O presidente Michel Temer precisa afirmar com clareza, em beneficio do País e do governo, prorrogativa exclusiva de nomear e demitir ministros. Há uma evidente manobra para enfraquecer o ministro da Fazenda Henrique Meirelles, e substituir seu programa de ajuste por uma politica de crescimento imediato. Se admitir essa tentativa de fritura, o chefe de governo cometerá mais um erro sério e comprometerá sua autoridade. Nesse caso porá igualmente em risco as metas mais importantes de sua administração. O custo maior desse fracasso será pago pelos cidadãos. Tentativas de enfraquecer o ministro da Fazenda já haviam ocorrido, com envolvimento de aliados. e de pessoas próximas do presidente. A manobra converteu-se noticiário de grandes jornais logo depois da publicação do balanço econômico do terceiro trimestre.
O prolongamento da recessão por sete trimestres consecutivos é apenas uma parte do quadro. O cenário mais detalhado inclui o desemprego de 13 milhões de pessoas, assim como o desalento de trabalhadores sem disposição, neste momento, de sair em busca de uma vaga. Além disso, as primeiras informações a respeito da atividade econômica em outubro, inicio do quarto trimestre, confirmam um fim de ano com o País ainda encalhado. A produção industrial voltou a recuar em outubro. Foi 1,1% menor que no mês anterior e 7,3% inferior à de u ano antes. De janeiro a outubro, a indústria produziu 7,7% menos que nos meses correspondentes de 2015. Além disso, as contratações do comércio para o fim do ano têm sido fracas e tudo indica, até agora, um Natal de vendas modestas. Não há portanto, neste momento, sinais de recuperação a curto prazo.
As perspectivas são de atividade ainda muito baixa por algum tempo e ninguém pode dizer com alguma segurança quando ocorrerá a virada. O governo já reduziu por 1% sua projeção de crescimento econômico e m 2017 e tudo indica um novo ano muito difícil, mesmo para o comprimento do programa de ajuste das contas públicas. Os números ainda ruins do terceiro trimestre eram esperados e trouxeram pouca - talvez nenhuma - surpresa. Mas aliados do governo e pessoas com acesso ao presidente reagiram como se o noticiário houvesse revelado uma catástrofe inesperada. Há de fato problemas sérios e é preciso trabalhar mais cuidadosa e intensamente para chegar mais prontamente ao ponto de virada, mas isso é apenas um componente de um problema bem mais amplo. Se esse desafio maior for ignorado e o governo sair em busca de soluções de curtíssimo prazo, as condições do País certamente se agravarão e o Brasil cairá mais alguns degraus na escala internacional de risco de crédito.
Se perder a calma e se deixar levar por essa onda, o presidente Michel Temer seguirá o caminho desastroso de sua antecessora. É hora, sim, de pensar em medidas para uma reativação mais pronta da economia, mas sem renunciar ao trabalho de arrumação das finanças públicas e à implementação de um agenda de reformas. Apressar as licitações na área de infraestrutura é uma necessidade indiscutível. Não se pode contar de imediato nem com a reação do consumo nem com a recuperação do investimento privado. Pode ser o caso de redesenhar a estratégia e de refazer o cronograma das metas e, portanto, das ações, mas qualquer mudança, ninguém deve ignorar, pode comprometer a confiabilidade do governo.
Se o presidente quiser ampliar a mesa de discussões, convidando economistas de grande reputação para colaborar; deverá fazê-lo sem submeter a imagem e a posição do ministro da Fazenda a joguinhos políticos. Os problemas de fato importantes vão muito além de pessoas e nomes. Arrumar o País e recriar as condições de crescimento num prazo razoável são desafios enormes. Mas o desafio preliminar para o presidente, neste momento, é afirmar sua autoridade e sua responsabilidade pelas ações de seu governo. Sem isso, o País ficará sujeito aos arranjos ditados pelos interesses de políticos mais preocupados com suas carreiras de que com o Brasil.
Pergunto: Câmara e Senado necessariamente têm que haver alguns interesses nas escolhas que nós, eleitores, deixamos nas urnas elétricas ou não. Faremos um teste em 2018 testando a Lei da Ficha Limpa. Eu e uma equipe de 50 pessoas vamos duas vezes por semana no TSE - Tribunal Supremo Eleitoral. Esse trabalho é gratuito não tem corrupção, nem fuga. Gostaria de parabeniza-los por serem nossos representantes. No entanto, cada dos senhores nos esquece assim que eleitos.
Iracema Alves
jornalista e Gestora cadeirante blog; http://iragaivota.blogspot.com.br.
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