sexta-feira, 15 de maio de 2015

LAVAÇÃO DE ROUPA SUJA EXTRAPOLA REUNIÃO E CHEGA AO PLENÁRIO

Por: Ricardo Della Coletta e Nivaldo Souza
A reunião da articulação política do governo - convocada às pressas ontem dia 14/05/2015 para avaliar os prejuízos causados pela derrota do governo na Câmara no dia anterior - foi marcada por momentos tensos e troca de acusações entre parlamentares. Segundo relatos de participantes, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), apontou o relator da Medida Provisória 664, deputado Carlos Zarattini (PT/SP), que não estava presente, como um dos principais responsáveis pelo resultado adverso na votação do fator previdenciário. Na avaliação do Planalto, quando declarou voto favorável à emenda que criou uma alternativa ao fator, Zarattini "passou a senha" de que o PT não votaria unido com o governo e de que haveria muitas defecções, abrindo uma debandada na Base. Guimarães comunicou na reunião que,  por sua rebeldia, Zarattini seria destituído da vice-liderança do governo. 
A postura de Zarattini - que já vinha sendo criticada  por ter flexibilizado demais a PM enviada pelo Executivo  foi amplamente questionada por outros lideres da base. Eles alegraram que não tiveram como cobrar fidelidade de suas bancadas com um petista (e relator da matéria) se manifestando contra a orientação do Planalto. Em outro momento de tensão, a líder do PCdoB, Jandira Feghali (RJ), reclamou de uma entrevista dada por Guimarães, na qual ele também teria jogado na conta do partido aliado - que votou em peso pela aprovação da emenda - a derrota do governo. O petista disse que os aliados precisavam ser governo "de manhã, tarde e noite", o que irritou os demais lideres da base e desencadeou uma outra discussão, desta vez com o líder do PDT, André Figueiredo (CE).Os petistas fecharam questão contra as duas medidas provisórias do ajuste fiscal e, sentindo a indireta, Figueiredo reclamou que havia informado há tempos a posição que seria tomada pela sua legenda.
Coube ao vice-presidente Michel Temer, que comandava a reunião, esfriar os ânimos e ressaltar que era preciso debater sobre como evitar a aprovação ontem de mais emendas que pudessem provocar mais despesas aos cofres públicos. No final foi fechado um acordo pelo qual as lideranças da base atuariam para manter o texto, o que acabou ocorrendo no plenário. Entretanto, os ressentimentos presenciados na vice-presidência, onde ocorrera o encontro, foram transferidos para a Câmara. O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), disparou contra Zarattini. "O que foi desleal? Foi a posição do PCdoB ou do PDT? Ou a posição do relator, na calada, na surdina, que aos 45 do segundo do tempo, votou contra o governo e favorável à emenda do deputado Arnaldo Faria de Sá", disse. Zarattini se defendeu: "Eu quero dizer ao deputado Rogério Rosso que nós não agimos na calada da noite.
Nós discutimos esse assunto, todo esse tempo, com a liderança do governo" afirmou. "Discutimos a todo momento e nunca deixamos de colocar a nossa posição nessa questão e a necessidade efetiva de se rever o fator previdenciário". Aos jornalistas, Zarattini relatou que a maioria da bancada petista era favorável à mudança do fator, mas preferiu acompanhar a orientação do governo.  O deputado disse que foi sugerido ao governo que se antecipasse à emenda do PTB, apresentando a fórmula 85/95. Zarattini, então, disse que renunciou ao cargo de vice-líder. Mas negou que ela tenha sido forçada: "Eu tomei a iniciativa de fazer isso"
Fonte: Bastidores do Estadão via internet em 15/05/2015 às 17:57 h
           Postado por  Iracema Alves - jornalista cadeirante

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