sexta-feira, 6 de maio de 2016

O 'REI' ESTÁ NU




 
Mais de dez anos depois de iniciadas as investigações sobre o escândalo do mensalão que levaram ao Supremo Tribunal Federal (
STF) a condenar por corrupção a cúpula que então dirigia o PT, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, finalmente anunciou o que todos os brasileiros sempre souberam: Luiz Inácio Lula da Silva é o chefe da "organização criminosa" que desde o inicio de seu primeiro mandato na Presidência da República tomou de assalto a administração federal para perpetuar o PT no poder. Lula, garante Janot, é o chefão que "mantém o controle das decisões mais relevantes, inclusive no que concerne às articulações espúrias para influenciar o andamento da Operação Lava Jato, junto à sua nomeação ao primeiro escalão ( como chefe da Casa de Dilma), à articulação do PT com o PMDB".
 
Janot foi categórico: "essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse", È uma acusação extremamente grave, embora nada surpreendente , escorada na autoridade do chefe do Ministério Público Federal e nas extensas e minuciosas investigações que a força tarefa da lava Jato desenvolve há mais de dois anos. O chefe do Ministério Público Federal encaminhou à Operação Java Jato: a denúncia contra Lula no inquérito que investiga a tentativa de comprar do ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró, já condenado pelo juiz Sérgio Moro; o pedido de inclusão do nome do ex-presidente no "inquérito mãe", daquela operação, com mais de 29 investigados, inclusive componentes do primeiro escalão do atual governo. E, finalmente, o pedido de autorização para abertura de inquérito destinado a investigar a participação da presidente Dilma Rousseff de Lula e do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, em tentativa de obstrução da Justiça.  
 
Essas iniciativas do procurador-geral da República, há algum tempo esperadas e anunciadas às vésperas da decisão do Senado, que pode afastar Dilma Rousseff provisoriamente do governo enquanto o processo do impeachment é julgado naquela Casa do Congresso, tiveram na cena política o forte impacto que se poderia imaginar, em desfavor da chefe do governo. É inevitável que Dilma Rousseff tenha a imagem de probidade que insiste em alardear de algum modo enodado pela suspeita de comportamento elícito que parte não da oposição, mas do  comando da importante instituição da República que tem, entre outra, a responsabilidade de investigar e denunciar desvios de conduta de autoridades federais.
 
O Pais vive um delicado momento de transição. Está em jogo uma renovação de comando na qual a maioria esmagadora dos brasileiros deposita a esperança de dias melhores, se não pelo entusiasmo despertado pelos prováveis  novos governantes, ao menos pelo enorme alívio que significa o afastamento dos  responsáveis pelo atual caos econômico e, consequente, sofrimento social. Note-se que é tal o desprestigio de Lula, de Dilma e da tigrada que o avanço das investigações da Lava Jato e operações congêneres nem de longe oferece o risco de tumultuar e complicar ainda mais o ambiente politico, em prejuízo da estabilidade que é condição essencial ao esforço de união nacional que o momento reclama. 
 
Ao contrário, a Lava Jato tende a aliviar, na alma e na mente do povo brasileiro, o peso que carrega de ter-se deixado iludir por gente que se dedicou sistematicamente a roubar o Tesouro. É assim que a Nação absorve com serenidade o impacto de revelações chocantes embora, vala e repetir, nada surpreendentes, pelo menos para pessoas minimamente informadas - como a de que o maior mito político do Brasil contemporâneo é o chefe daquela quadrilha.
Esta triste história vinha se arrastando há pelo menos uma década. Mas, "o rei" esta nu. (grifos meus). E isso alimenta vorazes e caiados, também sejam despidos.
 
"Toda empresa precisa ter gente que erra que não tem medo de errar e que aprende como erro"    Bill Gates 
 
FONTE - OPINIÃO - JORNAL O ESTADO  DE PAULO  DIGITADO EM 05/05/2016 ÁS 13H36
                 Iracema Alves
                 Jornalista cadeirante                              
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



Nenhum comentário:

Postar um comentário