terça-feira, 6 de dezembro de 2016

 
 
 
 
 
A Reafirmação de Temer
 
 
O presidente Michel Temer reafirmou sua autoridade e compromisso com o programa de ajuste e reformas, ao repelir as tentativas de enfraquecer  o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. As manobras intensificaram  na semana passada, com participação de  aliados importantes, tanto do PMDB quanto do PSDB. A reação às pressões era indispensável. Contemporizar teria sido uma enorme imprudência. Qualquer hesitação poria em risco a posição da equipe econômica, especialmente a de seu líder,  e também a de seu chefe de governo como orientador principal das ações do Executivo. Limitar-se a reiterar a confiança no ministro da Fazenda soaria como formalidade e seria insuficiente. 
 
Além de afirmar seu "total apoio" a Meirelles, o presidente negou de forma explicita a intenção de repartir o comando da politica econômica. Com destaque nos meios de comunicação, a ideia de um comando compartilhado havia circulado com força na quinta e sexta feira, como forma de participação do PSDB no governo. Além de rejeitar essa  possibilidade, o presidente anunciou a decisão de efetivar como ministro do Planejamento o interino Dyogo Oliveira. Esse Ministério, segundo se comentava entre aliados, deveria ser o caminho de ingresso do PSDB na área econômica. Seria esse o primeiro passo para participar  da formulação da politica.
 
Essas decisões do presidente foram inicialmente interpretadas, em Brasília, com um trabalho de blindagem da equipe econômica. Muito mais que isso, no entanto, foram uma operação de blindagem da Presidência da República. O presidente Michel temer já havia programado o envio ao Congresso, em poucos dias, da proposta de reforma da Previdência, um dos itens politicamente mais complicados de sua agenda - apesar da necessidade evidente de uma revisão das condições da aposentadoria. Ao reagir às pressões, ele anunciou também  a apresentação em breve, de um pacote de medidas para estímulo ao crescimento.
 
Algumas ações com possíveis efeitos  em prazos muito curto, como novos estímulos à construção habitacional, já foram apresentadas. Mesmo sem a pressão da crise econômica, haveria uma enorme pauta de medidas para melhorar o ambiente de negócios e  favorecer ganhos de produtividade. Pode-se remover boa parte dos entraves à competividade brasileira com ações no campo microeconômico. Algumas, como a redução de obstáculos   burocráticos, pode ser muito simples e só depende da vontade de promover mudanças. Outras, como a reforma trabalhista,  são mais sujeitas a polemicas  e dependem de convicção, firmeza e capacidade de liderança.
 
Esse assunto deve estar na agenda presidencial,   até por ser um componente indispensável  de qualquer programa razoavelmente realista de modernização do País. As pressões quanto a equipe econômica  intensificaram-se depois de publicado o balanço da atividade no terceiro trimestre, com a afirmação - amplamente esperada - de prolongamento da recessão. As manobras,  dirigidas principalmente contra o ministro da Fazenda, são ditadas, de forma inconfundível, por interesses eleitorais. É preciso ter predicados de estadista para apoiar, como membro de governo ou como seu aliado, medidas de ajuste politicamente difíceis  e às vezes venosas.
 
É hora de preservar, disse ontem o ministro da Fazenda, falando sobre o avanço, passo a passo, do indispensável ajuste. Seria um erro muito grave desistir do conserto das contas públicas neste momento. O Brasil, argumentou, está cansado de medidas precipitadas.  Poderia ter simplesmente afirmado: o País vem pagando muito caro por ações populistas, mal concebidas, sem  mistificação e compatíveis com a arrumação da economia. este é o desafio real. O resto é jogada de efeito curto e enorme  custo potencial.
 
Editor Responsável : Antonio Carlos Pereira
 
Redatora do Blog  (Código de assinante do Estadão: 11707289)
Iracema Alves
jornalista e Gestora cadeirante
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
    
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
    

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