sábado, 26 de março de 2016

LIMITES DA BOÇALIDADE....

 
 
 
 
 
 
É próprio de uma democracia que cada cidadão seja livre para escolher suas posições políticas. ir a uma manifestação pré-impeachment da presidente Dilma Rousseff, participar de um evento pró-governo, advogar por uma causa no seu círculo de amigos, simplesmente torcer reservadamente por um determinado desfecho da crise ou mesmo manter-se indiferente a tudo o que se refere ao mundo político - a liberdade politica oferece muitas possibilidades ao cidadão. Essas possibilidades, no entanto, não incluem o uso dos órgãos públicos para fazer campanha político-partidária..
 
Uma ação assim seria evidente abuso, a tentar contra a isenção do Estado e a liberdade politica dos demais cidadãos. Mas foi o que ocorreu na sexta-feira, dia 18 de março, quando o Ministério das Relações exteriores (MRE) foi usado para enviar telegramas alertando para o risco de um golpe de Estado no País (grifos meus) No dia em que estavam previstas manifestações contrárias ao impeachment de Dilma, o diplomata Milton Rondó Filho - que é ligado a Miguel Rossetto, ministro do Trabalho, e já assessorou o MST - quis dar sua contribuição à causa petista e enviou, por meio da Secretaria de Estado de Relações exteriores do Itamaraty (Sere) mensagens de teor político-partidário a todas as embaixadas e representações do Brasil no exterior.
 
Expedida por volta do meio dia, a primeira mensagem solicitava a designação de um servidor - de preferência, um diplomata - para se responsabilizar por "apoiar adequadamente" o diálogo entre o Itamaraty, a sociedade civil brasileira e organizações locais. A segunda mensagem, enviada no meio da tarde daquele dia, retransmitia uma nota da Associação Brasileira de Organizações não Governamentais (Abong), com frases do seguinte calibre:"È momento de resistência democrática ! Não ao Golpe! Nossa luta continua". Horas depois de enviada a Secretaria-Geral do Itamaraty expediu um comunicado pedindo para "desconsiderar e tornar sem efeito as circunstâncias telegráficas 100.752.755". 
 
Mesmo assim, uma terceira mensagem de teor político-partidário foi enviada. O telegrama 100.757 reproduzia a Carta aos Movimentos Sociais da América latina, denunciando um "processo reacionário que está em curso no País contra o Estado democrático de Direito". Posteriormente, o Itamaraty informou que Rondó Filho foi "admoestado" e está impedido de emitir novas circulares. O episódio é grave. Além do evidente uso da máquina do estado para fins político-partidários, os membros da aloprada ação - seria bastante estranho achar que Rondó Filho atuou sozinho, sem nenhum respaldo do Palácio do Planalto,  ou do famoso assessor da  Presidente da República para assuntos internacionais  rebaixarem o  Brasil no plano internacional, como se o País não fosse suficientemente capaz de resolver seus assuntos internos.
 
 Além do episódio de patrulhamento ideológico e infantilismo internacional do funcionário do Itamaraty, a chanceler argentina, Susana Malcorra, declarou que o Mercosul pretende divulgar "o mais rápido possível" uma nota de apoio institucional do governo brasileiro. Segundo a chanceler, em caso de impeachment da presidente Dilma Rousseff e em virtude da cláusula democrática do bloco, o Brasil poderia "eventualmente" ser temporariamente desvinculado do Mercosul. É sintomático do estágio em que se encontra o governo Dilma Rousseff que vai buscar apoio no inconsistente bloco sul-americano. 
 
Nessas circunstancias, o desespero e a insânia dos lulopetista em vias de perder preciosas boquinhas poderiam mesmo levá-los a pedir apoio dos companheiros bolivarianos. essa gente, afinal, tenta fazer do Brasil uma república bananeira sobre a qual possam reinar, boçais e soberanos....
 
Fonte: Opinião do Jornal o Estado de S. Paulo em 26/03/2016
 
           Postado por
           Iracema Alves
           Jornalista cadeirante
      
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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