reagir aos próprios desacertos. A decisão de adiar os cortes foi resultado principal de uma reunião da presidente com a Junta Orçamentária, formada pelos ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, do Planejamento, Valdir Simão, e da casa Civil, Jaques Wagner. Enquanto isso, o público deve contentar-se com mais um provisório para execução do Orçamento.

A despesa de janeiro a março ficará limitada a 3/18 do total previsto para o ano. O adiantamento dos cortes, segundo se alegou, deve dar tempo para estudo de um plano mais amplo de ajuste. Até esta desculpa comprova a incapacidade de ação da presidente e seus auxiliares. Agem como se fossem como se fossem recém-chegados a Brasília e ainda tivesse de examinar a situação. Mas iniciaram o segundo mandato há mais de um ano e foram incapazes, nesse tempo, de conter a deterioração das contas públicas. Também continuam devendo um plano claro e confiável de recuperação das finanças oficiais e de controle do endividamento.

Uma de suas façanhas mais notáveis, no ano passado, foi motivar o rebaixamento do crédito soberano ao grau especulativo por duas grandes agências de classificação, a Standard & Poor's e a Fitch. As duas decisões de rebaixamento, em setembro e em dezembro ocorreram depois de erros escandalosos na política orçamentária. Nas duas ocasiões, e sempre com a participação do ministro Nelson Barbosa, então no Planejamento, a presidente endossou propostas de rebaixamento da meta de superávit primário, o dinheiro posto de lado para o serviço da dívida pública. - normalmente, no caso do Brasil, apenas para o pagamento de uma parcela dos juros.

Ao adiar, agora, o plano de contenção de gastos, o governo cometeu um erro muito parecido com aqueles seguidos, no ano passado, por duas decisões de rebaixamento da nota de crédito. O orçamento provado para este ano inclui uma previsão de superávit primário equivalente, pela estimativa inicial, a 0,5% do produto Bruto (PIB).  para alcançar esse resultado seria necessário um corte de gastos na faixa de R$ 50 bilhões a R$ 60 bilhões. Além disso, o Congresso precisaria recriar até maio a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A previsão de corte encolheu rapidamente, até chegar a algo entre R$ 16 bilhões e R$ 18 bilhões, uma soma ridícula demais para ser simplesmente anunciada.

Além disso ainda seria necessária alguma coragem para cortar os chamados programas sociais. As propostas prometidas para março poderão incluir um esquema de controle da despesa pública e a reforma da Previdência. Até no Executivo há oposição a esta reforma. A outra proposta, com fixação de limites plurianuais para evolução do gastos, pode render uma boa discussão, mas o debate será afetado pela baixa credibilidade do governo. Esse fator será especialmente importante se o projeto incluir um conceito de metas flexíveis. Isso será interpretado como um truque para facilitar a gastança em anos de baixo crescimento, como este e o próximo. Não há como evitar a desconfiança, no caso de um governo com uma folha corrida tão ruim....

Fonte: Opinião - O Estado de São Paulo - 13/02/2016  - postado às 20h54

Iracema Alves
Jornalista Cadeirante