"Diálogo com o Judaísmo: Rute, Modelo de Acolhida"
Na tradição judaica, fala-se de Chésed, ou seja, de obras que vão além das necessidades materiais e envolvem a tentativa de compreender as necessidades até mesmo psicológicas do próximo. Na tradição cristã, recorre-se à expressão "atos gratuitos de amor e misericórdia" capazes de traduzirem para uma caridade que não conhece fronteiras humanos ou geográficos. É o coração do Livro de Rute, no centro da 28ª Jornada para o Aprofundamento e o desenvolvimento do Diálogo entre Católicos e Judeus, que se celebra nessa terça feira na Itália. Um compromisso que se insere "em um período histórico em que se vê, de um lado, a multiplicação de iniciativas de diálogo (e não apenas o mundo judaico).
De outro lado, uma espécie de fechamento preconceituoso, sempre à espreita, sempre perigoso e, especialmente, sempre absolutamente estéril, explica o diretor do Escritório Nacional da Conferência Episcopal Italiana (CEI) para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religiosos, Pe. Cristiano
Bettega, na apresentação do subsídio para a jornada. Uma publicação que é um debate e duas vezes sobre o Livro de Rute entre bispo de Frosinone-Veroli-Ferretei e Diálogo, e o rabino-chefe de Milão, Afonso Ardib, presidente da Assembléia dos Rabinos da Itália. No ano passado, oi concluído o itinerário de dez anos sobre o Decálogo, que tinha servido de fio condutor para a jornada.
"Para os próximos cinco anos - afirma Sperafico - optamos por impor à reflexão comum num trecho tomado de cinco livros que, Bíblia judaica, constituem as cinco megillor (rolos): Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes Lamentações, Ester." Arbib apresenta "O Livro de Rute," desde os tempos dos Gheonim, é lido de costume durante a festa de Shavuot, isto é, a festa de Mattán Torá (o dom da Torá). O texto é a história de uma mulher estrangeira - modelo de piedade - que se casou com o filho de uma belemita, Noemi, que tinha deixado a terra de Israel por causa de um período de fome e tinha emigrado para Moab.
"O midrash - recorda o rabino - defende que a fome não havia atingido a sua família, que era muito rica e importante.
O que leva a emigrar é o temor de ter que assumir a reponsabilidade de se ocupar das pessoas atingida pela fome, de ter que dar o que comer ou um teto para os pobres se protegerem. Do ponto de vista da norma legal, a escolha é legítima, mas o midrash pede para ir além da norma escrita". De acordo com o bispo, estamos diante de "uma história tão atual que nos coloca em contato com o drama da imigração de tantas mulheres e homens que fogem dos seus Países não só por causa das guerras, mas também por causa da pobreza e da impossibilidade de prover o futuro das suas famílias".
Rute, tendo-se tornado viúva, permanece ao lado da sogra Noemi, assim que esta última decide voltar para sua terra natal. "Ela a segue quando retorna para Belém pobre, humilhada", ressalta Arbib. "E se identifica completamente com a sogra e com o seu povo, convertendo-se ao judaísmo e dizendo: 'O teu povo é meu povo, o teu Deus é o meu Deus'. Trata-se de um exemplo de Chésed, de proximidade e ajuda. Spreafico ressaltou: "Rute faz um ato de misericórdia, não deixando sua sogra na solidão e em um destino incerto. Isso atrai sobre ela a bênção do Senhor e a benevolência dos homens. gestos de amor abrem a vida dessas duas mulheres a um futuro cheio de esperança.
