segunda-feira, 6 de junho de 2016

A SOMA DE DESEPERO

 
 
 
 
 
 
 
 
 
A teimosia, a arrogância, a prepotência, a incapacidade de se expressar  clareza e, sobretudo, a incompetência política são atributos pessoais de Dilma Rousseff jamais conseguiu dissimular. Mas, pelo menos até recentemente, a presidente da República afastada conseguia cultivar com algum sucesso certa aura de probidade, de honestidade no trato da coisa pública. Pensou em reforçar essa imagem insistindo na irrelevante alegação de que nunca possuiu conta no exterior. A imagem dessa figura moralmente imaculada começa a ruir com revelações de que seu comportamento na vida pública não difere daquele de figuras que estão envolvidas até o pescoço nas investigações da Operação da Lava Jato e congêneres. Para quem acompanhou a trajetória política e administrativa da presidente afastada, isso não chega a surpreender.
 
Nos últimos dias vieram à luz duas delações premiadas que envolvem Dilma diretamente em atos de corrupção. Nestor Cerveró afirma que "Dilma Rousseff" tinha todas as informações sobre a Refiaria Pasadena, cuja compra em condições suspeitas causou prejuízo de cerca de R$ 800 milhões à Petrobrás. Segundo(grifos meus)  o ex-diretor da estatal já condenado por corrupção, a presidente afastada "acompanhava de perto os assuntos referentes à Petrobrás". Garante anda o depoente que Dilma "sabia que políticos do PT recebiam propina oriunda da Petrobrás. Em outra delação, está revelada pela Revista Época, o empresário Benedito de Oliveira neto, conhecido como Bené afirma que em 2014 e 2015 o Palácio do Planalto desviou, para pagamento à agência de publicidade Pepper, cerca de 45 milhões relativos à campanha eleitoral do governador mineiro Fernando Pimentel.
 
Muitos outros fatos apontam a possibilidade - para dizer o mínimo - de Dilma Rousseff, por ação ou omissão, estar envolvida em episódios suspeitos. "É ocaso de sua relação estreita com seu ex-marqueteiro João Santana, que manipulava os recursos das campanhas presidenciais de 2010 e 2014 e está encrencado na Lava Jato, acusado de receber propina da Odebrecht e lavagem internacional de dinheiro. Dilma Rousseff esteve mais de cinco anos à frente d um dos governos mais corruptos que comprovadamente, este Pais já teve. No período, quando foram aperfeiçoadas  as praticas experimentadas no mensalão, a corrupção  foi elevada à condição de método político pelo PT. No início de seu primeiro mandato, Dilma até tentou fazer uma "faxina" no primeiro escalão  do governo, demitido quase uma dezena de ministros..
 
Menos de um ano depois ela já tinha aderido ao "pragmatismo" de seu mestre Lula e se tonado cúmplice da maracutaias petistas. Com esse histórico, fica difícil aceitar que Dilma seja "uma presidente honesta", como diz seu esforçado advogado de defesa. Afinal há formas de desonestidade diferentes de embolsar dinheiro alheio. A desonestidade intelectual é uma delas. É compreensível que Dilma esteja disposta a "lutar até o fim"  na defesa de seu mandato. Mas, quando apresenta como única e verdadeira razão par seu impeachment a tentativa de sues inimigos de "acabar com a Lava Jato" a presidente afastada se outorga um diploma de falsa esperteza  que pessoas visceralmente honestas recusariam...
 
É evidente que muitos dos políticos que compõem hoje o governo provisório de Michel Temer têm o rabo preso na Lava Jato. Afinal, eles fizeram parte do governo Dilma - e até do governo Lula. Mas que também tem grande interesse em "acabar" com as investigações de corrupção são Lula e a tigrada do PT, que forçaram Dilma a afastar da Justiça o então ministro José Eduardo Cardozo, acusado de "frouxo" no controle de uma Polícia Federal a ele "subordinada". Cometer a imprudência de subestimar o descimento dos brasileiros é sintoma de descontrolado desespero.
 
Fonte: Opinião Jornal o Estado de S. Paulo atualizado no dia 06/062017 ( anterior dia 04 /06/2016)
 
Iracema Alves
Jornalista cadeirante
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   

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