Maior responsável pela grave crise política, econômica, sócial, e moral em que o País está mergulhado depois de mais de 12 anos de domínio petista, Luiz Inácio Lula da Silva tenta reagir à queda do pedestal em que se entronizou graças à conjugação de circunstâncias históricas alheias à sua vontade, com a habilidade e a falta de escrúpulos com que manejou um populismo irresponsável . Diante da revelação, de forma mais dolorosa possível para os brasileiros, de seu legado maldito e apavorado com a perspectiva cada vez mais próxima de ter de prestar contas à Justiça de seu envolvimento em acontecimentos que o beneficiariam e a toda a sua família, Lula entrega-se ao destempero retórico. Perdeu completamente a compostura!
Na sexta-feira passada, em discurso na posse da diretoria do Sindicato dos Bancários do ABC, em Santo André, Lula não teve o menor constrangimento em se colocar em papel de vítima de "nazistas" e de uma "elite perversa" que não aceita conquistas sociais. Numa tentativa canhestra de explicar a decepção em que se transformou o poste que escolheu para substituí-lo na Presidência, atribui o desastre ao machismo da elite: "Nunca tinha visto na vida pessoas que se diziam democráticas (sic) e não aceitam uma eleição que elegeu uma mulher presidente da República".
Com a popularidade em baixa, não seria agora que Lula se exporia diante do "povo". Só fala a plateias selecionadas que não representem ameaça à sua megalomania. Diante de tal publico, sente-se a vontade para derramar todo se repertório de demagogo sacramentado. Parece não lhe ocorrer, no entanto, o que ele imagina ser uma referência especial sua a uma plateia selecionada significa, na verdade um insulto aos cidadãos que, salvo a hipótese de se tratar de fanáticos irredimíveis, só estão ali porque Lula lhes atrai curiosidade. E nada mais.
Quanto aos áulicos, estes estão dispostos a aceitar e aplaudir qualquer barbaridade que profira, como essa que a culpa pelo desastrado governo de Dilma é dos machistas que não aceitam o fato por ela ser presidenta. No cenário armado em Santo André Lula lembrou seus dias de líder que fazia oposição a "tudo isso que está aí". "Quero dizer para vocês que estou cansado de agressões à primeira mulher que hoje governa esse país; estou cansado de "mentiras e safadezas"; estou cansado com o tipo de perseguição e criminalização do povo judeu e romanos criminalizando os cristãos". Pois é.
E ainda finge ser de esquerda, o que, definitivamente, é um dos poucos equívocos que não podem lhe ser imputados. A única coisa autêntica nessa arenga foram os erros de português. Embora seja hoje um rico e ativo membro do jet set internacional, Lula mantém a humildade. "Eles não suportam que um metalúrgico quase analfabeto tenha colocado mais gente na faculdade do que eles; não suportam que a gente não deixou privatizar o Banco do Brasil". Defendeu as realizações sociais e econômicas que efetivamente promoveu em seu governo enquanto navegou nas águas de uma conjuntura internacional favorável e de uma política econômica interna pautada pelos princípios "liberais" herdados dos governos tucanos.
Mas ignorou, é claro, que todas aquelas conquistas estão hoje comprometidas pela teimosia do governo Dilma em impor ao País uma "nova matriz econômica" estatista. E lamentou: "Eu, sinceramente, ando de saco cheio. Profundamente irritado. Pobre ir de avião começa a incomodar; fazer faculdade começa incomodar; tudo que é conquista social aborrece uma elite perversa". Para concluir, a manipulação desavergonhada dos números: " A inflação está 9%, com perspectiva de cair. Quando eu peguei esse País, a inflação estava 12%, o desemprego a 12%. Só esqueceu de mencionar que antes do Plano Real, em junho de 1994, a hiperinflação era de mais de 47% e a meta do governo atual é de 4,5% sempre esteve longe de ser cumprida. Cada vez menos, Lula consegue reunir plateias dóceis para deitar falação. Pouca gente se engana com ele. Para a grande maioria dos brasileiros, Lula e tudo que ele queria representa foi uma ilusão passageira...
Fonte: Opinião:O Estado de São Paulo via internet data: 28/07/2015 e atualizada; 3/08/2015
Copidesque e postada por
Iracema Alves
Jornalista cadeirante autônoma
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