segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

OPOSIÇÃO APOSTA EM DESGASTE DE LULA PARA TENTAR REACENDER IMPEACHMENT

Por Carla Araújo e Ricardo Britto - Jornalistas
Ambos do Jornal O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Com o inicio efetivo dos trabalhos do Congresso esta semana, a oposição pretende explorar o avanço das investigações que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar desgastá-lo, enfraquecer o nome do petista como candidato do Palácio do Planalto em 2018 e ainda reacender o debate sobre o afastamento da presidente Dilma Rousseff, seja pela via do impeachment ou por uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassação da chapa composta com o vice-presidente Michel Temer (PMDB).

A primeira iniciativa concreta da estratégia será propor a convocação de Lula para depor na CPI que investigará denúncia de fraudes contra a receita Federal por bancos e grandes empresas, mediante supostos pagamentos de propina para manipular os julgamentos  do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em casos de sonegação fiscal. A criação da CPI foi autorizada no início do mês pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) adversário do governo Dilma. O líder da oposição, Miguel Haddad (PSDB-SP), diz que a convocação "é o único e mais eficiente instrumento" à disposição dos parlamentares para investigar o petista.

"É uma oportunidade de Lula se explicar. É uma obrigação de quem tem cargo público ou já ocupou, ainda mais quando é um ex-presidente". O novo líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), diz que a convocação do ex-presidente é fundamental para mostrar que Lula ''não está acima do bem e do mal". " O ex-presidente é um cidadão como outro qualquer, tem que dar explicações à sociedade", afirma. O líder do PPS na Casa, Rubens Bueno (PR), diz que, há muito tempo, Lula já deveria ter dado "respostas" à sociedade. "O esforço dele deveria ser para que tudo seja esclarecido. Se não quiser, vamos chamá-lo".

Lula é alvo de uma série de apurações formais. A Operação Zelotes investiga, além das irregularidades no (Carf) é a primeira ofensiva clara de Cunha contra o governo neste ano. A aposta do Planalto e de aliados é, além de sair em defesa de Lula e Dilma no Congresso, avançar com a agenda econômica para sair da crise (leia texto abaixo)

"O presidente da Câmara, desafeto do Planalto, nega afronta ao governo e afirma ter criado a comissão porque ela era a primeira da fila e tem fato determinado. Ele disse que o autor do requerimento de criação da CPI, João Carlos Bacelar (PR-BA), ficará com a relatoria da comissão. A presidência, disse, será escolhida após a eleição do líder do (PMDB), marcada para  quarta-feira - o cargo ficará com o bloco comandado pelos peemedebistas".

Limites: Cunha disse ao Estado que, do ponto de vista regimental, há impedimento para se convocar Lula porque a apuração que o envolve não consta do requerimento de criação da CPI. Ele avaliou, porém, que essa será uma decisão "política" da comissão de inquérito, caso o pedido vá à votação. "mas acho que a base deverá impedir (a convocação)", ponderou, sem dar opinião se concorda ou não com a convocação. "Não posso ter  opinião sobre isso. Não será a minha decisão". Bacelar afirmou que a apuração envolvendo o ex-presidente não fez parte do pedido de criação da CPI. "Meu requerimento não foi especifico do Lula nem do processo da compra de MPs", limitou-se a declarar.

Aliado do Palácio do Planalto, o atual líder do PMDB e candidato à recondução, Leonardo Piccini (RJ), disse considerar "cedo" para falar em convocações na CPI.A estratégia de utilizar a CPI para tentar desgastar Lula e o governo não é nova. No ano passado, quatro pedidos para convocá-lo na CPI do BENDES e dois para ouvi-lo na da Petrobrás não tiveram êxito. Os oposicionistas também deverão usar as tribunas da Câmara e do Senado e cobrar explicações públicas do ex-presidente, que, antes do avanço das apurações, não era tão abertamente questionado. A intenção é respaldar as apurações em andamento. A decisão de apostar em um desgaste de Lula pode ajudar a oposição a tentar resgatar a força do pedido de impeachment de Dilma, em suspenso por decisão do Superior Tribunal Federal (STF). Para o líder do DEM, o governo "se engana" ao achar que o movimento pelo afastamento de Dilma arrefeceu. "Lula e Dilma estão umbilicalmente ligados, não tem como separar", avalia ele. " ano de 2015 não terminou", reforçou Rubens Bueno... 

Fonte: Estadão - Política

"O tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitá-lo " 
Leonardo da Vinci

Iracema Alves
jornalista cadeirante

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