Deus parece guiar a história dessas duas mulheres para a acolhida e a inclusão". É fundamental no livro o encontro entre Rute e o israelita Boaz. "Com Chésed - observa o rabino - comporta-se Boaz, que permite Rute colha no seu campo, apesar de ser estrangeira. Mas ele faz um ato de Chésed ainda maior casando-se com Rute e dando uma descendência à casa de Noemi." Para Spreafico, emerge a preocupação de "não exclusão", de "integrar também o estrangeiro, junto com as outras pessoas frágeis econômicas
e socialmente, como os escravos, o órfão e a viúva". O texto esconde uma tradição bíblica interessante que abre à solidariedade também para com aqueles que não fazem parte do povo de Deus". Assim, conclui o rabino-chefe de Milão, "o Livro de Rute nos indica uma das direções em que o diálogo pode se desenvolver: a da solidariedade para com o próximo, que pode ser comum às várias religiões, mas, acima de tudo, ao judaísmo e ao cristianismo, que vêm de uma raiz comum e que têm no principio 'ama o teu próximo como a ti mesmo' um elemento essencial.
"A esperança é o único bem comum a todos os homens; aqueles que na têm - ainda a possuem". Tales de Mileto
Iracema Alves
jornalista e gestora cadeirante
"Para os próximos cinco anos - afirma Sperafico - optamos por impor à reflexão comum num trecho tomado de cinco livros que, Bíblia judaica, constituem as cinco megillor (rolos): Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes Lamentações, Ester." Arbib apresenta "O Livro de Rute," desde os tempos dos Gheonim, é lido de costume durante a festa de Shavuot, isto é, a festa de Mattán Torá (o dom da Torá). O texto é a história de uma mulher estrangeira - modelo de piedade - que se casou com o filho de uma belemita, Noemi, que tinha deixado a terra de Israel por causa de um período de fome e tinha emigrado para Moab.
"O midrash - recorda o rabino - defende que a fome não havia atingido a sua família, que era muito rica e importante.
O que leva a emigrar é o temor de ter que assumir a reponsabilidade de se ocupar das pessoas atingida pela fome, de ter que dar o que comer ou um teto para os pobres se protegerem. Do ponto de vista da norma legal, a escolha é legítima, mas o midrash pede para ir além da norma escrita". De acordo com o bispo, estamos diante de "uma história tão atual que nos coloca em contato com o drama da imigração de tantas mulheres e homens que fogem dos seus Países não só por causa das guerras, mas também por causa da pobreza e da impossibilidade de prover o futuro das suas famílias".
Rute, tendo-se tornado viúva, permanece ao lado da sogra Noemi, assim que esta última decide voltar para sua terra natal. "Ela a segue quando retorna para Belém pobre, humilhada", ressalta Arbib. "E se identifica completamente com a sogra e com o seu povo, convertendo-se ao judaísmo e dizendo: 'O teu povo é meu povo, o teu Deus é o meu Deus'. Trata-se de um exemplo de Chésed, de proximidade e ajuda. Spreafico ressaltou: "Rute faz um ato de misericórdia, não deixando sua sogra na solidão e em um destino incerto. Isso atrai sobre ela a bênção do Senhor e a benevolência dos homens. gestos de amor abrem a vida dessas duas mulheres a um futuro cheio de esperança.
Deus parece guiar a história dessas duas mulheres para a acolhida e a inclusão". É fundamental no livro o encontro entre Rute e o israelita Boaz. "Com Chésed - observa o rabino - comporta-se Boaz, que permite Rute colha no seu campo, apesar de ser estrangeira. Mas ele faz um ato de Chésed ainda maior casando-se com Rute e dando uma descendência à casa de Noemi." Para Spreafico, emerge a preocupação de "não exclusão", de "integrar também o estrangeiro, junto com as outras pessoas frágeis econômicas
e socialmente, como os escravos, o órfão e a viúva". O texto esconde uma tradição bíblica interessante que abre à solidariedade também para com aqueles que não fazem parte do povo de Deus". Assim, conclui o rabino-chefe de Milão, "o Livro de Rute nos indica uma das direções em que o diálogo pode se desenvolver: a da solidariedade para com o próximo, que pode ser comum às várias religiões, mas, acima de tudo, ao judaísmo e ao cristianismo, que vêm de uma raiz comum e que têm no principio 'ama o teu próximo como a ti mesmo' um elemento essencial.
"A esperança é o único bem comum a todos os homens; aqueles que na têm - ainda a possuem". Tales de Mileto
Iracema Alves
jornalista e gestora cadeirante
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