sábado, 7 de março de 2015

POR QUE O DIA INTERNACIONAL DA MULHER?

Sempre que chega o Dia Internacional da Mulher, procuro fugir do discurso de vitimização que a data invoca. Não que estejamos com a vida ganha, mas creio que as mulheres já nos mostraram a que vieram e as dificuldades pelas quais passamos não são privilégios nosso: injustiça e violência para todos. Temos ainda,  o grande desafio de conciliar as atividades domésticas com a realização profissional. Precisamos, naturalmente, da parceria do Estado e da parceria dos parceiros: ser feliz e um trabalho de equipe mas não vou utilizar o 8 de março para colocar mais água no "chororô" habitual. Prefiro aproveitar a data, esse ano, para fazer um brinde à nossa importância não para a sociedade  e nem pra os outros.
Assistindo em DVD o delicado filme Caramelo, produção franco-libanesa do ano passado, tive a sensação boa de confirmar que o tempo passa, os filhos crescem, os corações se partem mas as amigas ficam. Como todos os filmes que abordam a amizade e a solidão intrínseca de toda mulher, Caramelo nos consola valorizando o que temos de melhor: nossa paixão, a nossa bravura ("sou mais macho que muito homem") e o bom humor permanente, mesmo diante das tristezas profundas. No filme elas são cinco: a amante de um homem casado, a que tem pavor de envelhecer e por conta disso se submete à situações humilhantes; a garota muçulmana com casamento marcado que precisa esconder do noivo que não é mais virgem; a enrustida que se sente atraída por outras mulheres e a senhora que desistiu de investir no amor para cuidar da irmã mais velha que é mentalmente perturbada.
Todas diferentes entre si e todas iguais a nós. Mulheres conflitadas, mas que podem contar uma com as outras em qualquer circunstância. recentemente recebi um email em texto anônimo, em inglês, falava justamente sobre isso: precisamos de mulheres a nossa volta! Amigas, filhas, avós, netas, irmãs, cunhadas, tias, primas. Somos mais chatas do que os homens, porém, entre uma chatice e outra, somos extremamente solidárias e companheiras de farra e roubadas. Esquece mais com facilidade as alfinetadas da vida e temos sempre uma boa dica para passar adiante, seja de um filme imperdível, a uma loja barateira ou de uma receita para esquecer a dieta!. Competitivas? Talvez, mas isso não corrompe em nada a nossa predisposição para o afeto, a nossa compreensão dos medos que são comuns  a todas, a longevidade dos nossos pactos, o abraço na hora da dor, a nossa delicadeza em  momentos difíceis, a nossa humildade para reconhecer quando erramos.
A nossa natureza de leoas, capazes de defender não só nossos filhos, mas os filhotes de todo bando. Aprendemos a compartilhar nossas virtudes e pecados e temos uma capacidade infinita para o perdão. Somos meigas e enérgicas ao mesmo tempo o que perturba e fascina os que nos rodeiam. Brigamos muito é verdade; temos unhas compridas não por acaso. Em compensação nascemos com o dom de detectar o sagrado das pequenas coisas, e é por isso que uma amizade iniciada na escola pode completar bodas de ouro e uma empatia inesperada pode estimular confidências nunca feitas (grifos meus...)  Amamos os homens mas casadas, mesmo, somos umas com as outras!
Marta Medeiros com afeto e carinho, sempre.

Fonte: Zero Hora 
Digitação e postagem: Iracema Alves - jornalista cadeirante em 07/03/2015 às 13:19 

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