domingo, 31 de maio de 2015

BASTA DE FINGIR

Por Cristóvam Buarque *
"Fingimos ser ricos, apesar da pobreza; fingimos ser possível dar um salto à Universidade sem passar pela educação de base". Não damos atenção para o fato que temos 13 milhões de adultos prisioneiros do analfabetismo. 54%milhões de brasileiros com mais de 25 anos não concluindo o ensino fundamental; e 70 milhões não terminando o ensino médio. Fingimos que os matriculados estão estudando, embora passem meses sem aula por motivos diversos alheios à sua vontade. Fingimos que dando bolsa estamos erradicando a pobreza, embora na realidade estamos fazendo com que fiquem infantilizados, dependentes e continuando sem acesso aos bens e serviços essenciais que permanece fora do seu alcance.
Fingimos ter 94,9% milhões na classe média se estão com a renda mensal entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00 num país que não tem infraestrutura mínima de locomoção, assistência médica, educação básica, segurança e perspectiva de progresso, por esforço e mérito. Fingimos que estamos numa democracia quando temos 32 partidos políticos, 39 ministérios, ausência de isonomia salarial entre funcionários públicos federais concursados dos três poderes, padronizada em todo o país. Fingimos que podemos controlar a violência, corrupção, tráfico de drogas e contrabando, quando nossa fronteira seca e marítima não está adequadamente guarnecida
Queremos dar palpite errado no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) quando menos somos capazes de garantir segurança de nossos concidadãos dentro do próprio território nacional. Fingimos respeitar os índios, mas na realidade estamos estimulando e permitindo que eles não nos respeitem e se achem donos da terra porque não sabemos administrar a questão e permitimos que ONGs e seus Kits palmitem e perambulem à vontade por aqui. Fingimos aceitar que o legislativo e o judiciário votem seus próprios proventos e vantagens enquanto os da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e concursados do executivo ficam limitados a leis e regulamentos mutantes, sempre mais restritivos e humilhantes.
* Uma voz que não cansa de pregar no deserto do Senado Federal. Além de Prof. emérito das Universidades de Brasília,  São Paulo Capital, tem vários livros publicados cuja conteúdo recai sobre a Educação e seus princípios.

Fonte: PDT
Iracema Alves - jornalista cadeirante  

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