Dez horas após admitir que a presidente Dilma Rousseff cometeu erros, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem (dia 12/08/2015) que o pacote de reformas proposto pelo PMDB pode salvar sua sucessora do impeachment. Com o café da manhã com Michel Temer, senadores e ministros do PMDB, no Palácio do Jaburu, Lula ouviu queixas sobre a condução do governo, elogiou a agenda apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e pediu ajuda para reintegrar à base o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Dilma saiu da mesmice do ajuste fiscal", afirmou Lula, ao destacar que o pacote lançado pelo Senado apontou um novo caminho.
"Agora, precisamos arrumar nossa base, que está esfacelada". Para Lula a crise chegou a tal ponto que nem mesmo uma reforma ministerial - defendida por ele desde o mês passado - resolveria a insatisfação entre aliados. Nos cálculos do Planalto, o governo conta, hoje, com apoio de 130 dos 513 de deputados e pouco mais da metade dos 81 senadores. Ministros e dirigentes do PT chegaram a sondar o próprio Lula, na semana passada, sobre a possibilidade de integrar a equipe de Dilma. "Vocês estão doidos", respondeu ele. Lula só vai encontrar com Dilma somente amanhã, quando retornará a Brasília para engrossar um ato de defesa do Planalto Nacional da Educação.
"Eu agora vim para uma conversa com amigos. Tenho medo de fazer reuniões e alguém pensar que eu esteja fazendo coisa paralelas", disse o ex-presidente, no café com os peemedebistas. Renan afirmou que o PMDB espera uma proposta do governo por três meses, antes de apresentar a Agenda Brasil, como foi batizado o pacote de medidas para melhorar a proteção social, equilíbrio fiscal e o ambiente de negócios. Embora contenha pontos polêmicos e rejeitados até por integrantes do governo, o pacote serviu para desviar o foco da crise.
Após o acordo com o Planalto com Renan, o Tribunal de Contas da União (TCU), onde o senador tem influência, decidiu dar mais 15 dias para Dilma explicar as "pedaladas" fiscais" (em qualquer cidade do interior do Brasil existem advogados, juízes, assistentes sociais no Órgão de Conciliação Federal homologando gratuitamente ações de pequena monta. Tudo é agendado e quem não comparecer passa para o fim da fila. O TCU dar mais 15 dias para Dilma resolver soluções de atrasos do ano 2014 é moleza se não entrar em cena 2015. (grifos meus) Se a análise do TCU fosse hoje indicava que as contas do governo de 2014 seriam rejeitadas, abrindo brecha contra Dilma no Congresso.
Criticas: "tudo isso é um teatro", reagiu Cunha, após participar do almoço que reuniu Temer e a bancada do PMDB na Câmara. "Até agora estamos vendo um jogo de espuma sem conteúdo concreto," disse, numa referência à Agência Brasil. Apesar de convidado, o presidente da Câmara não compareceu ao café da manhã com Lula no Jaburu. Lula pediu compreensão com os erros de Dilma. Anunciou ainda que vai começar a viajar para defender o governo. "Não adianta nada permanecer no País sem uma agenda e sem arrumar a política", disse um dos senadores. O ex-presidente concordou. Depois, afirmou que Temer estava certo ao dizer que era preciso alguém para reunificar o País. "Eu sei que me olharam enviesado, mas não retiro uma palavra do que disse", afirmou Temer.
Fonte: colaboraram Gustavo Porto e Ricardo Brito.
As informações são do Jornal "O Estado de São.Paulo"
Postagem de Iracema Alves - jornalista cadeirante.
Em 13/08/2015 às 20h30 horário de Brasília
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