sábado, 29 de agosto de 2015

TEMPESTADE À MODA DA CASA

Se algo falta para a tempestade perfeita, deve ser pouco e ninguém deveria reclamar da imperfeição. A economia encolheu  mais 1,9% no segundo trimestre, a inflação está próxima esta próxima de 10% ao ano, o governo é incapaz até de pagar os juros da dívida pública e, além do mais, O banco Central tem de manter crédito arrochado, na tentativa de conter os preços. O resto do mundo avança, apear de alguma turbulência financeira. De abrir e junho os Estados Unidos cresceram em ritmo e equivalente a 3,7% ao ano, enquanto na Europa continuou em recuperação. A China, apesar de alguns solavancos, ainda prospera e pode cresce no mínimo 6%, mas importando menos volume de matérias-primas. Isso dói, mas a crise brasileira é essencialmente "made" Brasil - produtos de erros acumulados em mais de quatro anos e de muita irresponsabilidade governamental, demonstrada no desastre das contas públicas.

Com as contas públicas em frangalhos (ver abaixo o editorial Números do desastre fiscal), governo tem pouquíssimo ou nenhum espaço para afrouxar a política fiscal e estimular a economia por meio de gastos público ou cortes de impostos. Se a presidente Dilma Rousseff aceitar as pressões dos empresários e relaxar o controle das contas, o País perderá acesso ao mercado financeiro, conserto do orçamento será mais complicado e a crise se estenderá. Se além disso, o Banco Central frouxar os juros e soltar o crédito, a contenção de preços será prejudicada e a estagflação - mistura de recessão com espiral inflacionária - será prolongada, impondo mais sacrifício aos brasileiros.

Se nada ficar muito pior, a perspectiva do próximo ano ainda será de atividade muito baixa ou mesmo de recessão, como já preveem muitos economistas do setor privado. O País perdeu potencial de crescimento nos últimos anos e a reação será muito difícil.  O investimento produtivo - dinheiro aplicado em máquinas, equipamentos, instalações e infraestrutura - voltou a diminuir e ficou em 17,85% do PIB no segundo trimestre. Um ano antes a taxa era de 19,5%. No trimestre de 2013, 20,7%. Qualquer dessas taxas é muito inferior à necessária para garantir crescimento. sustentável na faixa de 4% a 5% ao ano.

Em muitos emergentes o investimento fixo tem ficado entre 24% a 30% do PIB. Em alguns tem sido pior. Continuaram em queda neste ano a produção e a importação de máquinas e equipamentos. Os empresários, inseguros e sem perspectiva, abandonam quaisquer planos de ampliação e de modernização da capacidade produtiva. Em situações como essa, cabe ao governo tomar a dianteira dos investimentos. Mas nem o Tesouro tem dinheiro para obras nem o governo consegue capitais privados para um grande programa de infraestrutura. Mais competência nessa área será fundamental para destravar a economia.

O programa de aceleração do Crescimento (PAC) está emperrado há anos, mas o governo se dedica muito mas à propaganda que o planejamento e a à gestão de projetos. Se ainda houver dúvida quanto à falência do modelo implantado pelo PT, uma espiada na contração do consumo e da oferta de serviços bastará para deixar tudo claro. Para os mais atentos, o fiasco desse modelo é evidente há anos. Agora é preciso redefinir a estratégia de crescimento e, ao mesmo tempo, consertar os destroços fundamentais da economia. Mas quem definirá esses pontos, num governo acuado politicamente e sem liderança.

              Postado  em 29/08/2015/ às 22h22
              Iracema Alves - Jornalista cadeirante 

"A verdadeira dimensão de um homem, vem do modo como 
ele trata quem não pode fazer nada por ele"  
                                                                                                             Samuel Jonhson

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