segunda-feira, 21 de março de 2016

NOVA AFRONTA AOS BRASILEIROS

Confirmada a nomeação de Lula não importa para qual Ministério, Dilma Rousseff esta abrindo mão, de fato, de sua condição de chefe do governo, como preço a pagar pela possibilidade de prorrogação do prazo de sobrevivência do PT no poder. Ao mesmo tempo, ao transferir o comando do País a seu padrinho - que no domingo passado, na forma do Pixuleco, foi um dos principais alvos das clamorosas manifestações de protesto que tomaram conta do País -,Dilma desmascara o preço que o lulopetismo alega ter pela "voz das ruas". Fazer de Lula ministro de Estado, neste momento, é afrontar os brasileiros. Mais uma vez. Afirmar que, uma vez ministro, Lula passará a governar de fato o País  não é exagero retórico, como certamente alegarão os petistas.
O desfecho natural da escalada por meio da qual Lula exigiu que Dilma, nos últimos meses, moldasse o Ministério segundo sua preferências  e conveniências. Assim, ela se livrou de ministros com os quais mais se identificava, mas forma condenados pelo PT: Pepe Vargas, da Secretaria de Relações Institucionais; Miguel Rosseto, da Secretaria-geral da Presidência; Joaquim Levy, da Fazenda; Aloizio Mercadante, da Casa Civil; e José Eduardo Cardozo, da Justiça. Finalmente, Lula e o PT se deram conta de que o problema não era a equipe, mas a própria Dilma. E, ao que tudo indica, o chefão do PT, docemente constrangido, acabará cedendo aos apelos da tigrada e assumirá o poder de fato como último recurso para salvar a si mesmo e a seu partido.
Estará sendo implantado no Pais, então, o tal semipresidencialismo que algumas sumidades lulopetista passaram a defender nos últimos dias, numa versão que concentrará nas mãos de Lula o poder politico e em particular o comando da politica econômica, restando a Dilma Rousseff  a pompa e circunstâncias necessárias para salvar as aparências. Poderá continuar pedalando todas as manhãs pelas vizinhanças do Palácio da Alvorada. Não há o que lamentar sobre o futuro imediato que parece reservado a Dilma Rousseff. Ela já está e continuará pagando o preço de sua inacreditável incompetência politica e gerencial, agravada pela teimosia, arrogância e prepotência que esconde sob o manto de uma falsa altivez.
Para Lula, torna-se ministro é mais que voltar ao poder. É obter foro especial - no caso, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir adotar o mesmo procedimento do mensalão, o foro privilegiado estará estendido a todos os demais implicados nesses processos, inclusive o clã Da Silva. Não é desprezível o peso dessa implicância judicial na decisão de Lula de superar sua "hesitação" e "aceitar" um Ministério. Mas isso não significa que ele se livrará da cadeia. Que o digam os "guerreiros do povo brasileiro", também conhecido como mensaleiros. É claro que uma vez ministro Lula colocará todo o peso de sua influência politica na tarefa de impedir o impeachment de Dilma. E terá à sua disposição todo o aparelho estatal, que usará com a desfaçatez que demonstrou cabalmente nos anos em que exerceu a Presidência. 
Mas isso não é tudo - o que significa que pode vir a ser coisa mais cabeluda por aí. Foram apresentadas a Dilma como conditio "sine qua non para a "aceitação" do cargo de ministro por Lula medidas que levarão a economia nacional para o subsolo da cova funda em que já nos meteram. Entende Lula, com o apoio do PT e das entidades que o partido controla, que é indispensável  agir rápida e vigorosamente em duas frentes: acabar com essa história de ajuste fiscal e promover a abertura de farto crédito para a compra de bens de consumo e investimentos em infraestrutura. Dinheiro para tudo isso? Dá-se um jeito, nem que seja metade a mão nas reservas internacionais. Se tudo isso de fato acontecer, o Destino, além de deixar órfãos os brasileiros, comprovará que Lula é bom proveta. Pois foi ele quem disse, em 1998: "No Brasil é assim: quando um pobre rouba, vai para a cadeia; mas quando um rico rouba, vira ministro".
"Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos"
  Eduardo Galeno
FONTE: Notas & Informações - Jornal o Estado de S. Paulo- data atualizada: 21/03/2016 às 18h17
Postado por
Iracema Alves
Jornalista cadeirante
  
  
   


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