quarta-feira, 11 de março de 2015

Os custos de Belo Monte: indícios para a Lava Jato investigar.

Por Telma Monteiro
"Depois de vencer o leilão de venda de energia de Belo Monte, em abril de 2010, o consórcio Norte Energia corrigiu a estimativa de investimento de R$ 19 bilhões para R$ 25 bilhões. O BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Social - é o financiador, já tendo repassado R$ 22, 5 bilhões", escreve Telma Monteiro, ativista socioambiental, em artigo publicado em seu blog pessoal, 10/02/2015. 

Os custos da hidroelétrica Belo Monte que está sendo construída no Rio Xingu, no Pará, já estão beirando os R$31 bilhões. Foi em 2010 que Belo Monte saiu dos R$ 16 bilhões iniciais para os R$ 19 bilhões. Depois pulou para R$ 25 bilhões e daí para R$ 28 bilhões. Em quatro anos, o custo quase dobrou. Com capacidade instalada de 11 mil MWh, Belo Monte mal vai chegar a produzir 4 mil MWk na maior parte do ano. Isso se ficar pronta. A concessão é de 35 anos e a receita da comercialização dessa energia, feitas as contas, passará dos R$ 100 bilhões. Tomara que as investigações da Lava Jato incluam esses custos e os valores que o consórcio construtor, formado pelas mesmas empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobrás, devem faturar com as obras.
Em 2009 o tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades no processo de Belo Monte. Ainda em fevereiro de 2010, o acórdão nº 131 / 2010 - Plenário do TCU encaminhou determinações e recomendações à Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Os custos de construção de Belo Monte ainda estavam nos R$ 16 bilhões. A EPE, então aproveitou para acrescentar uma revisão no orçamento que levou a um aumento de R$ 3 bilhões nos custos indiretos com canteiros e acampamentos, logística, manutenção e operação do canteiro. Desse montante, R$ 801 milhões se referiam às condicionantes da LP. A EPE, para justificar a correção, disse que havia "subestimado" os cálculos. É difícil acreditar que Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht, Leme Engenharia e Eletrobrás, responsáveis pelos estudos de viabilidade técnica e econômica, tivessem errado no cálculo. Portanto, R$ 3 bilhões foram acrescentados à conta de Belo Monte numa tacada só. O custo direto total (CDT) de Belo Monte pulou de R$ 16 bilhões para R$ 19 bilhões. Depois disso os aumentos que se sucederam, até atingirem o valor atual, não foram explicados, nem com planilhas, nem sem elas. Mesmo alterando o projeto, dos dois canais de desvio das águas do Rio Xingu só está sendo construído um. O custo não caiu.

Fonte: Telma Monteiro Blogspot
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           Digitado e postado por Livre para voar em 11/03/2015 às 22:45  

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