quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

BALANÇO É CAMINHO PARA BENDINE SE FIRMAR NA PETROBRÁS

Lu Aiko, Isadora Peron, Rafael Moraes Moura/ Brasília - Jornal  O Estado de São Paulo
Depois da reação negativa do mercado à escolha de Aldemir Bendine para comandar  a Petrobrás, o governo quer mostrar que o novo comando foi a melhor solução possível. A superação da impressão negativa se apoia em grande parte no novo diretor financeiro, Ivan de Souza Monteiro, respeitado no mercado por haver realizado operações bem sucedidas de captação externa para o Banco do Brasil. A primeira tarefa para a qual a primeira dupla de dirigentes da Petrobrás está escalada é publicar o balanço  de 2014. A indefinição quanto à divulgação dos dados, uma obrigação de acompanhar abertas como a estatal, foi o que desencorajou os executivos do mercado a assumir a missão de presidir a companhia. Se as contas não forem fechadas e publicadas até junho, os credores da Petrobrás ganham o direito de cobrar antecipadamente dívidas que só venceriam no futuro. Evitar essa situação é um problema tão crucial que a presidente Dilma Rousseff escalou o ministro da fazenda, Joaquim Levy, para cuidar dessa questão. O fechamento do balanço depende de algo que não existe em lugar nenhum do mundo: estabelecer um mecanismo que permita contabilizar, de forma crível e transparente, as perdas sofridas por causa dos desvios de recursos que são objeto de investigação da Operação Lava Jato. Orientada por Levy, a Comissão de valores Mobiliários (CVM) vem dialogando com sua correlata norte-americana, a Security Exchange Comision (SEC), para encontrar uma fórmula. 
Reforço. Com bom trânsito no mercado internacional e na SEC, Monteiro é considerado um reforço de peso para essa tarefa. Mas o próprio Bendine vai se enfronhar ao máximo no assunto. Ele pretendia passar o fim de semana sem reuniões de trabalho, apenas lendo documentos para, amanhã, dia  9/02/2015 começar a trabalhar na Petrobrás com força total. O mesmo seria feito pelo mesmo diretor financeiro.  Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa, cabe a Bendine dar sinais de que conseguirá equacionar a questão do balanço e, com isso, reduzir as desconfianças do mercado. " A bola está com ele", afirmou o petista. Bendine é visto dentro do governo como um trunfo em outra frente problemática da empresa: a obtenção de crédito. A seu favor, ele conta com o fato de ter presidido o maior banco da América Latina e, por isso, contar com boas relações no mercado financeiro.  Outro ponto a favor de Bendine é o fato de ter alcançado resultados positivos à frente do banco. Sob seu comando, o BB triplicou a sua carteira de crédito, de R$ 241 bilhões para R$ 730 bilhões,  passando a responder por 21,1% dos empréstimos no mercado nacional. Nessa estratégia de trazer mais recursos à estatal, Bendine colherá frutos do trabalho da antecessora, Graça Foster. Numa situação ofuscada pelos escândalos  políticos , ela recolocou a empresa na rota do aumento da produção de petróleo.
A despeito da queda dos preços internacionais, a commodity será uma garantia importante para novos empréstimos.  Contra Bendine pesam o controverso empréstimo de R$ 2,7milhões  à socialite Val Marchiori, agora investigado pelo Ministério Público, e uma multa paga à Receita Federal por não comprovar a origem de cerca de R$ 280 mil do patrimônio declarado em seu imposto de Renda.
Digitado e postado por
Iracema Alves - jornalista cadeirante, dia 12/02/2015 às 23;35 horas

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